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Publicado em 03/11/2015
O mel produzido em Ortigueira, na região central do Estado, é o primeiro produto paranaense a receber o registro de Denominação de Origem (DO). A concessão reconhece que as características físico-químicas do produto decorrem das condições botânicas da região, sendo diferenciado do mel produzido nos arredores. O registro consolida a estratégia do Sebrae/PR para o setor do agronegócio, com foco em produtos de diferenciação pela qualidade e tipicidade.
O registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem (DO), para Ortigueira, foi conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em setembro na Revista de Propriedade Industrial (RPI). A conquista é decorrente do Projeto Mel do Município de Ortigueira, iniciativa apoiada pelo Sebrae/PR e parceiros, como a Associação dos Produtores Ortigueirenses de Mel (Apomel), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Prefeitura de Ortigueira, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura.
O registro foi foi entregue à Apomel no dia 30 de Outubro durante o 7º Seminário da Apicultura de Ortigueira e Região.
“Em 2009, quando a proposta começou a ser desenvolvida em Ortigueira, as ações eram mais focadas na qualificação dos apicultores. O desafio era melhorar o processo de fabricação e extração do mel”, relembra o consultor do Sebrae/PR, Fabrício Bianchi. Posteriormente, foram realizadas análises da produção do mel em Ortigueira, no período de 2009 a 2011, para que o processo de produção pudesse ser melhor compreendido, já visando ao pedido junto ao INPI, que inicialmente, era para espécie Indicação de Procedência (IP).
“Como já tinha sido realizada a análise microbiológica, fisioquímica e sensorial do mel, fomos instruídos a buscar o registro de Denominação de Origem. Fizemos o pedido junto ao INPI em maio de 2013 e, um ano após, foram feitas algumas exigências pelo Instituto, que incluíam a apresentação de novos documentos e alguns novos detalhamentos. Todas as exigências foram cumpridas e, recentemente, foi conquistado o registro que garante a origem do mel e onde ele é produzido”, comemora Fabrício Bianchi.
Segundo o consultor do Sebrae/PR, o registro beneficia 45 apicultores de Ortigueira, responsáveis por aproximadamente 90% da produção local. “O processo de identificação geográfica visa não somente a obtenção de um selo. Ele mexe com toda a organização da cadeia produtiva, é um processo de convergência de interesses e de muitas conversas. A partir de agora, o desafio continua sendo grande, pois é necessário que o registro seja resguardado como outras Denominações de Origem que existem no País”, afirma Fabrício Bianchi, que esteve à frente do Projeto Mel do Município de Ortigueira até o final do ano passado.
Em 2015, o Projeto foi assumido pelo consultor do Sebrae/PR, Fernando Pizani, que é gestor regional de agronegócio e também destaca a participação e o envolvimento direto do engenheiro-agrônomo Henry Rosa, da Emater; e Wanderley Sartori do Carmo, da Secretaria de Agricultura de Ortigueira, nessa importante conquista. O trabalho, conforme ele, está focado, neste momento, na comercialização do mel, que é o maior desafio para os apicultores do município. Considerado o maior produtor de mel do País, com uma produção de 500 toneladas em 2014, a maior parte da produção de Ortigueira é vendida à granel.
“A ideia é processar e envasar o produto por meio da Unidade de Beneficiamento de Mel, que foi construída pela Apomel, para que o produto receba o selo no rótulo e ganhe mais valor no mercado”, explica o consultor Fernando, ao reforçar que o trabalho também se volta para o mercado internacional. Segundo ele, parte da comercialização do mel produzido em Ortigueira é vendida para empresas que beneficiam o produto e o restante para pessoas que intermediam o processo de venda para empresas. “Nosso objetivo é que o produto seja processado e envasado na Unidade de Beneficiamento do Mel, porque isso vai agregar mais valor ao produto.”
É o que também espera a presidente da Apomel, Ana Mozuski Kutz, que está no comando das atividades há oito anos. “A concessão do registro é a realização de um processo longo e que pode abrir mercado para nossos associados. O envolvimento dos parceiros foi fundamental em todo o processo”, comenta ela, ao citar que uma das ações da Apomel inclui o início das atividades da Unidade de Beneficiamento de Mel, cujos recursos para a obra foram repassados pela Usina Hidrelétrica Mauá, como indenização coletiva aos apicultores que desenvolviam atividades na área do empreendimento.
