Publicado em 28/05/2015
Fonte: Automotive Business
A Fiat Chrysler Automobiles (FCA) confirmou em 27 de maio, que está em negociações avançadas com mais duas dezenas de empresas fornecedoras de peças e serviços que até o início de 2017 deverão se instalar em dois novos parques industriais a poucos quilômetros do Polo Automotivo Jeep, inaugurado há cerca de um mês em Goiana (PE). A montadora informa ainda que, desse bloco de 20 fornecedores, 11 já negociam diretamente suas instalações com os administradores dos condomínios industriais, o Cone Goiana, distante 13 km, e o Armazenna Itapissuma, a 20 km.
Um polo interno de 16 fornecedores já está em operação em 12 prédios localizados dentro do mesmo terreno da fábrica de Goiana, fornecendo atualmente 17 linhas de produtos que compõem 40% dos componentes necessário à montagem dos veículos. Neste caso, a FCA dividiu o investimento de R$ 2,1 bilhões, bancando cerca de R$ 1 bilhão para construir todas as instalações industriais do parque de fornecedores. Agora será diferente. Os dois empreendedores vão contratar cerca de mil operários para realizar a construção dos complexos industriais, logístico e de serviços entre o fim de 2016 e o primeiro trimestre de 2017, com custo estimado de R$ 150 milhões. As empresas vão alugar os prédios dos dois condomínios, empregando cerca de 1,5 mil pessoas, mais de 90% de moradores da região da Zona da Mata Norte, região onde Goiana está localizada. O investimento dos fornecedores diretos da FCA em equipamentos trazidos para Pernambuco está calculado em R$ 300 milhões.
“No parque de fornecedores internos os prédios são ativos nossos e as empresas trouxeram seus equipamentos. Nos dois parques externos não temos ativos próprios. Nós funcionamos como um catalisador, fizemos um memorando de entendimento com os dois administradores dos condomínios e colocamos as empresas interessadas para conversar com diretamente com eles”, explica Antonio Damião, diretor de gestão de projetos estratégicos da FCA, principal arquiteto do plano de construção da cadeia de suprimentos da montadora em Pernambuco.
Componentes e serviços estratégicos
Segundo Damião, as negociações com os que querem se aproximar de Goiana são feitas com blocos de 10 a 15 fornecedores por vez. A grande maioria já fornece para o Polo Automotivo Jeep. O foco agora está em promover a aproximação de componentes e serviços estratégicos, que precisam estar perto da fábrica. “Em primeiro lugar, estamos selecionando as linhas de produtos que queremos atrair para nosso entorno, bem como definindo quais fornecedores de primeiro, segundo e terceiro nível terão papel essencial. Também consideramos estratégico atrair empresas especialistas em manutenção com padrão de classe mundial, para dar suporte a todo o polo”, destaca Damião.
“Nosso objetivo não é trazer grande quantidade de empresas. Estamos sendo estratégicos, atraindo aqueles que têm flexibilidade, podem fornecer com qualidade e logística just in time e just in sequence. São componentes que podem vir direto para nós ou para nossos fornecedores. Não há sentido em se fazer uma peça aqui que precisa receber acabamento a 3 mil quilômetros de distância para depois voltar à linha de montagem. Precisamos eliminar esses custos”, esclarece o executivo.
Justamente para evitar esses elevados custos logísticos, alguns desses fornecedores já estão operando em instalações temporárias em Pernambuco e agora negociam o aluguel de espaços dentro de um dos dois parques externos. A ideia, de acordo com Damião, é agrupar empresas de forma complementar, formando clusters especializados. Por exemplo, um centro de usinagem será localizado junto com empresas que produzem ou fazem manutenção de ferramental, como moldes de injeção de plástico ou de estamparia de aço.
O mesmo conceito de proximidade funciona para serviços como operação de equipamentos específicos de metrologia ou manutenção de maquinário e ferramentais. “Queremos ter perto da fábrica o que chamamos de manutenção diferenciada. Não seria viável ter de parar uma máquina e manda-la para o Sul do País para fazer qualquer tipo de calibração, programação ou reparação. Então estamos atraindo esses fornecedores de serviços específicos para Pernambuco, que podem atender a FCA diretamente, nossos fornecedores nos parques internos e externos e, eventualmente, também podem fornecer a outras indústrias da região para tornar mais atrativa a vinda para perto de Goiana”, explica Damião.
