Edifício Lydio Paulo Bettega
Na década de 1950 as atividades do Sesi estavam em franca expansão, tanto em número de trabalhadores atendidos, quanto em variedade de serviços ofertados. Heitor Stockler de França, o primeiro presidente do Sesi do Paraná, se defrontou com a necessidade de adquirir um terreno em Curitiba para instalar uma sede própria e assim atender à demanda crescente.
Para tanto comprou um terreno de 900 m² no centro da cidade, na rua Lourenço Pinto, mas não conseguiu dar início à construção. Lydio Paulo Bettega, o presidente que veio a seguir, vendeu esse imóvel durante seu período de gestão (1958-1968) para investir na compra de um terreno bem maior, de 9 mil m², porém mais afastado, e esse seria efetivamente usado para a sede própria. Muitos criticaram a escolha por considerarem o local distante do centro da cidade, e que o percurso seria difícil para os funcionários e industriários.
Certo de que um terreno amplo era imprescindível para a expansão dos serviços médico, dentário e jurídico do Sesi, Lydio de Paulo Bettega em 1962 já tinha um projeto definido para uma edificação no local, o “Palácio das Indústrias”, onde funcionariam a Federação das Indústrias e o Departamento Regional do Sesi, assim como os Conselhos Regionais do Sesi e do Senai.
O terreno ficava na rua Cândido de Abreu, antiga estrada da Graciosa, saída da cidade que conduzia para a Serra do Mar. A partir do final do século XIX, nesta região irrigada pelo rio Belém seriam erguidos grandes casarões pelas famílias produtoras e exportadoras de erva-mate (na estrada da Marinha, atual avenida João Gualberto) e seus engenhos, além de fábricas, moinhos, madeireiras e habitações populares para os que trabalhavam nas indústrias. A indústria mais conhecida da região era a Fundição Gottlieb Mueller, construção mais tarde transformada no primeiro shopping center de Curitiba.
O terreno também está bem próximo do complexo administrativo da cidade, o Centro Cívico Estadual, que havia sido planejado pelo Plano Agache na década de 1940 para centralizar a administração do governo estadual. Até a construção de Brasília, o Centro Cívico de Curitiba foi o maior conjunto de edificações modernistas do País – composto por construções arrojadas de tendências futuristas.
O edifício sede foi projetado neste mesmo espírito pelo conceituado arquiteto Rubens Meister (1922-2009) e a obra foi realizada pela construtora Gutierrez, Paula & Munhoz. O presidente Lydio Paulo Bettega se dispôs a construir a nova sede com pouca verba. Obteve recursos financeiros junto a Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto (1908-1985), presidente da Confederação Nacional das Indústrias, e a empresários paranaenses. A edificação e sua estrutura de serviços possibilitou que o Sesi pudesse acompanhar o desenvolvimento do setor terciário da economia do estado e proporcionasse os mais variados tipos de assistência social à população trabalhadora que, emigrando do interior, praticamente quadruplicou em menos de dez anos.
O prédio foi inaugurado em 27 de novembro de 1967 com a presença do presidente e diretoria da Confederação Nacional da Indústria, do presidente e de todos os Conselhos Nacionais do Sesi, dos presidentes de todas as federações de indústria e dos diretores regionais do Sesi do Brasil inteiro, aqui reunidos para a 44ª Reunião Plenária do Serviço Social da Indústria.
Contexto industrial Curitiba
A inauguração do edifício sede coincidiu com o início de um novo processo de planejamento do espaço urbano e industrial de Curitiba, quando foram tomadas importantes decisões para o desenvolvimento da cidade.
A indústria local se fortaleceu no começo do século XX a partir da cultura da erva-mate e da extração de madeira, cresceu em função da demanda gerada pelas Guerras Mundiais e chegou à década de 1970 atingindo um novo patamar caracterizado por uma abertura para outros mercados, nacionais e internacionais, com controle acionário externo. A indústria do Paraná, até então voltada para o processamento de produtos agrícolas, sofreu grande expansão e diversificação.
