Publicado em 06/12/2012
A primeira e mais antiga fábrica da Mercedes-Benz fora da Alemanha, inaugurada há 60 anos na Argentina, deve dobrar sua capacidade atual de 18 mil veículos/ano, apoiada em um novo programa de investimentos de US$ 170 milhões de 2013 até 2015, anunciado em outubro passado. “Nossa expectativa está baseada no crescimento da produção da van Sprinter e da chegada de um novo produto (em segmento de peso menor, em torno de 1,1 tonelada), a sucessora da Vito”, explica o presidente da operação no país, Roland Zey. As exportações ao Brasil são peça-chave nessa estratégia, pois garantem de 60% a 70% da produção da planta argentina.
“Nossa planta é bastante dependente do mercado brasileiro”, reconhece Zey, que dirige uma das três unidades no mundo que fabricam a van Sprinter, nos arredores da capital argentina, Buenos Aires – as outras duas estão em Dusseldorf, na Alemanha, e perto de Xangai, na China. Apesar dos constates problemas nas relações entre Brasil e Argentina, o executivo se mostra confiante no futuro do bloco econômico, apontando a projeção de alta de 11,9% do mercado brasileiro até 2020 e de 9,7% do argentino no mesmo período. “A União Europeia não foi sempre como é hoje. Muitos de seus países enfrentaram contendas comerciais. O Mercosul também passa por problemas, mas a união entre os dois maiores países da região deve seguir adiante porque é importante para ambos”, avalia.
A fábrica argentina da Mercedes-Benz emprega atualmente 2 mil pessoas. Nos últimos dois anos os investimentos na unidade foram de US$ 100 milhões. A planta também fabrica um modelo de caminhão semipesado destinado ao mercado local, mas o foco principal são os 52 modelos com diversas configurações para carga e passageiros das vans Sprinter, que ocupam mais de 90% da produção. Foram fabricados 18.505 veículos em 2011, número que atinge a capacidade máxima e deve ser repetido em 2012.
“Este ano já produzimos mais de 14 mil Sprinter e estamos com a capacidade tomada”, diz Zey, explicando que 4 mil delas foram vendidas na Argentina e o resto seguiu para outros mercados sul-americanos. O Brasil sozinho absorveu 7 mil unidades até novembro. “Só não vendemos mais porque faltou produto”, explica Adriana Taqueti, gerente sênior de vendas da Sprinter no Brasil.
Ela lembra que houve renovação do modelo em 2012, com novos design, configurações e motorização Euro 5, o que fez as vendas baixarem no momento de transição. O problema foi agravado por disputas comerciais com a Argentina e logo depois, a Receita Federal brasileira entrou em greve, provocando represamento de entrega. Outro gargalo foi a implementação de ambulâncias – a Mercedes-Benz venceu licitações para vender 950 delas este ano – com espera de 60 a 90 dias. Mesmo assim, a executiva estima que o ano vai fechar com cerca de 8 mil Sprinter vendidas, número parecido com o de 2011. “Esperávamos um pouco mais, mas pelos entraves que enfrentamos, consideramos o resultado bom”, diz.
O Brasil vem se mostrando um terreno promissor para veículos comerciais leves. Na faixa de peso da Sprinter, os emplacamentos devem atingir 45 mil unidades este ano e a Mercedes-Benz tende a ficar com participação de 15% a 16%. O País é hoje o quinto maior consumidor de vans da marca alemã e, pelas projeções da empresa, pode chegar a terceiro nos próximos três anos. A sucessora da Vito, irmã menor da Sprinter, a ser produzida na Argentina a partir de 2015 pode melhorar esse desempenho, pois surgirá em um segmento pouco explorado pelas fabricantes no Brasil, estimado pela empresa em 60 mil a 70 mil unidades/ano.
Hoje a configuração de vendas da Sprinter no Brasil é de 35% para furgões, 35% para vans de passageiros e 30% de veículos chassi-cabine, que são implementados principalmente com baús pelos compradores. “Há dois anos o mix do produto era de 60% para transporte de passageiros e 40% para carga. Hoje essa proporção se inverteu”, informa Adriana Taqueti, destacando o crescimento de 35% ao ano dos negócios com modelos chassi-cabine, que atraíram mais clientes frotistas interessados em colocar em suas frotas caminhões isentos das proibições ao tráfego em algumas grandes cidades brasileiras.
“O mercado começou a mostrar migração para veículos de carga de até 3,5 toneladas (PBT), sem restrições de tráfego. Tivemos boas surpresas com frotistas que iniciaram negócios com a Sprinter ou trocaram modelos maiores por menores.” As vendas de varejo, para clientes particulares, ainda representam 80% dos compradores da Sprinter no Brasil, mas a Mercedes-Benz já tratou de tomar providências para aproveitar a mudança de maré nesse segmento. Este ano já foram criados seis pontos exclusivos de venda da Sprinter e instalados 32 centros especializados em concessionárias da marca.
As licitações públicas também foram importantes para o segmento este ano, com 3,5 mil unidades vendidas em concorrências públicas. Por esse canal, a Mercedes-Benz já vendeu 950 Sprinter em 2012, sendo 500 delas para ambulâncias do Samu de São Paulo, que comprou o total de 2,2 mil veículos.
Com o mercado em ascensão, a Mercedes-Benz está aumentando o número de opções da Sprinter, com o lançamento de mais quatro modelos no mercado brasileiro: duas vans para 17 ou 20 passageiros mais o motorista, um furgão envidraçado e um furgão misto, com capacidade para levar seis pessoas e mais 8 metros cúbicos de carga, ideal para equipes de trabalho.
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