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Linguiça de Maracaju recebe selo de origem

Publicado em 10/12/2015

Com apoio do Sebrae, produtores da linguiça mais famosa de Mato Grosso do Sul estão protegidos contra falsas indicações de origem e produtos de qualidade inferior

Maracaju, a 160 km da capital sul-mato-grossense, possui história singular que une tradição a um produto com alto valor agregado – a linguiça de Maracaju. Nesta semana, produtores da iguaria comemoram o registro de Indicação Geográfica (IG) que garante a proteção contra falsificações de origem e produção. O processo teve o apoio do Sebrae e começou com estudo detalhado do produto, levantamento de dados e a documentação necessária para o registro da linguiça no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

clique para ampliarclique para ampliarEm 2015, cerca de 20 toneladas foram consumidas durante a Festa da Linguiça de Maracaju (Foto: Revista Poranduba)

Cortes bovinos de primeira linha, como coxão mole, alcatra, picanha, contrafilé e filé mignon, e ainda temperos regionais e modo exclusivo de produção são o diferencial da linguiça de Maracaju. O processo foi originado por necessidade: famílias colonizadoras de Maracaju, oriundas de Minas Gerais e Goiás no final do século 19, precisavam conservar os cortes bovinos nobres durante as viagens por meio de carros de boi. As jornadas duravam em média seis meses, numa época em que ainda não havia refrigeradores.

A história da receita centenária culminou na solicitação de Indicação Geográfica, usada para apontar a origem de produtos ou serviços quando o local se torna conhecido ou quando determinada característica/qualidade do produto ou serviço se deve à sua origem. O INPI analisou a documentação que comprovou a autenticidade da linguiça de Maracaju.

O município que deu origem ao produto exclusivo possui tradição na agropecuária e também é conhecido pela renomada Festa da Linguiça de Maracaju. Neste ano, a 21ª edição reuniu milhares de visitantes e comercializou cerca de 20 toneladas do produto.

Para o produtor mais conhecido da iguaria em Maracaju, Gerson Marcondes, a aquisição do IG é inestimável. “É uma sensação muito boa! Após cinco anos de luta e incertezas, conquistamos algo que será um patrimônio para os nossos descendentes e para a região.”

Aos 80 anos e meio (como fez questão de frisar), o produtor relembra momentos em que a linguiça de Maracaju fez parte de sua memória afetiva. “Quando me casei, há 48 anos, um parente meu, um dos precursores da receita, Joaquim de Souza, foi o responsável por fazer a linguiça para a festa. Então perguntaram o nome e ele respondeu na hora: essa é a linguiça de Maracaju.” Seu Marcondes também foi reconhecido em 1997 pelo Guinness Book – livro dos recordes – por produzir a maior linguiça já fabricada até então: 32,5 metros de comprimento, sem emendas. 

Tradição
O registro de Indicação Geográfica é conhecido há muito tempo em países com grande tradição na produção de vinhos e produtos alimentícios, como França, Portugal e Itália. No Brasil, a Lei da Propriedade Industrial 9.279 foi promulgada no dia 14 de maio de 1996.

Com o selo de origem assegurado, produtores da autêntica linguiça de Maracaju agora contam com a agregação de valor ao produto e a melhora de qualidade nas ações da cadeia produtiva, além de valorização do território e do know-how local em elaborar um produto com tipicidade específica, facilitando o marketing e acesso a novos mercados.

Pequenos produtores do município devem se beneficiar com o selo de origem como estratégia indispensável no âmbito da visibilidade e competitividade. A certificação confere a proteção do patrimônio municipal e econômico da região, dos produtores locais e dos consumidores que passam a adquirir o produto com procedência, o que contribui para a geração de emprego e renda.

Gilson Marcondes, filho de Gerson e presidente da Associação dos Produtores da Linguiça de Maracaju (APTRALMAR), comemora a obtenção do selo. “O sonho se tornou realidade. Muitos diziam que era ilusão, difícil de obter e de alto custo, mas enfrentamos os desafios e hoje ele é real.”

Para o presidente da APTRALMAR, o apoio de diversas instituições, entre elas o Sebrae, foi fundamental para indicar os caminhos e auxiliar na documentação exigida. “Tivemos ajuda com a papelada, mas também trabalhamos muito na divulgação e acreditamos que seria possível. Hoje é uma vitória”, celebrou.

Mel de Ortigueira - PR

O mel produzido em Ortigueira, na região central do Paraná, foi o primeiro produto paranaense a receber o registro de Denominação de Origem (DO), em Setembro/2015. A concessão reconhece que as características físico-químicas do produto decorrem das condições botânicas da região, sendo diferenciado do mel produzido nos arredores. O registro consolida a estratégia do Sebrae/PR para o setor do agronegócio, com foco em produtos de diferenciação pela qualidade e tipicidade.

Veja mais: Mel de Ortigueira é o primeiro produto do Paraná a receber denominação de origem

Fonte: Sebrae

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