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Publicado em 13/10/2016
Enquanto as vendas de açúcar dos tipos mais convencionais caíram 6,4%, as do tipo demerara aumentaram 27% em 2015. Os pães industrializados caíram 3,5%, enquanto os integrais subiram 7%. E o leite UHT teve queda de 2%, caminho inverso ao de baixa lactose, que teve alta de 78%. Os dados são da Associação Paulista de Supermercados (APAS), em parceria com as consultorias Nielsen e Kantar, e mostram uma mudança de hábito na alimentação do brasileiro, que está mais atento ao mercado de comidas saudáveis.
O Brasil é o quinto maior mercado do mundo desse tipo de produto, registrando uma movimentação média de US$ 35 bilhões (R$ 112 bilhões) ao ano. De 2009 a 2014, o mercado cresceu 98%, segundo a entidade internacional de pesquisa Euromonitor. E a tendência é que continue crescendo.
Um levantamento feito pela empresa Mintel, em 2015, aponta que 30% dos brasileiros gostariam de ver uma maior variedade de produtos saudáveis no mercado e consumiriam mais se tivessem mais opções práticas para preparar, como, por exemplo, pratos prontos congelados e pré-cozidos.
Outro ponto é o fato de que esse crescimento está amparado em uma mudança de hábitos alimentares. Pesquisa da Associação Paulista de Supermercados feita em 2015 aponta que 79% dos entrevistados dizem ter trocado uma alimentação menos preocupada com o bem-estar pelas comidas saudáveis.
Segundo Shimoyama, isso denota que a expansão do mercado não é uma onda de consumo passageira e que o empresário precisa buscar diferenciais para o negócio, e encontrar, principalmente, formas práticas e acessíveis diante do cotidiano corrido das pessoas. Já Claudia Bittencourt, sócia-fundadora e diretora geral do Grupo Bittencourt Consultoria, vai mais além: “não é apenas uma mudança de hábito de consumo, mas da adoção de um estilo de vida diferente. E quando se fala nesse aspecto, a mudança é perene”, atesta.
É o caso da curitibana Eat&FIT, que há um ano e meio aposta no serviço de produção e entrega de refeições saudáveis para auxiliar as pessoas na organização e manutenção de dietas ou planos alimentares. A empresa, que faturou R$ 400 mil no primeiro semestre de 2016, contribui para a execução dos planos de alimentação passado pelos nutricionistas, ao monta cardápios de acordo com a necessidade do cliente. São seis mil refeições por mês entregues nos locais de preferência do cliente.
Com crescimento de 300% no acumulado dos últimos 12 meses, a empresa percebe a mudança na percepção das pessoas quanto à importância da alimentação, tanto para fins de saúde quanto estéticos. “Acredito que o aumento de empresas nesse segmento, falando e comunicando sobre a importância da alimentação, acelerou o entendimento das pessoas acerca dessa necessidade”, comenta Diego Bergamini, sócio proprietário da Eat&FIT.
Para a nutricionista e instrutora de gastronomia do Senac-PR Thalita Forster, focar em produtos específicos, como aqueles que imitam alimentos gostosos, mas gordurosos, e em novos públicos pode ser uma opção rentável.
“Existem empresas que produzem brigadeiro sem leite condensado, ou coxinhas com ingredientes saudáveis, que pode ser a opção de muita gente que, de vez em quando, opta por algum alimento que lembre aquele que tanto gosta”, comenta.
Entre os exemplos que exploram esse segmento está a loja on-line Kitanda. Nascido em Curitiba em maio de 2015, o e-commerce possui mais 600 produtos diet, light e suplementos alimentares, mas também opções sem glúten e sem lactose.
“No site, o cliente inicia uma experiência diferente que será finalizada quando receber o pedido. Nos preocupamos muito com cada detalhe, desde a comunicação, a caixa personalizada e os mimos e surpresas que recebe dentro da caixa”, explica Renata Tortelli, sócia-diretora da Kitanda.
Ao todo, são mais de 60 pedidos por dia e, em média, 800 clientes atendidos no mês. Com mais de 80 marcas diferentes à disposição do público, a Kitanda planeja lançar uma marca própria em 2017.
Segundo a instrutora do Senac, outro segmento que traz oportunidades de novos negócios é o de alimentação saudável para idosos. “Nós vemos muitas empresas focando na primeira infância, com papinhas naturais e purê de fruta orgânica. Mas é difícil vermos uma empresa que foque em alimentação para idosos, inclusive com serviço de entrega. É um caminho que precisa ser explorado”, aconselha.
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