Publicado em 01/10/2014
Fonte: Agência FIEP
Como a mobilidade urbana segura pode reduzir prejuízos e acidentes e o papel fundamental de mudança dos cidadãos, do pedestre ao motorista, pode melhorar o dia a dia no trânsito das cidades foram discutidos no II Open Forum Trânsito e Transformação, realizado no dia 18 de setembro, em Curitiba. O debate, realizado na Semana Nacional do Trânsito, foi organizado pelo Sesi no Paraná, por meio do Centro de Formação de Atores Locais (Cifal), em parceria com a concessionária Ecovia e o Instituto Renault.
“A missão do Sesi é melhorar a qualidade de vida das pessoas, e a mobilidade urbana está diretamente ligada a isso, como por exemplo no impacto do estresse causado pelo trânsito que pode afetar a produtividade do trabalhador na indústria”, disse João Arthur Mohr, assessor da Fiep, que representou o presidente Edson Campagnolo, abrindo o evento.
Alain Tissier, vice-presidente da Renault do Brasil, lembrou que ainda é possível mudar essa realidade das mortes no trânsito e que todos têm o seu papel nessa mudança, o motorista, o pedestre, o cliclista ou o motociclista. “São 18 horas para se fazer um carro, 18 meses para construir uma rodovia, mas 18 anos para formar um cidadão motorista”, disse.
Para o diretor da Ecovia, Marcelo Belão, é necessário integrar todos os atores da sociedade, comunidade e motoristas, para conversar sobre a importância da segurança nas estradas. “É fundamental termos uma estrutura preparada para receber esse fluxo de carros e pessoas e uma de nossas missões é a educação no trânsito”, destacou.
Mudança de todos
Durante o Forum, foi realizado o painel com o tema “Mudança de Cultura e Comportamento” que reuniu três especialistas no assunto. O antropólogo e autor do livro “Fé em Deus e Pé na Tábua: como e por que o trânsito enlouquece o Brasil”, Roberto DaMatta, falou da perspectiva antropológica sobre o comportamento do brasileiro no trânsito. “O problema no Brasil é a falta de obediência às regras e o comportamento do brasileiro no trânsito. É importante conseguirmos nos libertar da pressa e dos riscos que enfrentamos no dia a dia”, alertou.
O espanhol José María Sánchez Albiñana, vice -presidente da TRAFPOL – IRSA - International Road Safety Academy – Espanha (Academia internacional de segurança rodoviária em português) e superintendente da Polícia e Mobilidade de Toledo, cidade espanhola, falou dos aspectos do tema tratado a partir da ótica e realidade europeias. Albiñana trouxe dados que mostram que entre os anos 2000 e 2010, 54% dos acidentes foram reduzidos em Toledo por conta da mudança de comportamento dos espanhóis. “O principal responsável pelos acidentes e pelo trânsito são as pessoas e pelas atitudes inconsequentes, às vezes, de cada um de nós”, comentou.
Cheila Marina de Lima, consultora do Ministério da Saúde e Integrante da Comissão Nacional do Projeto Vida no Trânsito, falou sobre as iniciativas ligadas ao programa nacional coordenado pelo Ministério da Saúde e sobre o número de mortes no trânsito no Brasil. “Precisamos da atuação conjunta dos governos federal, estadual e municipal para reverter esses indicadores e subsidiar os gestores no fortalecimento de políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito”, afirmou.
O debate teve como moderador o jornalista Ricardo Boechat que defendeu penas mais severas para crimes no trânsito e citou a falta de ações voltadas para esse assunto nos programas de governo dos candidatos à presidência da República. “O número de mortos não é aceitável e não vimos nenhum dos candidatos mencionarem a questão da segurança e mobilidade no trânsito em seus planos de governo”, criticou.
Cenário crítico
A América Latina e o Caribe (ALC) têm as maiores taxas de mortes em consequência de acidentes de trânsito per capita no mundo, segundo estatísticas do Banco Mundial. Por volta de 122 mil pessoas morrem por ano, custando à região US$18,9 bilhões, consumindo o equivalente a 1,5% do PIB. Em Curitiba, de acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), 23.772 acidentes de trânsito aconteceram em 2010, com 8 mil feridos e 156 mortos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, acidentes de trânsito são a primeira causa de mortalidade para pessoas de 15 a 35 anos de idade, a ponto de representar 50% de mortes nos países desenvolvidos. Cerca de 3 mil vidas são perdidas diariamente devido a acidentes de trânsito, chegando a 1,3 milhões de mortes por ano. Além disso, também ocorrem anualmente cerca de 50 milhões de lesões físicas que resultam em deficiência parcial ou total, o que significa que a cada seis segundos alguém morre ou é ferido em um acidente de trânsito.
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