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Mais Alimentos atingirá 100 mil máquinas

Publicado em 21/10/2014

Anfavea e MDA renovam programa para mecanizar agricultura familiar

Fonte: Automotive business

Foi renovado por mais três anos o Mais Alimentos, programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para mecanização da agricultura familiar, com oferta de máquinas agrícolas e caminhões por preços especiais e financiamentos subsidiados pelo governo. Em seis anos de existência, o Mais Alimentos foi responsável pela venda de 80 mil tratores e 48 mil veículos de carga produzidos no Brasil. O acordo de renovação foi assinado em São Paulo em 17 de outubro, na sede da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, que pelos termos do documento coloca seus associados à disposição das licitações que ocorrem ao longo do ano, com garantia de oferta de produtos e assistência técnica.

Tanto a Anfavea, como o MDA, comemoraram os bons resultados trazidos pelo programa ao longo dos últimos anos. “Os 80 mil tratores já entregues pelo Mais Alimentos em seis anos correspondem a um ano inteiro de produção de nossas associadas”, disse Luiz Moan, presidente da associação dos fabricantes. Apenas na última safra (2013/2014), foram vendidos pelo Mais Alimentos, 18.448 máquinas agrícolas e 25.025 caminhões, em incremento de 63% e 23% sobre o ano anterior, respectivamente. “Deveremos alcançar a marca de 100 mil máquinas já no próximo ano”, projeta Laudemir Müller, ministro do Desenvolvimento Agrário, que assinou a renovação do acordo até 2017 juntamente com Moan.

O Mais Alimentos aproxima os compradores potenciais (pequenos agricultores com renda de até R$ 100 mil por ano) de produtos oferecidos com descontos especiais por meio de licitações, em que cada empresa faz seu preço. “O desconto é compensado pelo ganho de escala na produção”, observa o ministro Müller, lembrando que o programa atinge cerca de 3 milhões de agricultores familiares no Brasil.

Os tratores, caminhões, picapes (inclusive as compactas derivadas de carros) e implementos são oferecidos com financiamentos subsidiados do Pronaf, operados por agentes financeiros como BNDES e Banco do Brasil, com juros de 2% ao ano e 10 anos para pagar, com três de carência para iniciar os pagamentos. O limite máximo de contratação individual é de R$ 150 mil, ou R$ 750 mil para cooperativas. No mesmo pacote o agricultor também compra um seguro de clima e preço, que cobre de forma parcial ou total as parcelas em caso de evento climático como seca ou excesso de chuva, ou se o valor dos produtos ficarem abaixo das estimativas. De acordo com o MDA, a taxa de inadimplência no programa é bastante baixa, gira em torno de 1,5%.

Com financiamentos acessíveis, as operações vêm crescendo de forma acelerada. “Quando o Pronaf começou o volume de concessões era de R$ 2 bilhões por ano e hoje é de R$ 3 bilhões por mês. A carteira de contratos ativos chega a R$ 45 bilhões”, informa Müller. Ele lembra ainda que todos os tratores e caminhões financiados pelo programa precisam ter, no mínimo, 60% de nacionalização em peso e valor. “Com isso, também favorecemos a indústria nacional de autopeças”, destaca.

POTENCIAL

Moan destacou o grande potencial econômico representado pelo Mais Alimentos, que garante maior produtividade à agricultura familiar, responsável por mais da metade da produção agropecuária no País – e pelo fornecimento majoritário, por exemplo, de 100 milhões de refeições por dia nas escolas públicas. “No Brasil o índice de mecanização agrícola é de 754 hectares por máquina, enquanto nos Estados Unidos essa relação é de 256 hectares/máquina e a média mundial é de 326. Há, portanto, muito espaço para crescer”, avalia.

O programa teve o mérito de criar uma nova base de clientes de maquinário agrícola e caminhões, que antes não existia, pois normalmente os pequenos agricultores compravam tratores e veículos usados, boa parte em estado de quase sucata. “Para atender essa nova demanda, além de produzir e transportar todos os alimentos que o País precisa em escala ascendente com o aumento do poder aquisitivo da população, será preciso usar muitos tratores e caminhões na agricultura”, disse o ministro do MDA.

Müller exemplificou a evolução com a produção nacional de leite, segmento típico da agricultura familiar: “Recentemente o Brasil era o segundo maior importador de lácteos do mundo, com déficit de US$ 700 milhões na balança comercial e produção de 21 bilhões de litros de leite por ano. Hoje já produzimos 35 bilhões de litros e consumimos quase tudo, zeramos o déficit. Isso é um exemplo do impacto positivo do nosso projeto de desenvolvimento”, afirmou.

O presidente da Anfavea também lembrou a extrapolação de fronteiras do programa, com a criação do Mais Alimentos Internacional, que prevê no próximo ano a exportação de 2.521 tratores financiados pelo BNDES. Por meio da internacionalização do programa a Agrale já entregou 320 tratores para o Zimbábue em agosto passado. Os principais compradores serão países africanos, como Moçambique e Quênia, que enviam missões empresariais ao Brasil e são assessorados pela Anfavea para escolher os fornecedores das máquinas. “Vamos aproveitar nossa experiência para exportar”, afirma Müller.

Por fim, Moan lembrou que o aumento da produtividade da agricultura familiar tem ainda outro efeito colateral positivo para o setor automotivo: o crescimento da renda nos pequenos municípios onde estão essas propriedades rurais. “Com isso também estamos vendendo mais carros nessas cidades do interior”, disse.

“O desempenho das vendas de máquinas agrícolas é um importante indicador para nós do que vai acontecer logo mais à frente com o mercado de caminhões e, logo depois, também com o de carros. A produção agropecuária do País afeta toda a nossa cadeia produtiva”, resumiu Moan.

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