Publicado em 01/11/2013
Durante o Salão Internacional do Transporte (Fenatran) de 2011, a marcas chinesas de caminhões e utilitários leves chegaram em grande número ao Anhembi com ambição de ganhar o mercado nacional com produtos importados e preços baixos. Bastaram dois anos de protecionismo comercial, com sobretaxação para importações de veículos, para acabar com os planos da maioria dessas empresas e mudar drasticamente o cenário na edição deste ano do evento, que abriu as portas ao público na segunda-feira, 28. De todas as fabricantes chinesas, só a Shacman retornou à Fenatran dois anos depois. Foi a única que até agora conseguiu, por meio do representante brasileiro Metro-Shacman, mostrar algum progresso no projeto de nacionalização do seu caminhão para o Brasil, já habilitada como investidora no programa Inovar-Auto, com promessa de construir fábrica em Tatuí (SP) – condição essencial para escapar do imposto mais alto e seguir com as vendas no País.
Na Fenatran a Shacman expõe o primeiro protótipo do caminhão que pretende fazer no Brasil a partir de 2014, o cavalo mecânico extrapesado TT 440 6x4, que de acordo com a Metro-Shacman já tem 60% de conteúdo nacional – outro fator essencial para o mercado brasileiro, pois habilita o veículo às taxas baixas de financiamento da linha Finame do BNDES – e foi desenvolvido em parceria com 40 empresas já instaladas no País, como a fabricante de motores Cummins, que fornece o propulsor ISM 11P7 (Euro 5), cuja potência foi aumentada de 420 para 440 cavalos.
Além da Cummins, entre os principais fornecedores locais do protótipo brasileiro da Shacman, estão a Dana (eixos dianteiros), Meritor (eixo trator traseiro), Suspensys (suspensão), Eaton (transmissão automatizada), ZF (transmissão manual), Eaton e Sachs (embreagens) e Knorr-Bremse e Wabco (sistemas de freios). Segundo Reinaldo Maluta Vieira, diretor de marketing da Metro-Shacman, o próximo passo será a homologação oficial do TT 440 brasileiro, com testes e ensaios que começam a ser feitos logo após a Fenatran.
Ainda falta definir de que forma se dará a participação no investimento da dona da marca dos caminhões Shacman, a Shaanxi Haeavy Duty Automobile – empresa que começou a produzir há 40 anos na China e já teve associação com a alemã MAN, de onde vêm as três últimas letras da marca. “Deveremos definir isso o mais rápido possível, provavelmente nas próximas semanas”, diz Marcos Gonzalez, diretor de desenvolvimento de negócios da Metro-Shacman. Segundo ele, ainda não está certo se os chineses injetarão capital próprio na operação brasileira ou se vão entrar na sociedade só com transferência de tecnologia.
Enquanto toca o projeto de produção nacional, a Metro-Shacman se esforça para iniciar as vendas dos caminhões em larga escala no País. Na Fenatran a empresa expõe, além do protótipo brasileiro e seu driveline, três modelos pesados que já estão disponíveis para compra no mercado nacional: os cavalos mecânicos TT 420 6x4 e TT 385 4x2, além do chassi-cabine LT 385 6x4.
A importadora anunciou uma promoção para aquecer os negócios durante a Fenatran. Vai vender por R$ 200 mil o modelo mais barato, o TT 385 4x2. O TT 385 6x4 ou o LT 385 6x4 saem por R$ 210 mil. E o mais caro é o TT 420 6x4, de 420 cavalos, custa R$ 220 mil para clientes que fecharem a compra no período da feira, que termina na próxima sexta-feira, 1º de novembro.
A Metro-Shacman já conseguiu nomear 13 concessionárias em cinco estados no País. O objetivo é chegar a 30 pontos de venda até o fim de 2014. Habilitada ao Inovar-Auto, a empresa ganhou cota de importação livre de sobretaxação de 2,5 mil caminhões por ano até que a fábrica fique pronta, mas a projeção é vender menos da metade disso no próximo ano.
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Fonte: Pedro Kutney, AB
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