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Publicado em 31/10/2014
A palavra “probiótico” é originária do latim e do grego e significa “a favor” (pro) da vida (bios), sendo utilizada pela primeira vez em 1954 para descrever substâncias necessárias para a vida saudável. Na verdade, podemos definir probióticos como micro-organismos vivos não patogênicos que, quando consumidos em quantidades adequadas, são capazes de sobreviver ao trato gastrointestinal e estarem metabolicamente ativas exercendo efeitos benéficos à saúde do hospedeiro (FAO/OMS, 2011).
No Brasil, os probióticos são adicionados, principalmente, em produtos lácteos como iogurtes e leites fermentados. Os efeitos benéficos dos probióticos dependem do gênero, espécie e subspécie (cepa) aos quais os micro-organismos pertencem. Os probióticos mais comumente utilizados em alimentos e que são permitidos por lei são os gêneros Bifidobacterium, Lactobacillus e, em menor escala, Streptococcus thermophilus e Enterococcus faecium.
São conhecidos diversos efeitos benéficos relacionados ao consumo de probióticos, alguns bem conhecidos e outros nem tanto. Os mais conhecidos são alívio da constipação, estímulo do sistema imunológico, controle das bactérias do intestino e aumento da absorção de alguns minerais e vitaminas.
Há diversos novos estudos comprovando novos benefícios trazidos pelos probióticos
Um estudo publicado em 2014 (Revista Hypertension da American Heart Association) revisou diversos ensaios clínicos realizados em várias partes do mundo e concluiu que o consumo regular de probióticos é capaz de reduzir, de forma modesta a pressão arterial sanguínea
As fontes e espécies de probióticos consumidos entre os participantes variaram entre iogurte, leite fermentado, suplementos probióticos em cápsula, bebidas probióticas e queijo probiótico. Os estudos foram realizados no período de 3 a 9 semanas e a dose diária total de probióticos variou 109 até 1.012 unidades formadoras de colônias (UFC). Os resultados indicaram que as reduções na pressão arterial sistólica e diastólica foram de aproximadamente 3,5 e 2,4 mmHg, respectivamente.
Os pesquisadores também observaram que há maiores reduções entre os indivíduos com pressão arterial elevada no início do estudo e aqueles que consumiram várias espécies de probióticos e não apenas um. Além disso, o estudo concluiu que, para que haja resultados, o consumo de probióticos deve ocorrer por mais de 8 semanase a dose diária de probióticos que apresentou melhores resultados foi a acima de 1011 UFC. Os pesquisadores ainda destacam que mesmo uma pequena redução da pressão arterial pode ter importantes benefícios para a saúde pública e as consequências cardiovasculares, já que esta leve diminuição na pressão sistólica e na diastólica foram associadas a uma redução relativa no risco de mortalidade cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Sendo assim, os probióticos podem ser utilizados como um complemento em futuras intervenções de forma a prevenir a hipertensão ou melhorar o controle da pressão arterial.
Outro achado interessante sobre o consumo de probióticos e a saúde foi a demonstração de que o consumo de iogurte probiótico melhora a glicemia de jejum e a função antioxidante em pacientes diabéticos tipo 2 (estudo publicado na revista Nutrition). Neste estudo, os pesquisadores avaliaram 64 pacientes com diabetes mellitus tipo 2, com idade entre 30 e 60 anos (estudo controlado, duplo-cego e randomizado), divididos em dois grupos: intervenção e controle. O grupo de intervenção foi constituído por pacientes que consumiram 300 g/dia de iogurte acrescido de duas bactérias probióticas (Lactobacillus acidophilus LA5 e Bifidobacterium lactis Bb12), durante seis semanas.
Enquanto no grupo controle os pacientes consumiram 300 g/dia de iogurte convencional durante seis semanas. No início e no final do estudo foram realizados exames bioquímicos, recordatório alimentar de 24 horas e medidas antropométricas. Os resultados mostraram que a ingestão do iogurte probiótico diminuiu significativamente a glicemia de jejum e a hemoglobina glicosilada. Além disso, houve aumento da atividade das enzimas antioxidantes, como a superóxido dismutase e glutationa peroxidase, bem como o aumento da capacidade antioxidante total, em comparação com o grupo controle.
Os mecanismos de ação dos probióticos para estes efeitos na glicemia ainda não foram esclarecidos, mas podem estar relacionados com a diminuição do estresse oxidativo pelos probióticos. Além disso, os efeitos no sistema imunológico e os efeitos anti-inflamatórios dos probióticos e sua capacidade de modular a microbiota intestinal podem ser considerados outros possíveis mecanismos.
Diversos são os avanços das pesquisas em se tratando de probióticos e isso nos auxilia a obter mais benefícios dos alimentos consumidos no dia a dia.
Texto extraído do Blog do Grupo de Estudo em Alimentos Funcionais, da USP/ESALQ.
Antônio Santana e Fúvia Biazotto que fazem parte desse Grupo de pesquisa estiveram no 3º Mini Fórum de Aplicação de Ingredientes Funcionais: Produtos Cárneos. Eles apresentaram o tema “Importância dos Ingredientes Funcionais: uma realidade em evolução”, em que os presentes puderam acompanhar a evolução dos alimentos funcionais e suas propriedades.
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