Publicado em 28/01/2013
A fabricante de carros de luxo Audi, do grupo Volkswagen, negocia com o governo a possível fabricação de automóveis no Brasil, mas depende de mudanças nas regras de exigência de 60% de conteúdo nacional, informou o presidente do Conselho de Administração da empresa, Rupert Stadler, em conversa às margens do Fórum Econômico Mundial.
Ele se queixou da ausência de regras claras, por escrito, para a adoção do conteúdo nacional
e da impossibilidade de cumprir requisitos de conteúdo nacional para automóveis com baixo volume de vendas no
país.
“Quem sai prejudicado é o consumidor, obrigado a pagar bem mais caro”, argumentou.
Desde
o lançamento do novo regime automotivo, com aumento do IPI em trinta pontos percentuais para carros importados sem
conteúdo nacional, as vendas da Audi no Brasil caíram de quase 18 mil para um terço desse volume.
A Audi chegou a montar uma fábrica em Curitiba, nos anos 1990, na expectativa de vender cerca de 50 mil caros anuais; mas a crise financeira mundial, na época, reduziu drasticamente as vendas, para aproximadamente dez mil automóveis anuais, e a fábrica foi transferida para produção de automóveis da Volkswagen.
A Audi pode até aumentar a composição de partes e peças nacionais, usando, por exemplo, aço já usado pela Volkswagen em seus automóveis; mas a exigência de 60% em conteúdo nacional, que obrigaria a empresa a fabricar no país componentes de alto valor, como motores e transmissão, inviabiliza a construção de uma fábrica brasileira, disse o executivo. “Não consigo quem me forneça apenas três mil conjuntos de transmissão por ano”, exemplificou Stadler.
Na China, onde a empresa passou por longas e difíceis negociações, a Audi hoje vende hoje cerca de 400 mil automóveis, um volume mais de duas vezes superior ao das vendas nos Estados Unidos e que seria impossível de alcançar no mercado brasileiro, comparou.
A Audi tem, porém, forte interesse no Brasil, onde vê espaço para aumentar as vendas caso consiga negociar melhores condições para fabricação de seus carros, garante Stadler. A falta de regras claras para a fabricação, em um produto que costuma ter um ciclo de desenvolvimento de sete anos, torna essa decisão ainda mais difícil, queixou-se.
Não foi o único fabricante de automóveis a apontar problemas para fabricação no Brasil. Carlos Ghosn, da Renault, na véspera, em debate sobre os mercados emergentes, para mostrar a falta de competitividade da indústria no Brasil, comentou que o país exporta ferro para a Coreia, que fabrica aço e o exporta ao mercado brasileiro a preços mais baixos que os do concorrente nacional.
Fonte: Valor Econômico
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