Publicado em 21/03/2013
A Renault começa a traçar novos planos de atuação no mercado brasileiro a partir das exigências do Inovar-Auto, o que demandará um novo investimento no País, além do aporte já anunciado pela montadora, de R$ 1,5 bilhão, para o período 2010-2015. O presidente da marca para o Brasil, Olivier Murguet, revela que a empresa já traça um esboço do que deve ser feito para alcançar a exigência do novo regime automotivo no quesito eficiência energética (consumo de combustível), que envolverá a renovação das tecnologias dos motores fabricados no complexo Ayrton Senna, em São José dos Pinhais (PR). Atualmente, a marca produz propulsores 1.0 e 1.6 para o mercado interno e América Latina.
Para Murguet, a montadora se enquadra nos demais critérios do regime, como inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento e conteúdo local.
“Mas temos um critério para o futuro, o de eficiência energética, que vai gerar esforços e desenvolvimento mais rápido nos motores”, afirmou Murguet na quarta-feira, 20, durante a inauguração da nova fábrica de veículos leves, que passou por uma completa reforma após parar por oito semanas, entre 8 de dezembro e 7 de fevereiro. A reconstrução consumiu um terço do aporte (leia aqui).
Murguet explica que, quando planejado, o investimento de R$ 1,5 bilhão foi baseado em três pilares de aplicação: aumento da capacidade produtiva, processo que incluiu a reconstrução da fábrica de veículos leves, elevando a produção total de 280 mil para 380 mil unidades por ano; a ampliação da rede de distribuição e o aumento do portfólio, que já foi iniciado com o novo Clio e nova Master.
A ampliação da fábrica de motores, que demandará parte do investimento, R$ 240 milhões, é um resquício do pilar aumento da capacidade produtiva. Até o fim deste ano, a unidade expandirá sua capacidade de 400 mil unidades por ano para 500 mil e, diferente do processo utilizado na fábrica de veículos leves, a produção não vai parar. A planta é responsável pelo abastecimento da produção interna (Sandero, Logan e Duster) e da produção em outros países da América Latina, como México, onde fornece o motor 1.0 para o Nissan March.
A parte restante do investimento será aplicada em melhorias na própria fábrica (vestiários, refeitórios) e em novos produtos. Com a ampliação da capacidade, a fábrica está pronta para receber novos modelos, diz Murguet. Questionado sobre o Captur, compacto global da marca apresentado no Salão de Genebra, ele não descarta a possibilidade de o modelo ser montado no Brasil.
“Estamos sempre prospectando novos segmentos. Nosso próximo passo para produto é a renovação da gama atual, mas novos modelos aparecerão nos próximos anos.”
Com a paralisação da fábrica, as vendas da Renault esfriaram no início do ano por causa da falta de produtos nas concessionárias.
“Em janeiro e fevereiro deste ano tivemos uma participação baixa, como era previsto, por causa da paralisação da fábrica. Em março as vendas vão subir, mas ainda não no seu potencial. Os carros começaram a ser faturados para a rede após o carnaval. Então, a partir de abril ou maio é que devemos chegar ao nível de participação que tínhamos no ano passado. Nossa meta é crescer em nível acima do mercado a partir de abril.”
Apesar de ser o principal mercado da Renault no continente americano e o segundo globalmente, perdendo apenas para a França, o Brasil oferece mais desafios ou barreiras do que há alguns anos, quando a indústria nacional engatinhava e não tinha intenção de se tornar o sétimo maior país produtor de veículos do mundo.
Para Olivier, o custo Brasil dificulta – e muito – a concessão de investimentos das matrizes no País, já que outros mercados também em ascensão econômica se mostram mais competitivos, como Índia, China e Rússia.
“É difícil aprovar projetos de investimento no Brasil: a rentabilidade no País caiu e o custo subiu. Este não é um mercado que gera os maiores lucros e isso está complicando um pouco o processo de trazer os aportes. Atrasa e complica: este é o meu dia a dia.”
Ainda assim, a Renault não abre mão do mercado brasileiro, por seu potencial crescimento de demanda. Os números justificam as apostas: nos últimos três anos, as vendas da marca mais que dobraram e em 2012, o volume de vendas representou 6,6% do mercado total. A meta da montadora é chegar aos 8% em 2016. Para isso, o número de revendas deverá subir das atuais 235 para 275 até o fim deste ano, representando uma cobertura de 83% do território nacional.
Fonte: Sueli Reis, Automotive Business
Envie para um amigo