Publicado em 15/01/2014
A Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, divulgou projeções tímidas de crescimento em 2014. A entidade prevê expansão de 1,1% das vendas domésticas, para 3,81 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus emplacados este ano. As exportações devem avançar 2,1%, para 575 mil unidades, e 2,6% em valores, para US$ 17 bilhões (novo recorde). E a produção total deverá atingir 3,76 milhões, em alta de apenas 0,7% – porcentual bastante discreto em comparação com o aumento de quase 10% verificado em 2013.
Luiz Moan Yabiku Jr., presidente da Anfavea, justifica as projeções comedidas por fatores que devem segurar a expansão de vendas internas e exportações em 2014, puxando o ritmo das fábricas para baixo. “Teremos muitos feriados com pontes no segundo semestre, além da Copa do Mundo no meio do ano, o que naturalmente reduz o número de dias úteis de vendas e de produção”, explica. “Também haverá mais cotas de importação (sem sobretaxação de IPI, usadas por importadores e fabricantes que se habilitaram ao Inovar-Auto). Com isso a substituição de veículos importados por nacionais deve ser menor, o que não favorece a fabricação local”, acrescenta.
Sobre exportações, após o bom resultado de 2013 (alta de 26,5% com 563,2 mil veículos exportados), Moan estima que este será um ano de “transição para um modelo de competitividade maior”. Para ele, só em 2015 serão sentidos os efeitos das políticas de incentivos às vendas externas de veículos, a serem desenvolvidas dentro do programa Exportar-Auto, cujo projeto foi entregue ao governo já no fim do ano passado. “Depois disso ganharemos mais competitividade e aí sim as exportações crescerão com vigor”, aposta o dirigente.
Até agora, segundo Moan, a desvalorização do real diante do dólar “pouco ajudou” na expansão das exportações. “Tivemos muita volatilidade no câmbio, com altas e baixas seguidas, isso atrapalha o planejamento. Agora, com maior estabilidade das cotações, as empresas começam a planejar melhor as vendas externas, mas isso só terá reflexos maiores em 2015”, diz.
Após a queda de 0,9% das vendas domésticas em 2013, Moan aposta que este ano os financiamentos voltarão a jogar a favor do crescimento do mercado brasileiro. “A seletividade dos bancos nas concessões deve continuar, mas o estoque de crédito para compra de veículos deve avançar de 4% a 5% em 2014, estimulando nossa atividade”, avalia.
Para Moan, o aumento estimado de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil no preço de alguns carros que este ano adotam obrigatoriamente ABS e airbags frontais, além da alta do IPI, também são fatores que seguram as vendas. “Nosso mercado é artificialmente pequeno por causa da carga tributária, isso impede o crescimento maior”, criticou. Segundo ele calcula, desde que houve a primeira desoneração do imposto, em maio de 2012, foram vendidos 1,4 milhão de veículos a mais no País. “Isso comprova que com imposto menor as vendas sobem.”
Moan destacou que no período de 19 meses em que o IPI foi reduzido, o governo arrecadou R$ 8,2 bilhões a mais nos outros impostos incidentes sobre a cadeia, como ICMS e PIS/Cofins. Ele disse que mostrou esse número ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, mas mesmo assim a tributação voltou a subir. “Houve uma decisão política de reduzir a desoneração”, explicou.
Apesar do cenário atual de baixa das vendas, ainda está no horizonte de médio prazo da Anfavea a expansão substancial do mercado brasileiro. A projeção é atingir vendas de 4,7 milhões de veículos em 2017 e chegar a 5 milhões em 2018.
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