“Além do valor da indenização, que foi utilizado para a construção da Unidade, conseguimos angariar recursos na ordem de R$ 340 mil através do Projeto ProRural. O montante será utilizado na aquisição de equipamentos para a Unidade e esperamos iniciar as atividades o quanto antes”, comemora a presidente da Associação. Além de focar as ações para a comercialização do mel de Ortigueira, o Sebrae/PR mantém, paralelamente, a assistência aos apicultores por meio do Centro de Transferência de Tecnologia, com a realização de cursos e capacitações, visando ao aumento da produtividade e efetividade da produção, com a melhoria do mel extraído.
Diferenciação no mercado
Para o diretor de Operações do Sebrae/PR, Julio Cezar Agostini, o registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem (DO), para o mel de Ortigueira, atribui ao apicultor a diferenciação de mercado. “Cada vez mais o produto será conhecido e reconhecido pelo público consumidor pela sua qualidade e pelo seu diferencial de qualidade. Isso fará com que os pequenos produtores tenham mais renda em longo prazo e, provavelmente, a produção será melhor remunerada no mercado”, comenta Julio Agostini.
Além do projeto em Ortigueira, o Sebrae/PR tem outras frentes de trabalho. Julio Agostini cita o Projeto dos Cafés Especiais, iniciativa do Sebrae/PR, da Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e parceiros, voltado para elevar a rentabilidade dos produtores por meio de cafés com qualidade diferenciada. O projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro foi a primeira Indicação Geográfica (IG) do Paraná e atua com base em quatro pilares, que são o associativismo, produção, rastreabilidade e mercado.
Dentre os produtos paranaenses que buscam a IG estão a uva de Marialva; o mel do Lago de Itaipu; o melado de Capanema; os queijos de Witmarsum; a goiaba de Carlópolis; a erva-mate de São Mateus do Sul; a farinha de mandioca, a cachaça, os derivados de banana e o barreado, estes do litoral paranaense. “São projetos desenvolvidos para valorizar os produtos junto ao mercado fazendo com que os pequenos produtores tenham mais renda e mais qualidade de vida”, explica Agostini.
Já o gerente regional do Sebrae/PR no centro do Estado, Joel Franzim Junior, acredita que a obtenção do registro torna o Paraná referência nacional. “O registro é muito importante para a nossa região, pois mostra que com trabalho bem orientado, com um grupo de empresários dispostos a investir e parceiros comprometidos, é possível ter um novo posicionamento no mercado, incrementando a competitividade e o faturamento. Com o registro, o Sebrae/PR em uma nova fase do projeto, focando firmemente nas questões mercadológicas”, conclui.
Há seis anos na atividade, o apicultor Roberto Vilevski já planeja dobrar o volume de colmeias visando aumentar o leque de clientes. Para ele, o trabalho desenvolvido pelos parceiros envolvidos no Projeto Mel do Município de Ortigueira foi fundamental para assimilar novas técnicas da profissão. “Tivemos muitos profissionais nos acompanhando nos últimos anos, o que foi muito importante para o nosso aprendizado. Esperamos que mais avanços ocorram para a apicultura com a obtenção do registro”, diz.
Mais notoriedade
Para Andreia Claudino, coordenadora estadual de Agronegócios, Alimentos e Bebidas do Sebrae/PR, a obtenção
do registro de Denominação de Origem do Mel de Ortigueira posiciona o Paraná como um importante ‘ator’,
não somente em produção, mas em história e notoriedade. “O registro demonstra que o Estado,
na localidade de Ortigueira, tem um ambiente favorável para a produção do mel, com características
genuínas. Isso faz com que tenhamos um posicionamento diferenciado na cadeia produtiva”, explica.
O desafio,
a partir da obtenção do registro, conforme Andreia Claudino, é focar as ações na área
de marketing e no acesso ao mercado. “A obtenção de registros e certificações são
formas de agregar valor a determinados produtos. É uma maneira de apoiar e promover os pequenos negócios rurais
para que eles consigam ter diferenciação e acessar o mercado de maneira única e particular”, reforça.
A prefeita de Ortigueira, Lourdes Banach, também enaltece o resultado da obtenção do registro. “Estamos investindo e apoiando projetos que reflitam no desenvolvimento local. Certamente, Ortigueira terá destaque nacional e internacional dentro da cadeia produtiva. É um avanço e nos dá ainda mais ânimo para continuarmos investindo no Município”, comemora.
Andreia Claudino é uma das integrantes do Grupo de Articulação da Rota Agroalimentar - Internacionalização, Selo de Origem e Imagem de Marca, o qual discute ações relacionadas a esta temática visando alavancar produtos das Indústrias Agroalimentares Paranaenses.
Fonte: Prefeitura Municipal de Ortigueira, Ag. Sebrae de Notícias e G1 -Campos Gerais e Sul
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