Publicado em 29/05/2014
Fonte: Silvio Cascione, para Reuters
A presidente Dilma Rousseff encomendou um estudo para avaliar se é possível aumentar a quantidade de etanol na gasolina sem prejudicar os motores dos automóveis, afirmou nesta terça-feira um representante do setor sucroalcooleiro.
Produtores de etanol defendem o aumento no limite de etanol anidro que pode ser adicionado à gasolina, mas a ideia, que poderia amenizar a crise vivida pelo setor, sofre resistência entre fabricantes de automóveis por preocupações com o desempenho e a durabilidade dos motores.
O estudo encomendado por Dilma deve balizar as discussões, disse à Reuters André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroalcooleiro, que participou de jantar na sexta-feira com Dilma e outros representantes do setor agrícola.
Os fabricantes de veículos, porém, ainda não foram convidados a participar de nenhum novo debate sobre o tema, disse o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Jr.
Segundo ele, testes feitos pelas montadoras indicam que a mudança é inviável.
O debate sobre o maior teor de etanol à gasolina ocorre em um momento em que o governo determinou uma elevação na mistura de biodiesel no diesel (leia mais), o que resultará em uma redução nas importações do combustível fóssil, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, nesta quarta-feira.
A eventual mudança no etanol poderia ter efeito semelhante nas compras externas de gasolina.
Os detalhes dos testes com a mistura maior de etanol, como prazo e parâmetros, devem ser definidos nos próximos dias com representantes do governo, disse Rocha, do Fórum Sucroalcooleiro.
Produtores de etanol atravessam uma grave crise desde 2008, com muitas empresas atualmente em recuperação judicial. Uma das maiores críticas do setor é contra a política do governo de controlar reajustes da gasolina para evitar repasses para a inflação.
Uma emenda elevando o limite máximo de etanol anidro de 25 para 27,5 por cento chegou a tramitar em uma Medida Provisória no Congresso neste mês, mas foi excluída do texto durante votação na Câmara dos Deputados.
De acordo com o autor da emenda, deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), a mudança voltará a ser proposta por meio de uma emenda ou de um projeto de lei, ainda sem prazo definido.
Os ministérios das Minas e Energia e da Agricultura não estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto.
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