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Publicado em 25/02/2015
Ela é chamada de "arca de Noé" das plantas, "a abóbada do juízo final" ou o "bunker do apocalipse", e está localizada a cerca de mil quilômetros do extremo norte do mundo. Mas, fora as ironias catastróficas, É uma das maiores iniciativas de conservação ambiental e alimentícia em curso.
O bunker abobadado construído em uma montanha das ilhas norueguesas de Svalbard, no oceano glacial ártico está armazenando "cópias" das sementes de todos os alimentos do mundo, com o objetivo de garantir sua preservação no caso de uma tragédia de origem natural ou causada pela atividade humana.
Essa gigantesca despensa subterrânea, localizada no meio do caminho entre a Noruega continental e o Polo Norte, quer proteger permanentemente os alimentos do mundo. A intenção é evitar uma possível perda da diversidade de colheitas, de acordo com os promotores da iniciativa.
O projeto 'Svalbard Global Seed Vault' (Abóbada Mundial de Sementes de Svalbard) (www.regjeringen.no) É financiado pelo governo da Noruega e administrado pelo Fundo Mundial para a Diversidade de Cultivos (GCDT) (www.croptrust.org), uma organização internacional com sede em Bonn, na Alemanha. Colabora também com a iniciativa o Centro Nórdico de Recursos Genéticos, que fornece amostras de sementes usadas para a pesquisa agrícola (www.nordgen.org), que incluem grandes variedades de cereais e legumes.
Localizado em um remoto arquipélago, a estrutura foi erguida para resistir à passagem do tempo e desastres, como terremotos e atividade vulcânica. Pode sobreviver também a uma epidemia entre as plantas, uma guerra nuclear e à mudança climática.
A instalação, que tem muros de concreto reforçado de um metro de largura, portas herméticas e blindadas de aço, está protegida por detectores de movimento e, segundo a GCDT, pode preservar durante séculos as sementes que representam cada variedade de cultivo importante disponível hoje no planeta.
PRESERVANDO A BIODIVERSIDADE VEGETAL - A abóbada é uma grande contribuição para reduzir a fome e a pobreza nos países em desenvolvimento, exatamente onde est· a maior diversidade vegetal. Ao mesmo tempo, tenta auxiliar em questões como a segurança alimentar e o desenvolvimento da agricultura, conforme o Ministério da Agricultura e Alimentação (MAF) da Noruega.
Construída como uma espécie de caverna subterrânea dentro da montanha da ilha, onde as temperaturas estão quase sempre entre 3 e 4 graus Celsius, a estrutura foi desenhada para ter uma vida praticamente infinita.
São três câmaras separadas, situadas a 130 metros sob o nível do mar e a 120 metros montanha adentro. Cada uma delas pode armazenas 1,5 milhão de amostras de sementes, mantidas a uma temperatura de -18 graus Celsius, segundo o AMF.
O princípio de funcionamento do SGSV se assemelha ao de um banco. Uma instituição possui o local e o depositante o conteúdo a ser guardado. O armazenamento, no caso das sementes, é oferecido de forma gratuita.
A Noruega fornece as instalacoes, enquanto os bancos nacionais de germoplasma, instituições que coletam material vegetal vivo, são os donos das sementes enviadas a Svalbard, sem que o depósito das amostras represente uma transferência de propriedade.
Entre os países que enviaram sementes a Svalbard estão: Austrália, Colômbia, Nigéria, Síria, Quênia, Filipinas e Índia; um dos carregamentos mais recentes contém 20 mil amostras do Japão, Brasil, Peru, México e EUA. Já existem no local centenas de variedades de cevada, feijão, batatas, batatas-doces, milho e trigo.
Segundo o GCDT, que colabora na preparação, no envasilhamento, e no transporte das amostras, a sobrevivência de algumas variedades de cultivos estão ameaçadas. E a situação se agrava por causa do avanço da mudança climática.
"Esta instalação faz parte de uma estratégia mundial para proteger a provisão alimentícia do planeta, já que abriga sementes de partes críticas do mundo todo, desde os trópicos até as latitudes mais altas", afirmou Cary Fowler, principal autor do estudo de viabilidade do SGSV, primeiro diretor-executivo do GCDT e agora conselheiro da entidade.
"A abóbada de sementes permitirá restabelecer os cultivos que pereçam em consequência de fenômenos naturais como a mudança climática, tsunamis ou furacões", segundo o pai do projeto.
"A ideia é que as sementes preservadas só sejam disponibilizadas se todas as outras fontes tenham sido destruídas ou esgotadas", explicou o especialista em biodiversidade.
Segundo Fowler, as amostras, que são conservadas em caixas pretas e congeladas, podem permanecer no interior da abóbada em perfeito estado durante várias centenas de anos.
A sobrevivência dos exemplares está garantida mesmo se houver ausência de eletricidade. Por causa da localização, as camadas da montanha estão permanentemente geladas, atuando como um sistema de refrigeração natural.
"No mundo há centenas de bancos que armazenam mostras dos cultivos de diferentes países, mas muitos poderiam ser destruídos - e em consequência disso a diversidade de alimentos ser ameaçada - devido a um desastre natural, uma guerra, um acidente, um mau manejo ou, inclusive, pela falta de dinheiro do país proprietário ou orçamentos mal planejados", segundo Fowler.
Por isso, para o especialista, é importante guardar para o futuro as amostras existentes, o fundamento biológico da agricultura. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), "já se perderam dois terços da diversidade genética dos cultivos agrícolas".
"A instalação norueguesa oferecerá um meio pratico para armazenar as sementes e obter a partir delas novas colheitas após algum desastre. Ou mesmo conseguir que as colheitas existentes se adaptem às doenças vegetais ou à mudança climática", conclui.
Fonte: Agência EFE
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