Publicado em 06/09/2013
O dólar alto anda fazendo a felicidade de alguns setores exportadores brasileiros. O mercado automotivo é um dos agraciados da vez –entre janeiro e junho, o volume de veículos enviados para fora do País teve alta de 30,8%, segundo a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea). Em agosto, o valor exportado alcançou o recorde histórico de R$ 1,671 bilhão.
Luiz Moan, presidente da Anfavea, já revisou suas expectativas para cima. A instituição espera um incremento de 20% no volume exportado. Em valores, as exportações deverão render 8,8% mais às montadoras.
A alta do dólar coloca a indústria automotiva em posição favorável não só pela rentabilidade das vendas no exterior, mas também pelo desafio interno das importações. "Há claramente uma conjugação de substituiçao de importados e aumento nas exportações", afirma Moan.
"Nós estávamos com real excessivamente valorizado. Esse patamar atual do dólar me parece um patamar
melhor que o que tinhamos meses atrás", diz Moan, que prefere observar os impactos do novo preço da moeda no
longo prazo. "Esse nível do dólar nos coloca em melhores condições de competitividade."
A valorização
da moeda americana é um dos principais elementos para o otimismo de Fernando Sampaio, diretor da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
“Desde o ano passado estamos vendo um crescimento expressivo no faturamento deste mercado baseado também na
alta do dólar”, explica.
Entre as maiores exportadoras do primeiro semestre estão JBS e BRF, duas importantes
competidoras desse mercado. A JBS, liderada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, exportou US$ 3,027 bilhões
no primeiro semestre – mais que o dobro que no mesmo período do ano passado. Mais tímido, o valor exportado
pela BRF foi 25% maior.
Para este ano, o diretor da Abiec espera mais um recorde de vendas, superando os US$ 6 bilhões, como foco nos mercados de Hong Kong e Rússia. Diferentemente do setor agrícola – onde ainda há um aumento de custo operacional com a importação de fertilizantes e equipamentos, a pecuária passa ilesa aos possíveis golpes do dólar mais alto.
“O nosso produto é, em maior parte, 100% made in Brazil , então dificilmente temos mudança no
custo de operação quando o câmbio oscila”, afirma Sampaio. A única possibilidade de redução
da eficiência mora em uma possível alta nos combustíveis , o que poderia prejudicar os negócios
logísticos das empresas do setor.
Essa seria uma das poucas condições que também aumentaria
o custo das operações no setor de mineração – juntamente com o encarecimento dos equipamentos
importados, por exemplo. No entanto, para a Vale, principal exportadora do país, o encarecimento do dólar aumentou
o custo da dívida da empresa, segundo resultados apresentados para o segundo trimestre deste ano.
A variação criou um efeito contábil nada favorável para a empresa que apresentou redução de quase 85% no lucro líquido. Operacionalmente, disseram os executivos durante a teleconferência de apresentação dos resultados, o custo da dívida não representa qualquer perigo.
À exceção de casos como esse, o dólar mais caro acaba se tornando um bom presságio diante de um mercado internacional ainda morno por conta da crise internacional, preços de minério em declínio e a China preparando seu pouso.
“Com o dólar mais alto a gente consegue faturar mais reais vendendo a mesma quantidade em dólares”, lembra Cristiano Parreiras, diretor do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra).
Fonte: Bárbara Ladeia - iG
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