Publicado em 13/12/2013
A AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, que em 2009 foi uma das responsáveis pela criação da Resolução 311 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que prevê a obrigatoriedade do uso de freios ABS e airbags dianteirospara 100% da produção nacional de veículos a partir de 2014, garante que foi pega de surpresa e está de braços cruzados diante do anúncio da provável postergação da lei (leia aqui). A entidade acredita que os sistemas de segurança continuarão a ser instalados de maneira gradual.
“Ficamos sabendo do adiamento, anunciado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, através da imprensa. É uma decisão que foi tomada pelo governo sem questionar a AEA e as montadoras. A AEA, como uma entidade que apoia a evolução dos veículos, em níveis próximos dos europeus, espera que haja ao menos um avanço em 2014, e que mais de 60% (volume obrigatório atualmente) dos veículos sejam equipados com os sistemas. Agora, se serão 70% ou 80% dos veículos no primeiro ano, nós não sabemos”, comentou Antonio Megale, presidente da associação, em evento na quinta-feira, 12, em São Paulo.
Na avaliação de Megale, o governo se deu conta “um pouco tarde” de que haveria aumento no preço da versão de entrada dos veículos com a instalação do airbag e do ABS, algo em torno de R$ 1 mil a R$ 1,6 mil, de acordo com os cálculos que as montadoras repassaram para o governo. Fora isso, Mantega levou em conta que o IPI será elevado, que haverá dificuldades econômicas por conta da inflação, e que a descontinuação de modelos geraria volume grande de desempregos. “Na visão do governo, tudo isso diminuiria a rentabilidade das empresas, que poderiam retrair seus investimentos no Brasil.”
Megale, que também é diretor de relações governamentais da Volkswagen, diz que ainda não sabe qual será a reação das montadoras diante do adiamento, mas admite que elas já consideram manter veículos sem ABS e airbag em suas linhas.
No caso da Volkswagen, um dos modelos que pode continuar a ser produzido em São Bernardo do Campo (SP) é a Kombi. Segundo Megale, se for descontinuada no próximo dia 20, cerca de mil funcionários deverão ser demitidos, além de 3 mil indiretos. “Tenho certeza que a Volkswagen vai avaliar se vale a pena tirar os veículos de linha ou não, como a Kombi, que é a tonelada mais barata do Brasil.”
Para o Gol G4, outro veículo que deixaria de ser fabricado por causa da norma, o impacto seria bem menor, pois a sua linha não seria totalmente desativada. “Produzimos outros veículos por lá, como Saveiro, Polo e Gol G6. Portanto, os funcionários e ferramental seriam redistribuídos”, aponta.
Megale também ressaltou que atualmente mais de 60% dos veículos fabricados no País já levam os equipamentos. “As fabricantes sempre produzem com uma margem maior do que é exigido pela lei para conseguir atender com folga os volumes de vendas. Acredito que a grande maioria das empresas vai oferecer o item como opcional no ano que vem para não afetar o preço de entrada, mas poucos veículos não terão”, concluiu.
Fonte: Camila Franco, AB
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