O processo foi incrementado pela fundação de instituições que muito contribuíram com este novo formato de indústria: empresas públicas como a Copel, a Sanepar, a Telepar e o Badep proporcionaram a infraestrutura necessária e indústrias internacionais como a Siemens, a New Holland e a Volvo, instalando-se na CIC, se tornaram importantes atores na economia local.
O edifício Lydio Paulo Bettega, que inicialmente parecia remoto e pouco funcional, rapidamente foi incorporado ao coração da cidade. Ao oferecer uma variedade de cursos e serviços para o colaborador da indústria e suas famílias foi inovador, representando um marco no esforço bem-sucedido do Sesi para estar à altura do novo modelo industrial que aqui se instalou.
Primeiras atividades do Prédio
A construção tendo sido findada no ano de 1966, o processo de mudança e instalação começou no final do mesmo ano. Assim, logo após a inauguração, o edifício estava pronto para proporcionar ao Sesi a ampliação dos serviços que já oferecia no antigo prédio alugado da rua Comendador Araújo, além de oferecer aos trabalhadores da indústria e suas famílias muitos outros serviços.
O prédio oferecia serviço médico (clínica geral, ginecologia, otorrinolaringologia, oftalmologia, dermatologia, pneumologia, cardiologia, reumatologia, pediatria, exames eletrocardiográficos) com três turnos de atendimento, o serviço odontológico - que incluía um serviço de próteses -, o serviço radiológico, que contava com três aparelhos e uma unidade móvel e um laboratório de exames muito bem equipado e áreas de atendimento para diversas clínicas.
As instalações incluíam uma sala de tração, uma sala de fisioterapia, drogaria, atendimento de enfermagem. O setor de Assistência Social distribuía medicamentos (amostras grátis) para os industriários sem recursos.
A Divisão de Artes Domésticas, além dos cursos de Corte e costura, bordado e culinária que já promovia, expandiu seus cursos para outras formas de artes aplicadas: decoração de bolos, doces e salgados, ornamentação do lar, bordado com fio varicor, arranjos de frutas e flores artificiais. Os produtos destes cursos foram apresentados em desfiles e exposições.
Durante o ano de 1969, sob a presidência de Mário De Mari (1968-1974), o Conselho do Sesi deliberava sobre a alienação do 5º e 6º andares do prédio para a Fiep, que ali pretendia instalar o novo Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e ampliar vários setores, entre eles o CIE-E (Centro de Integração Escola-Empresa), o SPEA, o CEPI (Centro de Produtividade Industrial). O Núcleo Regional do IEL foi instalado no prédio em 21 de agosto de 1969, na presença de inúmeras autoridades.
Para o Sesi a renda obtida com a alienação destes andares significava possibilidade de expansão e descentralização dos serviços com a criação de centros sociais nos bairros de periferia da cidade onde houvessem mais residentes operários, assim como nas principais regiões do interior do estado. Os recursos foram aproveitados nas construções do Centro Social do Portão e do Ginásio do Trabalhador.
Em 1970 parte do terreno em que se encontra o prédio foi desapropriado pela Prefeitura Municipal. A intenção da prefeitura, em consonância com o seu plano viário, era alargar a rua Barão de Antonina. A área do Sesi, inicialmente de 8.900 m2, foi diminuída em 3.400 m2, tendo ficado o terreno com aproximadamente 5.500 m2. Com isso a lateral direita do prédio ficou rente à calçada. Em contrapartida, a prefeitura ofereceu ao Sesi outra área de igual valor em zona industriária.
No decorrer da sua história, o prédio abrigou uma cantina, um restaurante, uma capela, um centro de memória e várias bibliotecas, entre elas a Biblioteca Milton Ferreira do Amaral, que ficava no andar térreo e que além dos livros tinha a disposição do público uma gibiteca e uma vídeo locadora.
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