Publicado em 15/04/2015
Fonte: Carpress UOL
Com visual atualizado e tempero brasileiro, o Chery Celer nacional chega às lojas nesta semana com motor 1.5 flex de até 113 cv nas versões hatch e sedã, com preço partindo de R$ 38.990 e R$ 39.990, respectivamente.
Esse valor é válido para a nova versão de entrada. Pela top de linha Act pagam-se mais R$ 2.000. O preço inclui rodas de liga-leve, sistema de som com seis alto falantes (contra dois na versão inicial) e alarme. O motor 1.5 flex é o mesmo do modelo chinês, mas sua potência subiu 1 cv com gasolina, chegando a 109 cv – com etanol ele gera 113 cv.
Por fora as maiores alterações no compacto agora feito em Jacareí (SP) estão nos faróis, nas lanternas e nos para-choques redesenhados. Sem grandes ousadias, o novo Celer ficou levemente mais agressivo, com destaque para o conjunto óptico traseiro da versão sedã, que agora invade a tampa do porta-malas – e se ergue junto com o vidro traseiro, como no antigo Volkswagen Passat nacional. O volume para as bagagens é bom: são 380 litros no hatch e 450 litros no sedã.
Design ficou mais agressivo, mais ao gosto do consumidor brasileiro
O interior também foi atualizado, e pode receber uma central multimídia com GPS e tela sensível ao toque. O mimo custa R$ 1.800 a mais, valor próximo de um item similar comprado no mercado paralelo. Trio elétrico, direção hidráulica, ar-condicionado e sensor de ré seguem como os principais itens de série da dupla oriental.
Maior calcanhar de aquiles dos carros chineses no Brasil, o acabamento do Celer nacional melhorou, ganhando plásticos de textura agradável ao toque. Não espere, no entanto, acabamento emborrachado e ausência de rebarbas – ainda que mais escondidas, elas ainda existem.
Ponto negativo para o ruído seco de abertura e fechamento das portas, que, associada à dureza das maçanetas internas, transmite a sensação de que esses componentes terão vida útil inferior aos três anos da garantia de fábrica.
Acabamento interno melhorou, mas ainda pode ser aperfeiçoado
O espaço interno segue razoável para quatro adultos. Os 2,53 metros de entre-eixos e 1,69 m de largura do Celer hatch e sedã superam numericamente Volkswagen Fox e JAC J3, mas a sensação é que a cabine não aproveita tanto esse volume como no Chevrolet Onix, por exemplo. Sempre relegado nesse segmento, o quinto ocupante tem cinto retrátil de três pontos, mas sem encosto de cabeça.
A meta do novo Celer é ousada: vender 10 mil carros neste ano, volume superior a todos os modelos que a Chery vendeu em 2014. A estimativa ousada vai ao encontro do objetivo da Chery de fazer “o melhor carro chinês da América Latina”. Em 2008, em um mercado repletos de automóveis “pelados” e concorrendo apenas com o Effa M100, o Celer atingiria fácil essa meta. Agora, no entanto, é preciso ir além da receita de modelo recheado mais preço atrativo.
Moleza nacional
A Chery do Brasil aparenta ter feito a lição de casa. Além do acabamento mais esmerado, o Celer teve seu mapeamento do acelerador alterado: pisando 25% ou 50% do pedal da direita, o motor responde mais rapidamente, transmitindo a sensação de desempenho.
Elevada em 1 centímetro e com moleza de fazer um Fiat Palio de primeira geração morrer de inveja, a suspensão está na medida para atravessar ruas esburacadas típicas do país.
Seu câmbio manual de cinco marchas teve o curso reduzido (a caixa automática segue fora dos planos), e os engates são próximos ao encontrado no Onix. Avaliado pelo Carpress em uma pista de testes em Tuiuti (SP), o modelo se mostrou inapto para uma condução esportiva, com uma inclinação excessiva da carroceria e sensação de insegurança em mudanças bruscas de trajetória. Justiça seja feita, tal condução dificilmente será feita pelo consumidor final do Celer.
Com orçamento curto e em busca de um custo-benefício atraente, o cliente do novo Celer encontrará o que busca no primeiro chinês feito no Brasil. Para recuperar o terreno perdido, porém, o modelo ainda precisa melhorar no acabamento e no comportamento dinâmico. Em um mercado em queda, ter um rostinho bonito e bons itens de série não é mais diferencial. É essencial.
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