Publicado em 01/07/2013
A presença mandatória de 10% de etanol na gasolina norte-americana abrirá, no longo prazo, oportunidades de exportação para o produto brasileiro. A avaliação é do professor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia, José Goldemberg, durante o painel “Brasil-Estados Unidos: oportunidades e obstáculos para a cooperação em biocombustíveis”, realizado durante o Ethanol Summit 2013, em São Paulo.
Goldemberg explica que há limitação para a expansão da área de cultivo de milho nos Estados Unidos, que hoje é de 14,5 milhões de hectares. Já no Brasil, a área de plantio de cana de açúcar, de 6 milhões de hectares, pode ser expandida. “Para atender a demanda de 57 bilhões de litros em 2015 os Estados Unidos terão de importar etanol e o Brasil é o produtor mais vantajoso”, afirmou.
O ex-ministro informou que, além dos Estados Unidos, outros 25 países adotaram a mesma medida de incluir 10% de etanol na mistura com a gasolina. O objetivo é baixar o nível de gases veiculares emitidos. “O etanol de cana é mais favorável para a redução de emissões do que o do milho”, explicou. Isso porque a cana é atualmente a fonte mais sustentável de etanol, produz 9,3 unidades de energia renovável para cada unidade de combustível fóssil gasto em seu ciclo de fabricação, enquanto para o milho essa relação é de apenas 1,4:1 e para a beterraba 2:1.
Com isso, o desempenho ambiental é amplamente favorável: o uso de etanol de cana nos carros reduz de 61% a 91% as emissões de gases de efeito estufa, reabsorvidos em boa parte pelas próprias plantações, enquanto para o concorrente derivado do milho a diminuição vai de 1% a 49%, dependendo das condições de operação.
O custo de produção do etanol brasileiro também é imbatível: cerca de US$ 50 por barril, quase o mesmo do petróleo retirado de águas profundas e US$ 10 mais barato do que o combustível de milho, segundo estudo da petrolífera britânica BP.
Fonte: Fernando Neves, para AB.
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