Publicado em 09/12/2013
Não dá mais pra reverter. Mesmo que o governo anuncie o fim do desconto do IPI para 2014 e registre a declaração em cartório, o mercado não terá fôlego para reagir a ponto de reverter a queda de vendas em relação ao ano passado. Assim, pela primeira vez nos últimos dez anos, o setor automobilístico vai experimentar uma queda de vendas no fechamento deste ano.
Desde 2003, quando foram vendidas 1.428.610 unidades (contra 1.478.621 em 2002), o mercado veio num crescimento contínuo, chegando a 3.635.518 no ano passado, portanto mais do que dobrando o volume de vendas.
2013 vai quebrar esse ciclo de crescimento. Com 3.238.490 carros e comerciais leves vendidos de janeiro a novembro, o mercado teria que apresentar um desempenho nunca visto para ao menos igualar as vendas em relação ao ano passado. Em 2012 foram vendidos 3.635.518 unidades; para chegar a esse número as vendas diárias em dezembro teriam que atingir a média de 18.906 carros. Absolutamente improvável, uma vez que a média diária de vendas até novembro foi de 14.080 unidades.
O recorde histórico de vendas diárias ocorreu em agosto de 2012, quando o consumidor correu às concessionárias na expectativa de aproveitar o desconto do IPI, que acabou não acontecendo. Foram vendidos naquele mês o volume histórico de 405 mil carros, com média de 17.636 carros por dia.
Poderia ocorrer algo semelhante agora, já que a expectativa é do fim do desconto do IPI em primeiro de janeiro? Não, na opinião do consultor Valdner Papa, porque as informações desencontradas sobre o IPI deixaram o consumidor confuso.
“Primeiro veio o ministro da Indústria e Comércio jogando água fria na fervura, dizendo que haveria prorrogação do desconto do imposto; em seguida o ministro Guido Mantega desmentiu a informação e agora o mercado trabalha com a possibilidade de um retorno do IPI de forma gradual. Essa desinformação acaba paralisando o consumidor, que, na dúvida, deixa de comprar”, disse Valdner, avaliando que a média diária de vendas neste mês não deverá passar muito das 14 mil unidades, mantendo portanto a média registrada em meses anteriores.
Como as vendas em dezembro sempre surpreendem positivamente, é possível que nos últimos dias do mês – com as promoções da rede de concessionárias e um eventual anuncio do governo do fim do desconto do IPI – superem as expectativas, por isso é difícil prever qual o índice de queda de vendas em relação ao ano passado.
Se a previsão de Valdner Papa estiver correta, 2013 vai fechar com queda de quase 2% em relação ao ano passado; se houver uma (improvável) corrida às revendas, mesmo assim a queda será de pelo menos 1%.
De uma forma ou de outra, 2013 deve mesmo encerrar esse ciclo de dez anos de crescimento no Brasil.
Fonte: Joel Leite – UOL Carros
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