Publicado em 16/06/2014
Fonte: IstoÉ Dinheiro
De seu escritório, no distrito industrial de Curitiba, Luis Carlos Pimenta, presidente da Volvo Bus Latin America, monitora com atenção o que acontece nas principais cidades do Brasil. Especialmente no que se refere ao debate sobre a mobilidade urbana. Diante da tela do computador, o executivo também consulta relatórios gerenciais enviados pela matriz e dá uma espiada em páginas de internet que falam sobre o setor de transporte de passageiros nas principais capitais da América Latina. Mas é o que acontece em Bogotá que vem ocupando a maior parte de seu tempo.
Isso porque a empresa acaba de ganhar mais uma concorrência para o fornecimento de 67 ônibus para o sistema Transmilênio de transporte de passageiros da capital da Colômbia. Mais que uma nova oportunidade de negócio, essa transação é vista como um grande trunfo da subsidiária para dar uma guinada em sua trajetória, já que as encomendas incluem basicamente ônibus com a moderna tecnologia de motores eletro-híbridos: movidos a eletricidade e biodiesel, desenvolvidos na Suécia. “São os mesmos veículos que rodam na Europa”, afirma Pimenta.
“Com isso, tanto o Brasil quanto os demais países do continente terão à disposição o que de mais moderno existe no setor.” De fato, tanto as encomendas para o país vizinho quanto as vendas para o mercado local serão feitas pela subsidiária. Para dar conta do recado, Pimenta recebeu sinal verde da matriz para investir na ampliação da produção. O executivo não revela os valores envolvidos, em razão de normas de política interna. No entanto, consultores estimam que essa empreitada não custaria menos de R$ 100 milhões. As adequações na fábrica da Volvo, em Curitiba, já começaram.
Além de trazer tecnologia da matriz, a equipe comandada por Pimenta está buscando acordos com centros acadêmicos de pesquisa do Paraná. Esse esforço é importante porque no setor de transporte pesado nenhum contrato vai adiante sem os recursos do Finame, a linha de crédito do BNDES para máquinas e equipamentos. Nesse contexto, é vital que o veículo tenha um grau mínimo de 60% de componentes e mão de obra locais. No processo de nacionalização dos ônibus biodiesel-elétrico comercializados atualmente pela montadora, como o da foto que abre esta reportagem, já foram investidos US$ 10 milhões.
Os veículos dessa família, que começaram a ser produzidos em 2012 na capital paranaense, funcionaram como uma espécie de teste para os suecos medirem o apetite do mercado por veículos com essa tecnologia. Pelo visto, foram aprovados. Tanto que 200 unidades foram vendidas à Colômbia em 2013. Além disso, Pimenta já se prepara para participar de mais uma licitação, envolvendo outras 100. Esse contrato inclui desde os veículos atuais até os articulados, que ainda entrarão em produção ao longo de 2017. Por aqui, os modelos biodiesel-elétricos já circulam em Curitiba, Goiânia e Manaus.
Com o novo investimento será possível ampliar o portfólio. Os modelos atuais têm capacidade limitada de transporte (80 passageiros) e sua equação energética tem por base 60% de biodiesel e 40% de eletricidade. Nos novos, a relação será invertida e a capacidade vai variar de 180 passageiros, no caso dos articulados, até 270, nos biarticulados. Trata-se de um trunfo importante quando se recorda que o debate sobre a mobilidade urbana nas grandes cidades inclui três vertentes: custo de implantação, tempo de obras e impacto ambiental.
A ambição de Pimenta é ver os ônibus produzidos em Curitiba se tornarem a base do transporte de passageiros nos novos corredores expressos, que estão sendo implantados no País, como o sistema BRT, que acaba de ser inaugurado no Rio de Janeiro e opera basicamente com ônibus convencionais. “Dizem que o metrô é a melhor solução de transporte. Mas quem leva as pessoas até a porta de casa continua sendo o ônibus”, diz o presidente da Volvo Bus. “E faz isso com um custo infinitamente menor.”
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