Uma membrana capaz de ajudar na formação de pele, osso e cartilagem. Esse é o resultado de um projeto de pesquisa do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, do Centro de Ciências Exatas (CCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A membrana é composta por nanopartícula bacteriana ou celulose (vegetal).
A iniciativa é liderada pelo professor Cesar Augusto Tischer, do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia. Ele explica que, a partir do plástico biodegradável, é possível criar uma estrutura para suporte que proporciona o crescimento de células. Em uma impressora 3D, por exemplo, imprime-se uma estrutura em formato de orelha e aplica-se a membrana que serve como promotora para a proliferação das células.
“Esse material tem alta biocompatibilidade para a proliferação celular, responsável pela formação de tecidos”, diz. Para chegar a essa conclusão, a equipe realizou vários testes nos laboratórios do CCE. O professor destaca o estágio atual da pesquisa. “Sabemos produzir o material estruturante (orelha, por exemplo), sabemos incorporar o biopolímero [nanocelulose] e conhecemos a biocompatibilidade desses materiais e sua capacidade de formação de novas células”.
O projeto de pesquisa tem a participação de professores, alunos de iniciação científica e programas de mestrado e doutorado. O processo de testes em animais, atualmente, é feito com células de rato. Para que seja feito em humanos, muitas etapas precisam ser vencidas. O projeto de pesquisa termina em 2021 e as perspectivas são boas. “Queremos ter esses protótipos testados quanto ao crescimento de células de mamíferos, demonstrando a viabilidade da ideia”, comenta o professor.
Segundo Tischer, os protótipos para desenvolvimento de células de pele, osso e cartilagem estão em um estágio anterior ao desenvolvimento de outros tecidos mais complexos. Ele acredita que o desenvolvimento de órgãos vitais, como fígado, pâncreas e coração, deve ocorrer em um período de 10 a 20 anos. “Essa é uma tendência internacional”, afirma o professor.
Por isso, pare ele, esse é um momento de a universidade se abrir. “Temos muito a oferecer com esses estudos. A gente usa a biocompatibilidade para chegar a muitos produtos”. O professor se refere, por exemplo, aos artigos cosméticos. De acordo com ele, há empresas interessadas na nanocelulose bacteriana para usá-la na produção de cremes hidratantes e para antienvelhecimento.
O Programa
A estudante Karen Stefany Conceição integra a equipe do professor Cesar Tischer. Ela é aluna, em nível de doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do CCE. “O que mais me chama a atenção nesse projeto é o enfoque na área de saúde e que trabalha com a biocompatibilidade”, afirma a estudante, graduada em Farmácia. Ela fez o mestrado no mesmo programa de Biotecnologia. “Gosto muito da área de pesquisa”.
Inovação
Cesar Tischer afirma que é grande a aplicabilidade dos estudos de nanopartículas (bacteriana e celulose) e cita Sabrina de Oliveira, mestre em Biotecnologia pela UEL. Sabrina teve seu projeto selecionado pelo Programa Sinapse da Inovação Paraná, executado pelo Governo do Estado, por meio da Celepar e Fundação Araucária. Seu estudo está entre os cem projetos aprovados na terceira e última etapa do programa. A seleção está em fase de recursos e o resultado final será divulgado em 15 de outubro.
Sabrina apresentou como problema as queimaduras provocadas pela radioterapia, as chamadas radiodermatites. A proposta de solução, descrita na página do Programa Sinapse da Inovação, é fabricar um produto à base de celulose bacteriana úmida para proteção e regeneração de pele, que agrega a tecnologia de rede nanoestruturada de celulose.
Com informações da Agência de Notícias do Paraná.
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