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Selo orgânico nos alimentos exige paciência e recursos

Publicado em 14/03/2016

Para Antônio Rapetti, o Selo é uma garantia para o consumidor final

A conversão da agricultura convencional para a produção orgânica – e os reflexos no rendimento do negócio – pode ser um complicador para os agricultores que buscam o selo orgânico. Para vender os produtos em lojas e restaurantes, os produtores precisam obter a certificação por um organismo credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Já a comercialização em feiras, principalmente de hortifruticultura, pode ser feita diretamente ao consumidor, desde que o fornecedor esteja registrado no órgão federal, apresentando uma Declaração de Cadastro.

clique para ampliarclique para ampliarAntonio Rapetti é integrante ativo do Grupo de Articulação - Referência em Alimentos Orgânicos da Rota Agroalimentar. Rapetti é proprietário do Natural Market, no Setor de Orgânicos do Mercado Municipal de Curitiba. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

O grande número de exigências para adquirir o selo orgânico – valorizado por alguns, questionado por outros – é maior dor de cabeça dos interessados na mudança da forma de produção. Os produtores precisam prestar contas desde o tipo de semente utilizada até a produção e comercialização dos alimentos.

“O produtor deve fazer anotações da semente adquirida, quantidade e origem, insumo utilizado, manejo aplicado, quantidade plantada, produzida e comercializada. Não são exigências meramente burocráticas. É uma forma de o produtor mostrar que são realizados controles para garantir a qualidade orgânica dos produtos”, explica Fábio Corrales, gerente de certificação de produtos do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

“Essa situação tem se tornado um fardo. A exigência gera encargos que o pequeno produtor não pode arcar. Nunca vi um auditor coletar uma amostra de solo ou água para analisar. O respeito às regras depende da honestidade do produtor e não do sistema de certificação”, dispara Aderlan Silvério, que cultiva feijão, milho e erva mate, entre outros itens, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

Embora venda em feiras livres, Silvério destaca outras dificuldades do processo de certificação. “Tem baixa demanda e dificuldades logísticas. No longo prazo, é difícil de manter, pois o desperdício de produtos é muito grande.”

Para Antonio Rapetti, proprietário da loja de produtos orgânicos Natural Market, no Mercado Municipal de Curitiba, apesar das exigências, o selo é importante para o segmento. “Pode até ser um dificultador, mas, ao mesmo tempo, é uma garantia para o consumidor final”, pondera. De acordo com Rapetti, que também é produtor de frutas vermelhas orgânicas, as exigências do processo teriam começado na década de 1990, quando alguns agricultores diziam ter uma produção “parcialmente orgânica”, o que ele considera inaceitável. “Não existe ‘produtor meio orgânico’. Ou é, ou não é! Por isso, de lá pra cá, o governo teve que endurecer mesmo.”

Limites

As exigências da certificação, ratificadas por Rapetti e questionadas por Silvério, são comprovadas também pelos limites estabelecidos pelo Mapa. Para receber o selo, o produto precisa ser composto de, no mínimo, 95% de ingredientes orgânicos. Percentagens inferiores devem indicar apenas “produto com ingredientes orgânicos”. Já aqueles com menos de 70% não recebem a certificação.

Articulação da Rota Agroalimentar

“Criar campanhas de valorização de produtos certificados” é uma das ações presentes na visão de futuro que prevê o Paraná Referência em Produtos Orgânicos, do  Roadmapping da Indústria Agroalimentar.

Antônio Rapetti é integrante ativo do Grupo de Trabalho de Alimentos Orgânicos, que discute as ações previstas nessa visão de Futuro. Em 2016, na Semana Nacional dos Orgânicos, será lançado o Projeto + Orgânico.

Vale ressaltar que os trabalhos desenvolvidos pelos Observatórios SESI/ SENAI/ IEL são embasados na metodologia de prospectiva estratégica que preconiza a construção coletiva do futuro desejado.

Desta forma, é essencial que para o sucesso dos trabalhos os diversos segmentos da sociedade (academia, indústria, associações de classe, governo, etc.) estejam envolvidos para garantir que todos os interesses sejam abarcados nos resultados.

Pesquisadores, empresas e instituições interessadas em colaborar neste processo de articulação podem entrar em contato com a equipe através do e-mail:  observatorios.rota.agroalimentar@fiepr.org.br ou com Bruna Lunardi - Telefone: 41 3271-7441

Fonte: Gazeta do Povo

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