Publicado em 08/08/2013
Maior preocupação da Anfavea em 2014 será reforçar a cadeia de suprimentos como base para o desenvolvimento pleno do Inovar-Auto, defende o presidente da associação que reúne as montadoras de veículos no Brasil, Luiz Moan, que apresentou os desafios e as projeções da entidade em painel durante o Workshop Indústria Automobilística Planejamento 2014, de Automotive Business, realizado na segunda-feira, 5, em São Paulo.
“O Inovar-Auto é um agente de mudanças e alterações no processo da cadeia em 2014. Não há indústria de manufatura forte sem indústria de insumo forte. Temos de fazer funcionar”, afirmou.
Focado na meta de alavancar a cadeia produtiva, Moan reafirma a importância da criação do Inovar-Peças, um programa de incentivo exclusivo para o setor de autopeças, que ajude a desenvolver e proteger a indústria nacional. Ele garante que o regime está ganhando corpo em negociações com o governo e em conjunto com o Sindipeças e acrescenta que há consenso entre as duas entidades sobre mecanismos de rastreabilidade até Tier 2, uma das urgências apontadas pela entidade que representa as empresas fabricantes de autopeças.
Na visão do presidente da Anfavea, o Inovar-Auto é uma importante ferramenta para preparar a indústria nacional para as novas demandas tecnológicas do setor automotivo ao qual o Brasil começa a se inserir.
“O consumidor brasileiro tem de ter a oportunidade de conhecer e ter acesso ao que existe no mundo em termos de tecnologia. Veículos híbridos e elétricos, apesar de terem ainda baixos volumes, já são significativos em volumes globais”, diz.
Em sua nova gestão, a entidade já apresentou ao governo brasileiro uma proposta para facilitar a vinda em maior escala dos veículos híbridos e elétricos. Moan explica que a primeira fase consiste em importar esses veículos em um pacote de incentivos que permita sua venda no mercado nacional (a um preço mais acessível ao que é hoje). Uma segunda fase prevê a nacionalização de tecnologias por empresas que pretendem continuar com este pacote de incentivos a um nível ainda não determinado. Por fim, a proposta incentiva a montagem de híbridos e elétricos no Brasil. Ainda há uma vertente do projeto que defende estudos para o uso de células de combustível a partir do etanol no País.
“Nossa engenharia garante que o etanol é o segundo combustível mais eficiente para uso em célula de combustível (extração de hidrogênio). O Brasil precisa retomar esses estudos e pensar no etanol como nossa principal alternativa em matriz energética.”
O aumento da capacidade produtiva também está na pauta da Anfavea, visando volume suficiente para alimentar não só a demanda local, mas tornar viável o avanço previsto para as exportações, principal bandeira de gestão de Moan, desde que assumiu a presidência, em abril deste ano. O executivo espera, por parte do governo, uma série de incentivos para a indústria nacional que ajude a alavancar as vendas ao exterior. A previsão da entidade aponta para exportações de 1 milhão de unidades em 2017, uma representação de 18% a 19% da capacidade produtiva prevista para o período.
“Para exportar, nós precisamos ganhar produtividade, e para isso, competitividade. Temos uma capacidade atual de 5,5 milhões de veículos; prevemos um mercado entre 4,5 milhões e 4,6 milhões em 2017. Logo, precisamos das exportações como um complemento do que estamos fazendo.”
A Anfavea está revisando suas projeções para o ano. Sem os novos volumes de vendas, produção e exportação, Moan dá apenas uma ideia do que a entidade espera para 2013, visto que só deve se manifestar sobre o cenário de 2014 no fim deste ano, como a Anfavea tradicionalmente faz. Sobre o ano que vem, o executivo limitou-se a dizer: “Acredito que será melhor que 2013”.
Sobre as importações, o setor espera continuar reduzindo o volume de veículos fabricados fora do Brasil para vender no mercado interno. Moan revela que enquanto em 2012, o índice das importações fechou em 23%, até junho deste ano, a atividade representou 19% das vendas internas.
“Isso quer dizer 60 mil veículos a mais produzidos aqui dentro ao invés de serem importados.”
Para as exportações, a Anfavea trabalha com convicção de que atingirá o volume previsto de 1 milhão de unidades em 2017. As projeções iniciais para este ano apontavam para queda de 4,5% a 5% sobre 2012, mas Moan sinaliza que a revisão, ainda em andamento, já reverte este resultado para um índice positivo. “Na nova meta, a projeção para exportações passou a ser positiva: isso não é fruto de ganho de produtividade, mas fruto do aquecimento de vários mercados.”
A maior promessa da Anfavea, contudo, está na produção. Segundo o presidente da entidade, este será o principal e maior indicador do ano: “Vamos crescer num ritmo muito bom por dois motivos: primeiro, pelo declínio dos veículos importados e pelo lado das exportações, porque vamos continuar crescendo. Não contamos com outros fatores que serviram para alavancar o mercado em 2012, como a redução do IPI, que em janeiro próximo consideramos que voltará aos patamares originais”, conclui.
Sobre o cenário projetado para os próximos anos, o que vem após 2017, quando termina a vigência do atual regime automotivo, a Anfavea começa a arregaçar as mangas. Para ter a indústria que se quer pós-Inovar-Auto, a ideia é planejar agora os passos que se quer dar no futuro, visando principalmente o desenvolvimento local, defende Moan. Um embrião do que deve reger a indústria nas próximas décadas já está na mesa da entidade, a segunda edição do Inovar-Auto, para vigência entre 2018 até algo como 2030. Segundo ele, as conversas com o governo já começaram e ele espera que o novo regime seja publicado já em 2015.
Fonte: Sueli Reis, AB
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