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Ministério da Saúde e setor produtivo promovem debate sobre redução de açúcar nos alimentos industrializados

Publicado em 02/10/2017

Essa foi a primeira oficina, de uma série de 6, que pretende formar uma base técnica e científica para construir o plano de redução e seu cronograma de trabalho

As associações do setor de alimentos e bebidas (ABIA, Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação; ABIR, Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas; ABIMAPI, Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados e Viva Lácteos), em parceria com o Ministério da Saúde, promoveram em maio/2017, a primeira oficina técnica sobre redução de açúcar.

A maior parte do consumo do açúcar no Brasil vem do que é adicionado pelo consumidor no preparo dos alimentos em casa (56,3%), enquanto o açúcar adicionado nos alimentos processados responde por 19,2%, de acordo com dados da POF/IBGE. Apesar disso, o setor participa da construção de um plano voluntário para a redução do açúcar nos alimentos produzidos pela indústria.

Realizado na Fiesp, em São Paulo, com a participação da academia, dos técnicos da indústria, do Ministério da Saúde, Anvisa e representantes da sociedade civil, o encontro foi o primeiro de 6 que serão feitos ao longo de um ano para discutir diversos aspectos sobre as aplicações tecnológicas do açúcar, que vão muito além da função de conferir gosto doce aos alimentos e bebidas. Os açúcares têm um papel muito importante pois influenciam na textura, maciez, coloração, consistência e conservação dos alimentos industrializados.

O objetivo da programação das oficinas é coletar subsídios para a construção do plano de redução do açúcar, discutir a metodologia para identificação desse nutriente nas categorias e subcategorias a serem pactuadas, além de identificar as principais dificuldades tecnológicas e possíveis soluções.

Eduardo Nilson, da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, fez a abertura das apresentações do primeiro dia, abordando temas como o consumo de açúcar no Brasil, o aumento das doenças crônicas não transmissíveis e a inserção de ações para redução do teor de açúcar em alimentos industrializados no contexto das ações, estratégias e políticas de saúde.

Na sequência, Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo, professor da Universidade Federal de São Paulo, falou sobre mudanças de hábitos da população, causas multifatoriais das doenças crônicas não transmissíveis, sedentarismo, a importância da educação alimentar e outras ações institucionais.

A preferência da população brasileira pelo sabor mais doce e adaptação do paladar a reduções gradativas do açúcar foi o tema da palestra do antropólogo e museólogo Raul Lody. Dra. Ivone Delazari, consultora, deu um panorama geral sobre as funções s dos açúcares nos alimentos. Edulcorantes foi o tema tratado pela Dra. Maria Cecília Toledo, da Unicamp, em seu aspecto de exposição e segurança. Rodrigo Vargas, da Anvisa, falou sobre controvérsias no uso de edulcorantes como substituto do açúcar.

Por fim, Dra. Deise Marsiglia, do Instituto Adolfo Lutz, e Rosamaria Da Ré, consultora em desenvolvimento de produtos e negócios na área de alimentos, abordaram a questão da identificação do teor de açúcares em alimentos industrializados, caracterização geral, possibilidades atuais e metodologias disponíveis.

Ignez Novaes, gerente do departamento técnico da ABIA, enalteceu a importância do envolvimento de todos no debate: “Agradecemos a oportunidade de um diálogo mais amplo, para que pudéssemos tratar da complexidade desse desafio tecnológico para as indústrias”, afirmou.

“É um passo importante, que traz muitas informações e muitas interrogações. Sabemos que o problema não é o doce, o gosto doce, e sim o excesso no consumo. Que a gente consiga, em parceria, fazer essa mudança de paladar na população, porque o intuito desse trabalho é melhorar a saúde da população brasileira”, afirmou Eduardo Nilson, do Ministério da Saúde.

Acordo de Cooperação Técnica

Apesar de os desafios tecnológicos da redução do açúcar serem maiores e mais complexos, o plano terá na experiência realizada com o sódio uma importante referência, já que o modelo foi um sucesso reconhecido nacional e internacionalmente.

Apesar de a indústria ser responsável por apenas 23,8% do sódio consumido pelos brasileiros, contra 76,2% do sódio que é adicionado no preparo final dos alimentos (de acordo com dados da POF/IBGE), o setor produtivo assinou, de forma voluntária, 4 termos de compromisso com o Ministério da Saúde para Redução Gradual de Sódio em 35 categorias de alimentos.

O acordo, que estima retirar 28.562 toneladas até 2020, é voluntário por parte das empresas e já retirou, considerando os resultados do monitoramento dos 3 primeiros acordos, aproximadamente 15 mil toneladas de sódio.

Esse plano de redução foi feito no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica que a ABIA tem com o Ministério da Saúde desde 2007, para a construção de um Plano Nacional de Vida Saudável, que abrange aspectos de alimentação, atividade física e educação nutricional.

Dentre os resultados dessa parceria estão também a retirada de 309 mil toneladas de gorduras trans dos alimentos processados pela indústria (até 2015). Essa é uma conquista definitiva, pois trata-se de modificações realizadas nos processos produtivos.

Sobre a ABIA

Fundada em 1963, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA) representa hoje mais de 70% do setor em valor de produção.  Sua principal missão é atuar como interlocutora das empresas associadas com instituições públicas e privadas, governo e órgãos internacionais.

As atividades da Associação estão voltadas a assegurar uma legislação adequada às constantes evoluções tecnológicas do alimento processado; incentivar o uso de melhores técnicas de produção; promover o fortalecimento econômico-financeiro do setor e estimular o desenvolvimento sustentável da indústria da alimentação no Brasil, com ações focadas e alinhadas às necessidades do consumidor.

Fonte: ABIA

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