Publicado em 08/07/2014
Fonte: Luís Artur Nogueira, para IstoÉDinheiro
Seis meses depois do festivo brinde de Réveillon entre os executivos da Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o clima não é mais de euforia nas montadoras. Naquela ocasião, imaginava-se que 2014 seria mais um ano de recordes. Desde então, uma “tempestade perfeita” desabou sobre o setor. O PIB não decolou, o consumidor perdeu a confiança, o preço dos carros subiu, os juros foram elevados e o crédito desapareceu. De cada dez pedidos de financiamentos nas lojas, apenas quatro são aprovados. Para piorar, muitas concessionárias fecham as portas ou funcionam parcialmente em dias de jogos da Copa do Mundo.
“Embora a Copa esteja sendo um grande sucesso, para a indústria ela traz alguns problemas”, diz o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Resultado: as vendas caíram 6,54% no primeiro semestre, incluindo carros, caminhões, ônibus, motos e máquinas agrícolas, e as montadoras, diante dos estoques elevados, não tiveram outra saída a não ser reduzir a produção. Para enfrentar o problema, Mantega reuniu-se com representantes do setor na segunda-feira 30, em São Paulo, e anunciou a prorrogação do IPI reduzido até o fim do ano.
“O IPI menor apenas contribui para não piorar o cenário”, diz Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias. O mais difícil, segundo os especialistas, é despertar o otimismo dos consumidores num ambiente econômico desfavorável. “A desaceleração não é apenas do setor automotivo, mas da economia inteira”, diz Tereza Fernandez, diretora da consultoria paulista MB Associados. Apesar das adversidades, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, acredita que o IPI reduzido possibilitará um segundo semestre promissor.
Isso, é claro, se os bancos aprovarem os financiamentos. “A seletividade do crédito é um fator que prejudica as nossas vendas”, diz Moan. Para o consultor da MA8 Management Consulting Group, Orlando Merluzzi, não há motivos para “ataques de histeria”. “Se o mercado cair 6% em 2014, mesmo assim será o quinto melhor resultado da história”, diz Merluzzi. “Um setor que não consegue se ajustar a uma queda pequena não pode culpar governo, impostos ou crédito. Isso mais parece um problema de gestão.”
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