Publicado em 12/11/2012
Pressionados pela nova legislação de emissões, contida no Inovar-Auto, e pela chegada ao mercado brasileiro de novos concorrentes com motores modernos, os fabricantes locais de veículos se mobilizam para aperfeiçoar seus propulsores e lançar projetos capazes de atender níveis mais rígidos de consumo e emissões. Tão logo seja publicada a portaria que regulamenta os níveis de eficiência energética contidos no regime automotivo as empresas vão detalhar, afinal, suas estratégias definitivas.
As iniciativas, indispensáveis para contribuir na redução do chamado IPI gordo, de 30 pontos extras, serão introduzidas gradativamente até 2017, de modo a atender a meta de 12,08% de redução de consumo de combustível já contemplada no Inovar-Auto. A forma de contabilizar essa redução será esclarecida em portaria.
Não se espera, ainda, que os novos motores tenham os requintes dos similares europeus, norte-americanos e asiáticos, que recorrem a injeção direta, turboalimentação e comando de válvulas variável. Na trajetória para a disseminação dessas tecnologias, que se traduzem em maior eficiência na combustão, ganho de potência e redução de emissões, novos componentes estão sendo desenvolvidos, como blocos de alumínio, mais leves que os de ferro.
A preocupação com a eficiência energética já aparece no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE), promovido pelo Inmetro, que evidencia a eficiência energética (classificação por consumo) e classifica os carros com notas de A a E. Este ano a lista alinha 184 veículos de passeio, de 10 marcas diferentes, em seis categorias, e acrescenta utilitários esportivos. Em 2011 havia oito fabricantes e 105 modelos e versões. Estão na relação Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen, além das novatas Citroën e Hyundai. GM, Mitsubishi e Nissan ainda não aderiram à etiquetagem, que é voluntária.
Informações de bastidores revelam que a Volkswagen promoverá um alinhamento internacional de seus motores, produzindo com alumínio a família de motores EA 211 na fábrica de São Carlos (SP), incluindo um três-cilindros que será usado no seu futuro compacto Up! e no utilitário esportivo Taigun. As capacidades podem ser de 1.0, 1.4 e 1.6 litro. Hoje são montados os motores EA 111 (1.0, 1.4 e 1.6), com blocos de ferro da Tupy, Teksid e WHB, que também fornece cabeçotes de alumínio.
Em maio de 2011, quando comemorou 7 milhões de motores montados desde 1996, a unidade da Volkswagen em São Carlos inaugurou nova área de usinagem para elevar a produção diária de 3,3 mil para 3,8 mil propulsores, com investimento de R$ 90 milhões. Mas a expansão é bem maior: já está construída uma nova linha de produção bem ao lado da atual, que já começa a receber maquinário e deve praticamente dobrar a capacidade da unidade no interior paulista.
A PSA Peugeot Citroën, com a família de motores EB0, e a GM fizeram cotações separadas entre fornecedores de componentes, mas agora estão em conversações para definir estratégias comuns, incluindo a introdução de blocos e cabeçotes de alumínio. Em Joinville (SC) a GM faz investimentos na fábrica de motores e transmissões, mas trata-se de ampliação de capacidade - a empresa fará mais do mesmo. A GM detém 7% das ações da PSA, cuja planta em Porto Real (RJ) fabrica motores de quatro cilindros 1.4 (8 válvulas), 1.5 (8 válvulas) e 1.6 (16 válvulas) ao ritmo de até 280 mil unidades/ano (1.037 unidades/dia). Do total produzido, que alcançou 1 milhão em 2011, 39% foram exportados.
Além de produzir motores em sua unidade de São José dos Campos (SP), em Joinville a GM aplica R$ 350 milhões e está próxima de inaugurar a linha de montagem de motores da família SPE/4 (1.0 e 1.4, 8 válvulas), que terá capacidade para 120 mil unidades/ano, além de 200 mil cabeçotes, dos quais 80 mil serão destinados à fábrica de Rosário, na Argentina.
Projeto significativo em andamento é o da Nissan, que terá fundição de alumínio no complexo de Resende (RJ), para fabricar blocos de motores 1.0 (3 cilindros) e 1.6 (4 cilindros). A Renault poderá ser beneficiada com o projeto da montadora japonesa, com a qual trocará propulsores. Especula-se que a Mercedes-Benz poderia entrar nesse programa e até mesmo montar algum de seus veículos na planta fluminense da Nissan. Vale lembrar que o novo Classe A adotou um motor 1.5 diesel da Renault.
A linha de motores atual da Renault em São José dos Pinhais (PR) engloba 1.0, 1.2 e 1.6 de 8 e 16 válvulas. A planta já produziu 2,5 milhões de unidades, das quais 1,2 milhão foram exportadas para abastecer mercados da Argentina, Chile, Colômbia e México. Essa fábrica, além de equipar modelos da marca, produz também o motor 1.0 do March, modelo da coligada Nissan, que é montado no México e vendido no Brasil. A Renault elevará em 100 mil unidades a capacidade de produção da linha paranaense,
lcançando o patamar de 500 mil/ano em 2013. A iniciativa dará fôlego às plantas de automóveis e comerciais leves, cuja capacidade subirá de 280 mil para 380 mil veículos/ano.
A Ford fabricará em Camaçari (BA) motor derivado do Fox inglês para atender a montagem do novo Ford Ka nas versões hatch e sedan. O bloco de ferro deve ser fornecido pela Tupy. A planta de motores, com aporte de R$ 400 milhões, poderá produzir até 210 mil unidades por ano. A empresa faz em Taubaté (SP) os motores Sigma 1.6, de alumínio, utilizados no EcoSport, New Fiesta (México) e Focus (Argentina). Já foram produzidos 3 milhões de Zetec Rocam 1.0 e 1.6, na mesma unidade, para equipar o Fiesta, Ka e picape Courier, à base agora de 1,1 mil por dia.
Na Fiat há esforços em andamento para aperfeiçoamento dos atuais propulsores e ainda não se sabe de instalações completas para produção de motores no complexo de Goiana (PE). A empresa monta os modelos Fire e EVO em Betim (1.0 e 1.4, de 8 válvulas) e e-torq (1.6 e 1.8, de 16 válvulas) em Campo Largo (PR).
Desde 2008, a Honda produz os motores do Civic, Fit e City na sua fábrica de Sumaré (SP) onde, nos últimos
anos, passou a fundir e usinar blocos e cabeçotes de alumínio na própria unidade.
Em Porto Feliz
(SP) a Toyota investe R$ 1 bilhão para construir sua fábrica de motores a ser inaugurada até 2015. A
japonesa montará as versões 1.3 e 1.5, para o Etios, e 1.8 e 2.0 do Corolla, todas com 16 válvulas. Os
dois últimos terão comando de válvulas variável. A planta empregará até 700 pessoas
no primeiro estágio de produção.
A Mitsubishi Motors do Brasil trabalha na expansão de suas
operações automotivas investindo R$ 1,1 bilhão na unidade de Catalão, em Goiás, para aumentar
a capacidade de produção, lançar novos modelos e dar partida a uma fábrica de motores, em 2014,
eliminando as importações do Japão.
Fonte: Paulo Ricardo Braga, Automotive Business
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