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Publicado em 17/11/2014
O quinto cereal mais produzido no mundo apresenta antocianinas, taninos e outras substâncias que inibem a proliferação de células de alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de esôfago, além de contribuírem para a redução do colesterol e do diabetes tipo 2.
O sorgo também é isento de glúten, podendo ser usado em dietas específicas para pessoas portadoras da doença celíaca. Rico em propriedades antioxidantes, seu valor nutricional é semelhante ao do milho em termos de proteína, gordura e carboidratos. Os resultados promissores relacionados ao uso do cereal na alimentação humana estão sendo identificados por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de São João del-Rei (UFSJ) e Embrapa.
Mais propriedades antioxidantes que as frutas
Cultivares de sorgo com tanino, substância cuja concentração depende da constituição genética do material e que é capaz de inibir o ataque de insetos, pássaros e herbívoros à planta, têm se revelado ainda mais promissoras. Essas cultivares possuem sabor amargo e adstringente, mas, por outro lado, inibem a proliferação de células de câncer de esôfago e cólon, segundo pesquisas recentes conduzidas na UFV. "Observamos redução de câncer de cólon em ratos alimentados com sorgo contendo taninos", descreve o pesquisador Frederico Barros, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade.
Os níveis de antioxidantes encontrados no farelo do sorgo negro e na planta com alto teor de tanino são superiores aos de qualquer outro cereal e também estão acima dos níveis registrados em muitas frutas, como no morango, na ameixa ou no mirtilo. Segundo o pesquisador, novos estudos in vivo estão em andamento. As últimas pesquisas, de acordo com ele, registraram novos compostos bioativos não somente nos grãos, mas também nas folhas e em outras partes da planta.
Para pessoas diabéticas, o cereal apresenta outra vantagem. "Produtos feitos com a farinha de cultivares com tanino são digeridos mais lentamente. Isso contribui para um período maior de saciedade e plenitude gástrica em comparação com outros cereais. Em pesquisas com indivíduos diabéticos, percebeu-se ainda redução nos níveis de glicemia em razão do maior volume de fibras", diz a pesquisadora Hercia Stampini.
Segundo pesquisadores da Embrapa, o sorgo destinado a aves e suínos não pode conter tanino porque essa substância interage com proteínas e com o amido, o que diminui a digestibilidade e afeta o ganho de peso dos animais. No entanto, essa característica é muito interessante em humanos, pois, além da alta capacidade antioxidante dos taninos, há uma redução na digestibilidade do amido e proteínas, prevenindo doenças como obesidade, câncer e diabetes. "A presença de antioxidantes – como taninos e outros compostos fenólicos – associada à ausência de glúten pode ser o diferencial para que o cereal caia no gosto do consumidor", aposta a pesquisadora Valéria Queiroz, da área de Nutrição e Segurança Alimentar da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
Produtos estão em processo de desenvolvimento
Apesar das propriedades funcionais do sorgo, seu potencial na alimentação humana ainda é bastante desconhecido no Brasil. Para Valéria Queiroz, pesquisadora da Embrapa, apesar de ainda ser tímida, a demanda por informações vem crescendo por parte da indústria alimentícia, principalmente por empresas que produzem e comercializam produtos sem glúten. Segundo a pesquisadora, estão em fase final de desenvolvimento produtos elaborados a partir da extrusão dos grãos de sorgo, como biscoitos, farinha solúvel e cereal matinal, os quais, do ponto de vista tecnológico, vêm apresentando resultados satisfatórios para todas as cultivares BRS testadas.
Em outros países, como nos Estados Unidos, o uso do sorgo na alimentação humana vem sendo estimulado, principalmente, pelos resultados das pesquisas que revelam os benefícios dos grãos do cereal. A pressão por produtos saudáveis e sem glúten motivou o aumento da produção de alimentos contendo sorgo e, atualmente, barras de cereais, cookies, cereais matinais, cerveja, xarope, farinha, farelo, massa para pizza e pipoca já são encontrados nesse mercado. No Brasil, não há dados oficiais sobre o consumo humano do cereal. Especula-se que ainda seja nulo, motivado pela ausência da farinha no mercado. "Algumas pessoas celíacas têm importado a farinha de sorgo para consumo próprio", explica a pesquisadora.
A Embrapa possui projetos que estimulam a utilização do sorgo para a produção de alimentos sem glúten. Por apresentar valor nutricional semelhante ao do milho, ter menor custo de produção e possuir sabor neutro, o que é uma grande vantagem para a indústria de alimentos, os pesquisadores que trabalham com a cultura acreditam que a divulgação das informações sobre os benefícios do cereal impulsionará seu uso na alimentação humana. "A exemplo do que ocorreu com a soja, que inicialmente era cultivada para consumo animal e hoje faz parte da alimentação do brasileiro, acreditamos que o sorgo terá seu valor reconhecido", reforça Valéria Queiroz, da Embrapa.
Fonte: Embrapa
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