“Pernambucanização”
“Nossa intenção é acelerar e reforçar a pernambucanização de nossa cadeia, assim como foi feita a mineirização de fornecedores a partir de 1989 na fábrica da Fiat em Betim”, compara Damião. “Só que em Minas Gerais, onde hoje estão 61% dos fornecedores em um raio de 150 quilômetros da planta, esse processo demorou bem mais do que deve demorar em Pernambuco”, afirma.
Como muitos fornecedores vão fornecer uns aos outros, o diretor diz que ainda não é possível calcular qual será o porcentual de localização (ou “pernambucanização”) de componentes usados nos veículos fabricados em Goiana. “Mas temos certeza que vamos atrair muito mais gente para cá em velocidade bem maior do que aconteceu com a Fiat em Betim. O fato de já ter a fábrica em operação, com planos de expansão contínua, dá confiança aos fornecedores, que querem vir”, afirma.
Os principais processos de fornecedores de material direto que vão se instalar nos novos parques externos incluem injeção de peças plásticas, co-injeção, extrusão, peças estampadas, conjuntos soldados, pintura, conjuntos extrudados de borracha, montagens, estocagem e sequenciamento. Os serviços de manutenção serão voltados para ferramentas (estampos e moldes de peças plásticas), equipamentos, dispositivos, embalagens e racks, predial e utilidades, peças de reposição, centro de usinagem, centro de try out (testes de prensas e injetoras), sala metrológica e placas PLC (Controlador Lógico Programável).
Veja abaixo o que fazem as 11 empresas que já estão negociando localizar suas instalações nos dois novos parques externos de fornecedores próximos de Goiana:
• Usimequi (Pernambuco, Brasil) – Serviços de manutenção de ferramentas
• Baterias Moura (Pernambuco, Brasil ) – Baterias e serviços
• Hutchinson (França) – Guarnições de borracha (partes móveis e vidros)
• Sulbras (Rio Grande do Sul, Brasil) – Door Plate (T2, fornece para a Brose no parque interno de fornecedores), Co-Injeção do Front End Model (T2, fornece para a Denso)
• Belga Matrizes (Rio Grande do Sul, Brasil) – Manutenção de moldes de injeção
• Autometal (Espanha) – Peças plásticas
• Comau (Itália) – Linhas de solda para a funilaria Jeep e linhas de solda para a Magnetti Marelli Welding no parque interno de forneceodres
• Nakayone (Espanha) – Estampagem e solda
• Hexagon Metrology (Suíça) – Equipamentos de medição para Centro de Componentes e Serviços de medição
• Sofir (Itália) – Instalação de prensas Komatsu e manutenção dos estampos
• Benteler (Alemanha) – Estampados a quente (hot stamping)
Os administradores dos novos condomínios de fornecedores:
• Armazenna Itapissuma – É uma sociedade formada pela GL Empreendimentos e pela Cavalcanti Petribu Empreendimentos. A GL é um grupo pernambucano com atuação nos segmentos de complexos industriais, logísticos e de serviços, shopping centers, energia, indústria de alimentos e empreendimentos imobiliários. O grupo Cavalcanti Petribu atua nos segmentos sucroenergético (açúcar, etanol e energia), tratamento e destinação final de resíduos e empreendimentos imobiliários.
Cone Goiana (Condomínio de Negócios) – Foi criado em 2010 da parceria da Conepar - Moura Dubeux Engenharia com o Fundo de Infraestrutura gerido pela Caixa Econômica Federal (FI-FGTS). Hoje, depois de quatro anos, conta com 600 mil m² sob sua gestão. O seu negócio é prover soluções integradas de infraestrutura industrial e logística multimodal sob medida para os clientes, atuando próximo a portos, aeroportos e polos de desenvolvimento. Seus principais empreendimentos em operação são Cone Suape (Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco) e Cone Aratu (Simões Filho, Bahia).
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