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Publicado em 01/03/2018
Chegarão ao país, a partir do mês de junho, cerca de 500 mil unidades de coco verde brasileiro, graças a um revestimento comestível, desenvolvido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, que pode prolongar em até quatro vezes a vida útil do produto. O uso dessa tecnologia mantêm as características nutricionais do coco natural e a água dentro dele sem alteração de cor ou sabor; atendendo a um mercado consumidor exigente.
Os cocos da variedade anão-verde, que começaram a ser exportados para a Europa, são produzidos no Polo de Fruticultura do Vale do São Francisco em Petrolina (PE). O empresário Edivânio Domingos, da Fazenda Coco do Vale, buscava há anos uma tecnologia que mantivesse a qualidade do coco verde in natura e aumentasse com qualidade a sua vida útil que, normalmente, dura em torno de dez dias.
O empresário encontrou uma solução desenvolvida pela Embrapa após uma década de pesquisa, que mantém o produto conservado por mais tempo: um filme que protege a fruta. Ao revestir outras frutas, o produto pode até ser ingerido sem risco à saúde. “O revestimento atua como uma barreira física e reduz o metabolismo do fruto ao diminuir a respiração, a atividade enzimática, a degradação de açúcares, minerais e vitaminas, mantendo as características sensoriais e garantindo a qualidade microbiológica do fruto e da água, ou seja, conservando-o por mais tempo”, conta Josane Resende, professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que realizou o estudo pioneiro em 2007, sob co-orientação dos pesquisadores Antonio Gomes, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, e Neide Botrel, da Embrapa Hortaliças.
“Essa tecnologia da Embrapa é espetacular, porque é de baixo custo e requer pouca mão-de-obra. São apenas três etapas: higienização, imersão na solução filmogênica e secagem. Assim, conseguimos ampliar a vida útil do coco verde para mais de 40 dias, viabilizando sua exportação para países europeus como Portugal, Bélgica e Holanda”, conta o empresário Domingos. Para obter esse resultado, ele também seguiu as orientações técnicas da Embrapa Agroindústria de Alimentos sobre a melhor forma de armazenamento dos frutos, além de regulagem de temperatura, umidade e ventilação dos contêineres no processo de exportação.
Durante o verão europeu, o empresário consegue vender a unidade do coco por um valor quase dez vezes superior ao praticado no Brasil no mesmo período, quando por aqui é inverno. O mercado brasileiro também tem demonstrado interesse no coco verde natural com revestimento, devido ao seu alto valor agregado. O produto já começou a ser vendido para São Paulo e outros estados brasileiros.
Na aplicação da tecnologia, os frutos passam pelo processo de higienização, antes de serem imersos em uma solução filmogênica à base de um polissacarídeo e outros compostos, que contribuem para a redução da atividade microbiana e a manutenção do valor nutricional. Após a secagem do revestimento, o produto fica pronto para ser embalado e armazenado para exportação ou comercialização no mercado nacional. A composição da solução filmogênica pode variar de acordo com as características fisiológicas do fruto, e não provoca alteração de cor ou sabor. “O revestimento pode ser utilizado em diversas frutas, como coco, melão, mamão, manga, melancia e goiaba. É uma tecnologia simples, que o próprio produtor pode aplicar em sua propriedade”, revela o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Antonio Gomes. Ele e sua equipe realizam cursos, treinamentos, palestras e consultorias sobre tecnologias e práticas pós-colheita, incluindo a do revestimento de frutas.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), o Brasil é o quarto maior produtor mundial de coco verde, chegando a quase dois bilhões de unidades por ano. A produção está concentrada na região litorânea do país, nos Estados da Bahia, Sergipe e Ceará. A mais alta produtividade registrada é a da região do Vale do São Francisco, no sertão pernambucano, com cultivo irrigado e uso intensivo de tecnologia.
Há mais de vinte anos, a equipe da área de pós-colheita da Embrapa Agroindústria de Alimentos, realiza pesquisas com objetivo de aumentar a vida de prateleira e reduzir as perdas de alimentos. Os estudos sobre o revestimento de frutas, que é biodegradável e comestível, começaram há pouco mais de dez anos.
Fonte: Estadão
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