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Falta de jovens no campo compromete futuro da agricultura familiar

Publicado em 05/07/2016

Garantia de renda, inclusão digital, acesso à educação e melhor qualidade de vida são fatores que pesam na decisão de trabalhar ou não com agricultura

O número de jovens, com idade entre 15 e 29 anos, que deixou o campo para viver na cidade caiu na última década, de acordo com o mais recente Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010. No entanto, mesmo em um ritmo mais lento, o êxodo ainda é preocupante. No ano 2000, o Brasil contava com 8,6 milhões de jovens vivendo na zona rural. Em 2010, a quantidade caiu para 7,9 milhões.

No Paraná não é diferente. Ao longo da década, mais de 100 mil jovens deixaram o campo para morar nas cidades. Atualmente, 362 mil jovens moram nas lavouras. Eles representam 22% da população rural do estado.

A fuga dos jovens preocupa os pequenos agricultores. No estado, dos 370 mil estabelecimentos rurais, 90% são pequenas propriedades. “Sem sucessão, a diversidade de produção de alimentos da agricultura familiar vai ficar comprometida”, afirma o consultor da Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura (FAO) no Paraná, Valter Bianchini.

“É preciso criar políticas públicas eficientes, que ofereçam melhores oportunidades para o jovem ficar no campo. Nós mostramos o potencial da agricultura familiar, mas é um desafio”, diz o coordenador da Juventude Trabalhadora Rural da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), Alexandre Leal dos Santos.

Bruno Raul Batistão, 72 anos, produtor de uma chácara em Colombo (RMC), tem três filhos, mas nenhum seguiu os passos da família. Uma das filhas é costureira, a outra é professora e o filho é técnico em segurança.

Valdirene Batistão, que chegou a tirar carteira de motorista de caminhão para ir com o pai na Ceasa, mora na propriedade e ajuda nas atividades diárias. “Queria ter estudado, mas precisava trabalhar. Faço costura ”, diz.

O irmão Adriano Batistão desistiu da agricultura quando a família perdeu o investimento feito em uma estufa. “Eu sempre trabalhei na lavoura, mas o dinheiro não dava para pagar a faculdade. Então fui trabalhar na cidade”.

Mudança

Para a assistente social da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Miriam Fuckner, os jovens que vivem no campo também querem um trabalho que lhes proporcione renda e qualidade de vida. “Ele deve enxergar a propriedade rural como uma alternativa rentável. Eles querem acesso à educação e à internet, assim como na cidade”, comenta Fuckner.

Segundo o economista e professor , Eugênio Stefanelo, hoje a agricultura familiar oferece boas perspectivas e trabalho bem remunerado para quem é eficiente. “Eu já vi muitos negócios familiares crescerem após adoção de tecnologia e a implantação de novas ideias trazidas pelos jovens. É possível ter um alto valor agregado “, afirma.

Fonte: Gazeta do Povo

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