Publicado em 16/05/2013
O desânimo de investidores em relação ao Brasil está entre as principais barreiras à recuperação da economia. Conta feita pelo Itaú Unibanco com base em dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra um quadro de estagnação da confiança dos empresários em nível baixo.
O banco calculou a média dos indicadores de confiança considerando o peso de cada setor - indústria,
serviços, construção e comércio - no PIB (Produto Interno Bruto).
O índice atingiu média
de 92,7 pontos nos primeiros quatro meses de 2013, resultado 4,4% inferior à média registrada desde julho de
2010. Na comparação com o pico da série, em agosto de 2010, a confiança está 10% menor.
"Depois de ensaiar uma recuperação, o índice voltou para o baixo nível de meados de 2012. Ou
seja, não há recuperação da confiança", diz Aurélio Bicalho, economista do Itaú
Unibanco.
A atividade nos setores de comércio e serviços vem perdendo fôlego, mas a indústria
é o que mais preocupa.
Um termômetro muito acompanhado do setor é o índice de gerente de compras
(PMI) calculado pelo HSBC e pela consultoria Markit.
O PMI tenta antecipar o movimento da indústria com base em
entrevistas com executivos sobre estoques, contratações, exportações etc.
O PMI do Brasil se
recuperou em janeiro. Desde então, embora ainda aponte expansão, vem perdendo fôlego. O índice
de abril foi o mais baixo desde outubro de 2012.
Dados ainda fracos de confiança dos empresários e do ritmo
de atividade da indústria estão por trás de uma rodada recente de revisões para baixo nas projeções
de crescimento do PIB em 2013.
O Itaú Unibanco reduziu sua projeção recentemente de 3% para 2,8%.
Fernando Montero, economista-chefe
da corretora Tullett Prebon, também revisou sua projeção de crescimento de 3,3% para 3,1% neste ano.
Montero
diz que esse número o situa entre os mais otimistas, mas ressalta que sua projeção considera fatores
excepcionais como a forte expansão da safra agrícola e o fato de que o período de abril a dezembro terá
cinco dias úteis a mais do que em 2012.
"Apesar desses fatores excepcionais, o quadro geral da economia é fraco. Houve frustração com os resultados
da indústria, que sofre com a falta de competitividade", diz.
Segundo Montero, os ganhos do setor com a desvalorização
do real no primeiro trimestre deste ano foram em boa parte anulados pelo aumento dos custos com os trabalhadores superior
ao avanço da produtividade.
Para analistas, a recuperação do setor industrial depende no curto prazo da retomada de investimentos para
melhorar a produtividade (medida de eficiência) do setor.
"O crescimento neste ano vai depender do que ocorrerá
com o investimento. O problema é que houve uma piora geral do humor em relação ao Brasil", diz Constantin
Jancso, economista do HSBC, que projeta expansão de 2,6% do PIB em 2013.
Fonte:Érica Fraga, Folha de São Paulo
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