Publicado em 11/04/2014
Fonte: Fernando Calmon para coluna Alta Roda/ De Zero a Cem
Ao término do primeiro trimestre, o mercado interno apresentou números fracos, em relação ao mesmo período de 2013, já descontado o efeito sazonal do Carnaval. Até agora as previsões para 2014 variam entre uma queda simbólica de 1% (alguns já admitem 3%) e um crescimento também marginal de 1%. Trata-se de um ano complicado: começou com pequeno aumento de IPI e o acréscimo de preço decorrente da obrigatoriedade de freios ABS e airbags frontais que atingiu carros de entrada.
Embora a queda trimestral de 2014 frente a 2013 alcance 2,1%, indicador preocupante é o estoque total de todos os tipos de veículos nas concessionárias e fábricas. Passou de 37 dias em fevereiro para 48 dias, no final de março. Cada mercado tem um nível considerado ideal pelo volume de vendas, opções de modelos e hábitos de compra. Nos EUA vai até mais de 70 dias. No Brasil, o normal já foi de 25 dias, mas com o aumento de oferta e quase 60 marcas apenas de automóveis e comerciais leves consideram-se aceitáveis até 35 dias. Portanto, estoques estão quase 40% maiores que o padrão, o que não acontecia desde 2008.
Do lado da produção, responsável direta pelos empregos, a redução foi bem maior (8,4%) em razão da forte queda de exportações para a Argentina. Diminuiu a participação de veículos importados de todas as origens – único indicador favorável à indústria – nos licenciamentos totais do mês passado para 16,5%, quase 10 pontos percentuais abaixo dos picos de 2011/12.
Quanto às tendências, pela primeira vez nos últimos anos se inverteu a curva de participação declinante dos motores de 1 litro entre os automóveis. Voltou, em março, a superar 40% e, tudo indica, pode continuar a subir. Uma nova leva de unidades de três cilindros, mais modernas, potentes e econômicas, aumentará a oferta e o interesse dos compradores.
Igualmente atípico o resultado dos modelos mais vendidos em março. Strada foi a primeira picape a liderar o mercado, desbancando ao mesmo tempo o Gol (em terceiro) e o Palio (segundo). O compacto da VW já perdeu a liderança outras duas vezes em meses isolados, em anos recentes. Com o fim da versão mais antiga e barata (geração 4), o seu substituto (up!) em processo de aceleração de produção (chegou na segunda quinzena de fevereiro) e o anúncio do ano-modelo 2015 agora em abril, era previsível perder uma ou duas posições, embora ainda lidere no acumulado do ano.
Da mesma forma, o fim do Mille levou o Uno a também cair duas posições, de segundo para quarto, possivelmente seu pior resultado desde o começo dos anos 1990. Vai se recuperar pois receberá leve reestilização até o meio do ano.
É cedo para saber como 2014 terminará na dura disputa entre modelos. O mercado está mais informado sobre novidades. Apenas entre veículos pequenos, a Volkswagen, além do novo motor de 1,6 litro e 1 litro/três cilindros para toda a linha, terá o up! de duas portas, novos Fox e Saveiro de cabine dupla (duas portas). A Ford lançará o novo Ka, hatch e sedã, simultaneamente. Nissan contará com novos March e Versa; Renault, o Sandero. Fiat confia no ano completo do Strada de três portas e revitalizações do Linea (ler abaixo) e do Uno.
Há que se esperar para ver a decisão dos compradores.
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