Publicado em 26/11/2014
Fonte: André Barros/ AutoData
A pequena ilha de Taiwan, também conhecida como República da China – não confundir com a República Popular da China, a porção continental localizada a oeste –, olha com grande ambição para o mercado brasileiro de veículos. Conhecidos pelo amplo desenvolvimento do segmento de tecnologia, de microchips a computadores, os taiwaneses têm tradição automotiva voltada à exportação e sua ainda tímida participação no quinto maior mercado do mundo abre grande leque de oportunidades às mais de 2,3 mil empresas de autopeças ali instaladas.
Embora a especialização da indústria local seja o segmento de materiais de reposição, como parachoques, chapas de metal, espelhos retrovisores e peças de plástico e borracha, existem fornecedores de praticamente todos os tipos de componentes de um veículo ou motocicleta. Como alimentar a pequena indústria local, composta por dez montadoras, é pouco, o jeito foi buscar oportunidades além das fronteiras.
Segundo dados da TTVMA, sigla em inglês para Associação dos Fabricantes de Veículos de Transportes de Taiwan, as exportações de peças do país crescerão 5% em 2014, para US$ 7 bilhões. É o mesmo valor faturado com os embarques das autopeças brasileiras de janeiro a outubro, de acordo com dados do Sindipeças – só que o território de Taiwan é menor do que o do Estado do Rio de Janeiro.
Incentivadas pelo governo local as empresas de Taiwan cavam espaço em todos os mercados desenvolvidos, com foco especial no segmento de reposição. No ano passado uma área da Automec, mais importante feira de autopeças do Brasil, foi ocupada por fornecedores de Taiwan em busca de novas oportunidades por aqui. A NHC, Noan Hang Traffic Instruments, fabricante de materiais de fricção, foi uma das expositoras, como recorda seu presidente, Fred Cheng:
“Há pelo menos vinte anos fazemos negócios no Brasil, e queremos elevar nossa participação neste importante mercado”, afirmou em entrevista exclusiva à Agência AutoData na sede da empresa, em Tainan, cidade a 300 quilômetros ao Sul da Capital Taipé. “Atuamos diretamente, sem representantes. Nossa equipe de vendas é grande e dedicada.”
Não é para menos: 90% do que a companhia produz em suas três fábricas em Tainan têm outros mercados como destino. Seus produtos atendem a automóveis, picapes, caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e rodoviárias, motocicletas e até trens e navios. “Mas 65% do nosso volume vai para o segmento de carros de passageiros, e a maior parte na reposição.”
A SH Autoparts, fabricante de braços de suspensão com 100% dos negócios voltado ao segmento de reposição, também conta com consumidores brasileiros, todos distribuidores independentes. Joanne Chien, diretora de vendas, revelou procura por parceiros locais para expandir seus negócios no País.
“Temos um catálogo grande, pois atendemos a quase todos os veículos produzidos pelas montadoras japonesas. Ao contrário dos chineses não buscamos apenas preço: temos qualidade. Nosso equipamento é ligado à segurança e não podemos descartar a importância deste ponto.”
OEM – Com 99% da produção destinada à exportação a TYC Brother Industrial, fabricante de lanternas, faróis e luzes de freio, fornece as lanternas das Chevrolet Captiva que circulam pelas ruas brasileiras – o modelo, porém, é fabricado no México. “Enviamos as peças para a General Motors na Tailândia, que por sua vez as repassa para as outras subsidiárias”, conta Julie Sy, gerente de projeto da divisão de vendas.
O catálogo da empresa é extenso e atende aos mais diversos modelos de veículos, motocicletas e scooters para reposição, aproximadamente 80% do negócio. Porém o objetivo agora é crescer em participação nos equipamentos originais: “Queremos chegar a 30% do faturamento gerado com negócios no OEM nos próximos três anos”.
Já a E-Lead, fornecedora de sensores e equipamentos de infoentretenimento, busca o oposto. Consolidada no fornecimento de produtos originais – tem como cliente, inclusive, a Mitsubishi em Catalão, GO, para onde envia TCUs –, a empresa quer ampliar sua participação na reposição. Para isso lança novos produtos no mercado, grande parte ligada à integração de smartphones com o automóvel.
A porta de entrada da companhia para o mercado brasileiro deverá ser mesmo o OEM. Segundo Daniel Lin, vice-presidente da E-Lead, há dois anos existem estudos de construir uma fábrica no Brasil, para onde estão indo alguns de seus importantes clientes chineses, como Jac Motors, Foton e, talvez, Lifan.
“Seguir nossos clientes é uma possibilidade. Existem estudos, que sempre esbarram nas questões econômicas. Dependendo do volume é possível, até por causa da distância: são pelo menos seis semanas para que nossos produtos saiam de Taiwan e cheguem ao Brasil.”
Taipei Ampa – De 8 a 11 de abril os fornecedores taiwaneses mostram a sua cara na Taipei Ampa, principal exposição de autopeças da ilha e que ocorre simultaneamente com outras quatro feiras voltadas ao setor automotivo –AutoTronics Taipei, voltada a sistemas eletrônicos automotivos, Tuning & Car Care Taiwan, para personalização de veículos, EV Taiwan, para veículos elétricos, e Motorcycle Taiwan, o salão de motocicletas taiwanês.
A edição de 2014 reuniu mais de 1,3 mil expositores de 17 países, gerando quase US$ 600 milhões em negócios, de acordo com estimativas do Taitra, Conselho para Desenvolvimento do Comércio Exterior de Taiwan. A exposição reuniu 51 mil visitantes de 129 países.
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