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Publicado em 05/10/2012
Uma parceria entre Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e o Instituto alemão Leibniz de Engenharia Agrícola, abre as perspectivas para o desenvolvimento de um novo polímero totalmente biodegradável.
O estudo conduzido pela pesquisadora Giselle de Arruda Rodrigues em sua tese de Doutorado, obteve um microrganismo eficiente capaz de converter os açúcares presentes no bagaço da cana em ácido lático, um composto químico com alto valor agregado e com uma alta versatilidade de aplicações dentro da indústria. Através da manipulação biotecnológica foi possível converter o ácido lático em polilactato (PLA), este capaz de substituir os plásticos derivados do petróleo.
Acido Lático
Historicamente, o ácido lático foi descoberto pelo químico sueco Carl Wilhelm Scheele (1742-1786) no século XVIII a partir de pesquisas com o leite talhado. Na indústria, a sua produção é comumente obtida com microrganismos que atuam na fermentação dos açúcares presentes no leite e seus derivados. As propriedades acidulantes, capazes de deixar certos alimentos com gostos azedos, tornaram o ácido lático indispensável na indústria alimentícia, principalmente para os queijos, iogurtes, refrigerantes, sucos artificiais e cervejas.
Neste contexto, o ácido lático tem sido muito utilizado também para a produção de compostos como o PLA. Este polímero possui muitas vantagens do ponto de vista de processos industriais por possuir atributos como transparência, brilho, resistência mecânica, termorresistência e biodegradabilidade, como relata a engenheira de alimentos Giselle Rodrigues.
Para a produção de PLA, o ácido lático é obtido a partir de açúcares de seis carbonos encontrados no melaço da cana-de-açúcar no Brasil e no amido do milho nos Estados Unidos, sendo esta a primeira vez, no entanto, que se obtém o ácido lático a partir de açúcares de cinco carbonos presentes no bagaço da cana.
Bagaço da cana - fonte renovável
Segundo a pesquisadora, "o desafio é não usar o melaço da cana ou o amido do milho nesta produção. Fica difícil pensar em produzir, por exemplo, sacolas plásticas destas de supermercados a partir de uma matéria-prima que pode servir na alimentação humana. O ácido lático obtido do bagaço - uma fonte renovável - não irá competir com o fornecimento de alimentos e pode, ao mesmo tempo, ser utilizado para a produção de materiais biodegradáveis".
O Instituto alemão que possui características pluridisciplinares e usa a biotecnologia para a produção de alimentos, recebeu a pesquisadora e possibilitou que durante sua pesquisa fosse selecionado dentro do seu rico banco de microrganismos a bactéria utilizada no estudo - a cepa Bacillus coagulans 162.
A pesquisa demostrou que o Bacillus coagulans 162 testado produziu ácido lático com 99% de pureza. O microrganismo também apresentou ótima eficiência, próxima a 90%, chegando a acumular mais de 100 gramas/litro de ácido lático em fermentação semicontínua. "Tal bactéria se destacou em produtividade e eficiência nos testes sequenciais que incluíam procedimentos de fermentação em biorreator", confirma a pesquisadora.
Os estudos foram financiados por meio de acordo bilateral entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) , Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico (CNPq).
Informações de Jornal da Unicamp
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