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Publicado em 28/05/2014
A necessidade de dobrar a produção mundial de alimentos nas próximas três décadas está levando governos, cientistas e empreendedores a explorar novas fontes de nutrientes e a alargar o conceito do que pode ser considerado alimento.
Insetos para Alimentar o Mundo
No dia 14 de Maio, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura (FAO) reuniu na Holanda 400 cientistas, empresários, delegados de organizações
internacionais e governamentais de mais de 45 países para a conferência Insetos para Alimentar o Mundo,
que se estendeu por quatro dias. No ano passado, a entidade publicou um relatório:
Insetos Comestíveis apontando a ingestão de grilos, gafanhotos, baratas e outras 1,9 mil espécies
como alternativa para solucionar a insegurança alimentar.
Para o professor, entomólogo do Instituto Wageningen e organizador do evento, Arnold Van Huis, a farinha de insetos não é nem uma ilusão, nem um exotismo, mas uma importante fonte de proteínas que pode servir para a criação de frangos, porcos e peixes.
“Os insetos representam uma enorme oportunidade e um mercado gigantesco”, explicou Van Huis. Mas, de acordo com ele, ainda há muito a fazer para autorizar a produção e o comércio em larga escala desses animais. “Existem cerca de duas mil espécies de insetos que podem ser consumidas, mas às vezes há regras insanas. Esses obstáculos devem ser resolvidos”, afirmou.
A resistência ao consumo desses pequenos animais no ocidente não impede que dois bilhões de pessoas se alimentem regularmente de insetos, inclusive na Europa, onde surgem cada vez mais restaurantes especializados. A iguaria integra a dieta da população de 36 países africanos, para se ter uma ideia.
Os gastos com criação de insetos são infinitamente menores do que com outras espécies. Enquanto os grilos precisam de dois quilos de ração para fornecerem um quilo de alimentos, uma vaca ou um boi necessitam de 25 quilos.
A ração do futuro
O respeitado instituto de pesquisas agronômicas Wageningen está na vanguarda da defesa dos insetos. Embora o professor Van Huis afirme consumir insetos “regularmente”, ele considera que o futuro é a farinha de insetos para a pecuária e a agricultura. Uma tonelada de farinha à base de moscas-soldado-negras, explicou, custa US$ 1 mil, contra US$ 13 mil a tonelada de farinha de peixe.
O encarregado do programa sobre insetos da FAO, Paul Vantomne, compartilha a opinião do professor Van Huis. “Em vez de dar aos animais cereais, ou soja, que os humanos também consomem, é melhor dar-lhes moscas”, defendeu Vantomne. “Em 30 anos, seremos 9 bilhões de humanos. E o consumo de carne aumenta. Para alimentar seu gado, a China se tornou o primeiro importador de soja. No entanto, apenas três países atendem a 90% das exportações mundiais (Estados Unidos, Argentina e Brasil). É preciso diversificar urgentemente! Mesmo no petróleo há mais fontes de abastecimento”, destacou esse encarregado da FAO.
Retirar 12 milhões de toneladas de peixe anualmente dos oceanos para alimentar o gado é algo insustentável, acrescentou.
Além disso, “os insetos também podem se desfazer dos nossos resíduos orgânicos: o esterco de porco ou as saladas fora do prazo de validade dos supermercados podem servir como substrato para a criação de insetos que reciclam os nutrientes para produzir proteínas”. Uma economia circular, boa para o planeta e boa para o consumidor.
Para Vantomne, “os insetos são uma mensagem de esperança” frente às mudanças climáticas e à insegurança alimentar.
Confira aqui ,no site do Terra, a entrevista feita pela DW com Van Huis, em que ele explica como os insetos podem ser consumidos : “É como frango ou carne de gado: sem tempero, a maioria das pessoas não acha a carne saborosa. Insetos também precisam ser preparados corretamente, é preciso fazer algo de bom com eles.”
Fonte: Brazilafrica com AFP e DW, Zero Hora e Terra
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