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Aços especiais e impressão 3D atraem setor automotivo

Publicado em 20/07/2015

P&D avança em materiais, mas depende de equipamentos de teste importados

Fonte: Automotive Business

Enquanto a indústria automobilística avança no projeto e manufatura de seus produtos, um dos principais desafios para designers e engenheiros é obter ganhos na área de processos e materiais, com a busca de insumos de melhor desempenho, mais leves, para reduzir peso e consumo de combustível, ou capazes de acelerar processos de fabricação. A Ford dá o exemplo dessa corrida em pesquisa e desenvolvimento: venceu as 24 Horas de Daytona deste ano, com a equipe Chip Ganassi, nos Estados Unidos, usando um coletor de admissão feito em impressora 3D no motor EcoBoost 3.5, utilizando difusores de fibra de carbono. A impressão 3D progride, conquistando novas aplicações, embora ainda ocorram dificuldades para implementar a produção em massa com materiais sofisticados.

As novidades são boas também nas áreas de metais, plásticos, borracha, vidro e fibras naturais. Os aços especiais estão em destaque. “Hoje, temos no Brasil, aços com resistência de até 1.500 megapascals, que é o nível disponível em qualquer parte do mundo”, disse Jesse Paegle, responsável pela organização do Simpósio SAE Brasil Car Body 2015, realizado em junho no IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em São Paulo. Hoje, segundo a SAE Brasil, uma carroceria tem 8% a 10% de aços de alta resistência embarcados. No próximo grande volume de lançamentos, que deve ocorrer entre 2018 e 2020, o porcentual deverá chegar a 25% em virtude das demandas por redução de peso e melhoria de desempenho e segurança.

O alumínio também conquista aplicações nos novos veículos, tornando-se uma alternativa para redução de peso e contribuindo para ganhos de eficiência energética. Victor Breguncci, coordenador do Comitê de Transportes da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) revela que na última década o consumo doméstico de alumínio em automóveis cresceu em média 3,5% ao ano e garante que existe um mercado potencial enorme a ser explorado. Devem contribuir para essa evolução a chegada de montadoras premium como Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover, que tendem a adotar o alumínio nos veículos produzidos no País. A Abal observa também que o Inovar-Auto já traz benefícios para o setor, com a migração de blocos de motor para o material, que é mais leve do que o aço.

Teste de desempenho

Os artigos na revista Automotive Business apontam a evolução das matérias-primas automotivas e também como avaliar seu desempenho por meio de instrumentos de teste, como equipamentos para metrologia, com perfilômetro, rugosímetro e autocolimadores. Avaliar o acabamento de materiais e componentes ou sua resistência às intempéries, fazer medições com precisão, determinar a composição ou fotografar um processo de forma ultrarrápida.

Essas são especialidades das empresas filiadas à Ametek, fabricante global de instrumentos eletrônicos e eletromecânicos com sede em Indaiatuba (SP). A maioria dos equipamentos comercializados pela empresa é importada e atende os mercados automotivos, de óleo e gás, energia, aeroespacial e defesa, além de universidades e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento. “Distribuímos equipamentos voltados para instrumentação analítica de processos, teste, calibração e medição”, esclarece Graziela Giusti, gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Ametek. O grupo é constituído por empresas como a Vision Research (câmaras digitais de alta velocidade e ultra slow motion), Spectro (instrumentação espectroscópica atômica, para analisar a composição elementar de sólidos e líquidos), Atlas (equipamentos para simular condições climáticas, reproduzindo orvalho, chuva ou névoa de forma acelerada), Edax (espectrometria), Zygo (instrumentos de metrologia óptica) e Taylor Hobson (metrologia).

A Taylor Hobson fornece sistemas de medição para montadoras e autopeças utilizarem na avaliação do acabamento de superfícies e formas circulares, determinando a rugosidade. “Os equipamentos que oferecemos são trazidos da Inglaterra”, explica o gerente Marcello Bulhões Montagnana. As principais aplicações estão em peças pintadas e componentes do powertrain, como motor e transmissão. Outro cliente importante para a empresa são instituições de ensino e pesquisa, incluindo laboratórios. Como regra geral, equipamentos de pequeno porte estão disponíveis para pronta entrega, enquanto os maiores exigem prazos de 30 a 120 dias para chegar do exterior.

Resistência às intempéries

A Atlas, que a exemplo da Taylor Hobson atua no Brasil sob o guarda-chuva da Ametek, fornece equipamentos para realização de ensaios que simulam a resistência e o comportamento de materiais sob o efeito do meio ambiente. No País, os principais clientes são laboratórios especializados que atendem as montadoras e empresas de autopeças. No exterior, a centenária Atlas se encarrega, muitas vezes, de conduzir os próprios ensaios, que podem ser feitos em condições normais ou aceleradas, sob condições severas de intemperismo, reproduzindo por exemplo climas desérticos ou glaciais.

“Praticamente todos os materiais utilizados pela indústria automobilística precisam ser avaliados para previsão de sua aplicação nos veículos”, observa Ronaldo Tezuka, gerente da empresa. Calor, umidade e radiações solares afetam vidros, borrachas, plásticos, metais e tecidos utilizados em bancos e painéis.

Assim como os equipamentos da Taylor Hobson, os produtos da Atlas são importados e, como regra geral, não têm similares nacionais. O processo de importação leva cerca de três meses e não escapa da burocracia alfandegária para compras no exterior.

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