Publicado em 25/01/2013
Apesar de expressiva redução nos valores, no ano passado os fabricantes de veículos instalados no Brasil continuaram no grupo das empresas multinacionais que mais remeteram lucros e dividendos às matrizes no exterior, obtidos sobre suas operações brasileiras. Segundo dados divulgados pelo Banco Central esta semana, o total enviado somou US$ 2,44 bilhões em 2012, o que representa 11,3% de todos os dividendos pagos no período, colocando as montadoras em segundo lugar entre todos os setores pesquisados pelo BC, perdendo por pouco para o setor de bebidas, que mandou US$ 2,49 bilhões, 11,5% do total.
O total remetido em 2012 registra substancial queda de 56% sobre 2011, quando o setor atingiu o recorde histórico de US$ 5,6 bilhões remetidos e foi o que mais mandou lucros para fora. Com isso, as montadoras tiveram recuo maior do que a média de todos os setores, que foi 25,7% no ano passado. Na verdade, os fabricantes de veículos ficaram mais próximos dos valores remetidos usualmente por empresas de outras atividades, mas ainda assim continuam no topo da lista dos que mais mandam dinheiro ao exterior.
A queda na remessa de lucros observada no ano passado poderia ter sido bem menor se não fossem dois fatores combinados: a desvalorização de mais de 20% do real diante do dólar e recuo nos ganhos.
A taxa de câmbio em 2012 sozinha comeu boa parte dos ganhos, tornou-se desfavorável aos pagamentos externos, pois as empresas conseguiram comprar menos dólares com os reais que faturaram aqui. O outro vetor de baixa foi a necessidade de ficar com mais recursos no Brasil para investimentos em ampliações de fábricas e lançamento de novos produtos. Ao mesmo tempo, a economia brasileira reduziu seu ritmo de crescimento e o mercado de veículos andou retraído em 2012, o que obrigou as montadoras a oferecer descontos e lucrar menos.
Os fabricantes de caminhões, em especial, tiveram grandes dificuldades em enviar lucros às matrizes, pois o mercado foi duramente afetado pela mudança de legislação de emissões, agravada pelo ritmo lento da economia.
Em um ano difícil para o setor, os US$ 2,44 bilhões remetidos comprovam a competência das montadoras em continuar lucrando no País.
Fonte: Pedro Kutney, Automotive Business
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