Publicado em 17/04/2014
Fonte: O Estado de S. Paulo
A grande aposta do governo Dilma Rousseff para dinamizar a inovação na indústria de transformação começa a sair do papel nesta terça-feira, 15. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) lança hoje seu primeiro edital para financiar grandes institutos de ciência e tecnologia (ICTs) que contam com projetos de inovação com empresas do setor privado.
Ao todo, a Embrapii colocará R$ 260 milhões, a fundo perdido (subvenção), em quase dez institutos para estimular a inovação na indústria. O dinheiro que a Embrapii vai usar para irrigar o sistema tecnológico e empresarial representará até um terço dos projetos. Os institutos vão entrar com outra parte igual e as empresas deverão aportar pelo menos um terço. Assim, os R$ 260 milhões vão liberar ao menos R$ 800 milhões.
Um pré-requisito importante do edital será a exigência para que os ICTs, que vão disputar o dinheiro da Embrapii, tenham um histórico de captação de recursos com empresas de no mínimo R$ 4 milhões, em média, nos últimos três anos.
"A Embrapii vai injetar vitamina no instituto que já sabe fazer. Entramos com um modelo novo de financiamento da inovação no Brasil, que exige um relacionamento contínuo entre a empresa e o instituto, com quem fecharemos um plano de ação, com metas de gestão que serão acompanhadas por nós", disse o presidente da Embrapii, João Fernando Gomes de Oliveira.
Elaborada em 2011, no início da gestão Dilma Rousseff, a Embrapii funcionou nos últimos três anos em fase piloto. A empresa, que é uma Organização Social (OS) com contrato de gestão assinado com os ministérios de Educação e de Ciência, Tecnologia e Inovação, vem trabalhando com três institutos: o Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ambos em São Paulo, e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec), do Senai da Bahia (BA). Com eles, a Embrapii aprovou 68 projetos nas áreas de manufatura, automação, bionanotecnologia, saúde e energia, que representaram R$ 188 milhões, dos quais R$ 62 milhões da Embrapii.
Entre os projetos apoiados estão o de desenvolvimento de "plataforma tecnológica de nanoencapsulação" com empresas como Boticário, Natura, Yamá e Theraskin, feitos junto ao IPT. Com o Cimatec, a Embrapii financiou um projeto de pesquisa e desenvolvimento de robô subaquático autônomo para monitoramento e controle de linhas e estações petrolíferas, no valor de R$ 29,8 milhões, para a empresa BG Group.
Gestada pelo então ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Embrapii foi vendida pelo governo Dilma Rousseff como a "Embrapa da indústria". A empresa deveria aproximar laboratórios e pesquisadores de empresários e trabalhadores, de forma a acelerar a inovação no Brasil. Quando anunciou o Plano Inova Empresa, com R$ 33 bilhões em crédito subsidiado para inovação, em março do ano passado, Dilma voltou a falar da Embrapii e defendeu que a empresa estava pronta para concluir seu projeto piloto e efetivamente sair do papel. O edital de R$ 260 milhões que será lançado hoje será o primeiro passo para essa meta.
A política industrial brasileira para o setor é uma das variáveis monitoradas no estudo "Cenários da Indústria Automotiva: Região Metropolitana de Curitiba 2020", produzido pelos Observatórios SESI/ SENAI/ IEL. O cenário mais desejado pelo setor é o direcionamento dos incentivos para P&D e design tanto na indústria já existente quanto nas novas plantas.
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