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Publicado em 26/03/2015
O Pantanal agora é região oficialmente reconhecida como produtora de mel. O selo de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP), conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na última terça-feira (10), por meio de publicação no Diário Oficial do órgão, define a maior planície alagável do mundo como região com tradição na produção de mel. Esta é uma antiga reivindicação dos apicultores do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
O Conselho das Cooperativas, Associações, Entrepostos e Empresas de Afins à Apicultura do Pantanal do Brasil (Confenal), requerente do registro, adquiriu o direito exclusivo de autorizar o uso do selo. Esta entidade vai controlar sua aplicação nos produtos. O Sebrae MT apoiou o segmento, a organização de associações mato-grossenses e o processo junto ao INPI.
Novo estímulo
“O selo de Indicação Geográfica Mel do Pantanal era aguardado faz tempo”, comemora Félix Antenor Labaig, biólogo aposentado, apicultor há 40 anos de Cáceres e presidente da Associação de Apicultores do Alto Paraguai (Apialpa). Foram cerca de cinco anos, entre reuniões, organização das associações, o pedido e o registro. A partir de agora, os consumidores terão a garantia de estarem comprando mel pantaneiro, destaca Félix.
“O Pantanal representa a ausência da monocultura. Até o momento, é uma região preservada. A flora pantaneira gera o diferencial do mel da região. Existem néctares, que só ocorrem aqui”, justifica.
Everson de Aquino Nunes, apicultor de Poconé há 10 anos e atual presidente da Associação de Apicultores e Produtores de Mel Orgânico do Pantanal (Apiopan) ficou satisfeito com a notícia. “Faz tempo que estávamos lutando para conseguir este reconhecimento. A atividade anda enfraquecida em nossa região, mas agora acredito que vai incentivar os apicultores a voltar a produzir mais”, acrescentou.
Poconé já chegou a produzir 18 ton/ano. No ano passado, foram 11 ton, informa. O produto é comercializado na região. Uma casa de mel está sendo estruturada pela Apiopan e já foram instaladas a área de extração e vestiário. O selo vai estimular a entidade a continuar aprimorando a casa de mel e haverá retorno de associados, prevê Everson. “Este selo chega em boa hora, pois a atividade anda meio enfraquecida. Vai abrir o mercado para nós, acredito que até a exportação. Vai melhorar a organização e conscientização dos apicultores”, declara José Catarino Mendes, apicultor há 25 anos de Nossa Senhora do Livramento e responsável pela marca Biomendes.
Ele possui cem colmeias e também conta com loja em Várzea Grande. Catarino ressalta que o Pantanal é um bioma ainda virgem, sem problemas de contaminação por defensivos agrícolas e inseticidas, muito comum em regiões frutícolas ou de monoculturas.
Floradas
O paladar e o aroma do produto reflete a biodiversidade do bioma. O apicultor explica que as floradas do Pantanal são únicas e permitem coletar diferentes tipos de mel, em cada época do ano. O mel de Cambará, por exemplo, ocorre em julho e agosto; de ervas aquáticas como o aguapé, em março e abril; de pimenteira, entre dezembro e janeiro; e de hortelã, em maio.
Há espécies vegetais na região pantaneira que são excelentes geradoras de pólen, como a Canjiqueira e a Papeira, que ocorrem na vazante. “A Canjiqueira é ótima para a produção de geleia real. O mel de Canjiqueira é muito gostoso. Ela é linda e as abelhas a adoram”, informa Catarino. Nos meses de julho e agosto, há trepadeiras e cipós que também favorecem a produção de néctares e mel diferenciados, complementa.
Pesquisa
Carla Galbiati, doutora em entomologia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) /Campus de Cáceres e professora do curso de agronomia, pesquisa há mais de dez anos o mel e a própolis do Pantanal, Amazônia e Araguaia. Os estudos são voltados à comprovação da qualidade física e química dos produtos (não abrangem valor nutricional e propriedades terapêuticas). “Esta conquista é importante para os apicultores. Tenho acompanhado o processo de IG. Este selo é um avanço, pois protege e garante a produção do bioma”, explica a Galbiati. O Brasil passará a se interessar pelo mel do Pantanal, segundo ela. Consequentemente o manejo também será aprimorado. Os apicultores do bioma pantaneiro vão buscar melhorar a qualidade para fornecer o produto a todo o país, prevê a doutora.
Sebrae estimula o registro de identificação geográfica de dez produtos típicos do PR
“O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de distingui-los em relação aos seus similares disponíveis no mercado.” A definição de IG, difundida pelo Ministério da Agricultura, tem despertado a atenção de empreendedores rurais paranaenses que, com a ajuda de entidades como o Sebrae/PR, têm enxergado as vantagens e dado os primeiros passos rumo à certificação.
A entidade buscar estimular o registro de identificação geográfica de dez produtos típicos do PR, processo que pode levar até três anos. Dentre eles estão a uva de Marialva; o mel do Lago de Itaipu; o melado de Capanema; os queijos de Witmarsun; a goiaba de Carlópolis; a erva-mate de São Mateus do Sul; e a farinha de mandioca, a cachaça, os derivados de banana e o barreado, estes do litoral paranaense.
Fonte: Poconet via Indicação Geográfica e Observatórios
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