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Carros sem motorista trazem novos padrões para fabricantes de autopeças

Publicado em 05/01/2016

A direção é um dos elos na cadeia que precisa se adaptar à nova tendência

Fonte: Exame

A empresa japonesa que revolucionou a indústria automobilística ao inventar a direção hidráulica elétrica agora está na contramão da mais recente inovação da tecnologia: os carros sem motorista.

A inovação da Jtekt Corp. há quase três décadas superou a tradicional tecnologia hidráulica e possibilitou que a empresa se tornasse uma das maiores fornecedoras da Toyota Motor Corp. e de outras fabricantes de automóveis. A empresa já produziu mais de 100 milhões de unidades e arrebata um quarto do mercado global. Tetsuo Agata, presidente da empresa com sede em Osaka, teme que, se sua empresa não criar um produto para carros sem volante, ela poderia acabar sem nenhum cliente.

“Vamos perder a base do nosso negócio”, disse Agata, 62, em uma entrevista na cidade de Nagoya. “Vamos fechar se não conseguirmos recuperar terreno. Estou sentindo que vamos passar por uma forte crise”. A direção é um dos elos na grande cadeia de fornecimento de autopeças que está precisando se adaptar para sobreviver às novas tecnologias e às empresas que estão mudando a cara da indústria automobilística.

Fabricantes tradicionais, como Toyota e Nissan Motor Co., agora competem com recém-chegados, como Tesla Motors Inc., Google Inc. e Uber Technologies Inc. Toyota e Nissan estão correndo para desenvolver carros com capacidade de direção automática limitada em estradas já no próximo ano; Google e Uber estão competindo para colocar carros sem motorista em vias públicas. “Vários fornecedores de peças serão afetados pela mudança para a condução autônoma”, disse Goro Tanamachi, analista da IHS Automotive. Assim como a direção, também freios, transmissões e outras peças de tração poderiam ser completamente modificados, disse.

Novo padrão

Agata acha que os sistemas steer-by-wire, em que o software transmite sinais para motores elétricos que movem as rodas, serão a norma e, se a Jtekt não estiver na vanguarda desse desenvolvimento de software, poderia ficar para trás. “O que não podemos perder é o software de controle” para sistemas de direção, ele disse. “Se perdermos nesse campo, não conseguiremos continuar”.

Para isso, ele está enviando pesquisadores a universidades e laboratórios para que eles atualizem seus conhecimentos e está pensando na aquisição de empresas com tecnologia especializada, afirmou Agata. Ele quer triplicar sua equipe de pesquisa externa, dos menos de 10 agora para até 30, ao mesmo tempo em que aumenta os gastos de capital em cerca de 17 por cento, para 80 bilhões de ienes (US$ 660 milhões) no ano fiscal de 2016.

Se o fornecedor japonês não conseguir se manter, ele poderia sofrer o mesmo destino que acometeu seus concorrentes há quase 30 anos.

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