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Publicado em 08/01/2015
Mais do que um alimento saudável que colabora para a energia do nosso corpo, agora os cogumelos também poderão servir para a geração de energia renovável. Cultivado há centenas de anos ao redor do mundo, desde a década de 50 o tradicional alimento da culinária oriental faz parte do cardápio da mesa dos brasileiros, não só pelo sabor, mas, principalmente, por suas propriedades nutricionais que trazem benefícios à saúde.
Em razão da importância econômica e da funcionalidade desse alimento, pesquisadores da Embrapa Agroenergia, em parceria com outras Unidades da Empresa e instituições externas, apostam na produção de cogumelos para agregar valor à cadeia do biodiesel aproveitando os resíduos gerados nas usinas.
Os estudos se concentram na redução ou eliminação dos compostos tóxicos dos subprodutos da extração do óleo de pinhão-manso e algodão, chamados de tortas ou farelos. Esses materiais gerados correspondem a cerca de 70% do peso do grão, a parte sólida, e o restante é o óleo. Dar um destino a esses resíduos é fundamental para tornar a cadeia produtiva dessas oleaginosas sustentáveis, ampliando ainda mais as fontes de renda para o agricultor familiar associado às indústrias do biodiesel. Atualmente, devido à toxicidade, as tortas de algodão podem ser utilizadas apenas em pequena quantidade na nutrição de animais ruminantes, no caso da torta de pinhão-manso, apenas como adubo. "Com a destoxificação desses produtos será possível ampliar o mercado das tortas, permitindo que ela seja, inclusive, fornecida a animais monogástricos, como suínos e aves", salienta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia Simone Mendonça, líder desse estudo.
O objetivo das pesquisas atuais é promover o crescimento dos cogumelos, utilizando as tortas como meio de cultivo em substituição à serragem, bagaço de cana-de-açúcar, capim-elefante e outros tipos de biomassa atualmente utilizados. Com isso, será possível cultivar os cogumelos e ao mesmo tempo destoxificar as tortas, uma vez que alguns cogumelos, ao crescerem, produzem enzimas capazes de inativar os compostos tóxicos. As tortas, além de destoxificadas, ficarão mais ricas nutricionalmente, pois este cultivo aumenta a digestibilidade das fibras da torta e incrementa o teor de proteínas. Essas ações fazem parte do projeto "Destoxificação de tortas/farelos da cadeia do biodiesel através de compostagem associada ao cultivo de cogumelos", liderado pela Embrapa Agroenergia, com duração de três anos e com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Por meio dessa estratégia, os cientistas esperam obter quatro produtos: os cogumelos, a torta para mistura à ração animal, o biofertilizante e o resíduo para a produção de etanol de segunda geração (2G). Tanto o resíduo do pinhão-manso quanto o do algodão irão enriquecer os biofertilizantes com proteínas, nitrogênio, fósforo, potássio e microrganismos.
Saiba mais sobre o processo de destoxificação na matéria da Embrapa.
Outros produtos
Para produzir o etanol de segunda geração (2G) é necessário efetuar o pré-tratamento da biomassa, a etapa de maior custo na produção do combustível. Nesse caso, a biomassa utilizada na produção do cogumelo poderá ser usada na obtenção do etanol, pois já foi pré-tratada pelas enzimas produzidas pelos cogumelos durante o seu crescimento. "Essa é uma das possibilidades para os nossos trabalhos de pesquisa", diz Félix.
A equipe vai utilizar dois métodos de pré-tratamento da torta a ser utilizada como substrato para o crescimento dos cogumelos. Primeiramente, será utilizado o sistema axênico, que promove a eliminação prévia de todos os microrganismos da torta. Nesse caso, apenas um fungo é cultivado de forma que se possa avaliar os de melhor desempenho e verificar a presença dos elementos tóxicos no cogumelo e na torta vegetal. Os cogumelos que conseguiram crescer no meio de cultura contendo uma única fonte nutritiva serão levados para compostagem.
As espécies que estão em testes nesse período são provenientes das coleções de cogumelos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Embrapa Florestas e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Serão testadas, ao longo do projeto, cerca de 200 espécies, aumentando a chance de encontrar potenciais cogumelos e selecionar de melhor desempenho na redução de substâncias tóxicas. Por meio de uma parceria com uma empresa de cogumelos comestíveis do Distrito Federal, serão realizados testes para a produção em escala.
Para testar a eficácia da destoxificação das tortas na alimentação animal, a Embrapa conta com a parceria da Universidade Federal de Lavras (Ufla). As tortas destoxificadas serão usadas como um dos ingredientes das misturas alimentares já fornecidas a suínos e aves.
Fonte: Embrapa
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