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Publicado em 21/01/2015
A indústria de alimentos orgânicos dos Estados Unidos, de US$ 35 bilhões, quase triplicou de tamanho ao longo dos últimos dez anos, desafiando a habilidade do Departamento de Agricultura americano (USDA) de monitorar mais de 25 mil fazendas e outras organizações que vendem animais de criação e produtos orgânicos.
Atualmente existem 81 "agentes certificadores" credenciados, ou grupos que chancelam os alimentos como orgânicos nos EUA. Mas dos 37 que passaram por uma completa avaliação este ano, 23 falharam na aplicação correta das exigências de certificação nas fazendas auditadas, de acordo com um relatório interno do USDA. Elas não conduziram de forma adequada inspeções nos locais ou não avaliaram de forma correta as solicitações de certificação orgânica, entre outras coisas, segundo o relatório.
Uma investigação à parte, conduzida pelo The Wall Street Journal em registros do USDA desde 2005, verificou que 38 dos 81 agentes certificadores falharam em pelo menos uma ocasião no cumprimento das regras do Departamento de Agricultura.
Nesse período, 40% dos certificadores foram advertidos pelo USDA por conduzirem inspeções incompletas; 16% deles falharam na indicação do risco potencial de fazendas orgânicas usarem pesticidas e antibióticos proibidos; e 5% não preveniram sobre a possibilidade de se misturar produtos orgânicos e não orgânicos.
Os agentes certificadores – entidades autorizadas pelo USDA para inspecionar e certificar fazendas orgânicas e fornecedores – incluem pequenos grupos sem fins lucrativos, agências estatais e grandes multinacionais. Todos são pagos pelas fazendas ou firmas que eles certificam.
O USDA afirmou que exige que os certificadores cumpram inúmeras exigências e que os problemas encontrados pelo WSJ e pelo relatório interno da agência refletem "um processo de credenciamento muito rigoroso, que exige o cumprimento integral dos padrões e a correção de questões identificadas". Os que não cumprem as regras de conformidade, como os 23 citados neste ano, têm a chance de resolver o problema, mas correm o risco de serem excluídos do programa. O USDA acrescentou que seus certificadores estavam de acordo com 97% dos regulamentos.
Os produtos orgânicos podem custar até o dobro dos produzidos de forma convencional, mas, exceto pelas etiquetas que os identificam, os consumidores não têm como avaliar se são de fato orgânicos. As pessoas têm que confiar na garantia dada pelas empresas e pelos grupos sem fins lucrativos de que o alimento foi produzido em conformidade com as regulamentações federais.
"Toda a configuração do sistema precisa ser melhorada", diz Chenglin Liu, professor de direito da Universidade St. Mary, em San Antonio, no Texas, que estudou o sistema de certificação de orgânicos e levantou preocupações sobre o rigor dos agentes certificadores e a ausência de checagens frequentes por parte do Departamento de Agricultura desses certificadores. "Isso deixa muito espaço para erros."
O Whole Foods Market Inc., principal cadeia de supermercados de produtos orgânicos, acredita que o selo orgânico aumenta o nível de "integridade" para os varejistas e consumidores. Joe Dickson, coordenador sênior global de padrões de qualidade da empresa, que também integra o conselho nacional de padrões orgânicos do USDA, diz que o sistema vai melhorar quando a agência adotar um banco de dados em tempo real de operações orgânicas certificadas.
O USDA, que não possui atualmente um banco de dados centralizado das fazendas suspensas, informou que está trabalhando para "ampliar a atualização e a precisão da nossa lista de operações certificadas" e que está desenvolvendo um novo sistema para "fechar todas as brechas existentes geradas pelas restrições do banco de dados atual". Algumas fazendas identificadas por estarem violando as regras do USDA foram autorizadas a se candidatarem novamente para participar do programa com penas reduzidas.
Fonte: Portal Orgânico
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