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O descarte e o consumo conscientes são preocupação difundidas entre os consumidores, inclusive quando
o assunto é roupa e calçado. Marcas já se utilizam desses conceitos, inclusive, como diferenciais de
mercado. Nos últimos anos, a preocupação com os resíduos químicos do processo produtivo
desses artigos entrou para o rol das discussões.Na Europa, grandes marcas como C&A, H&M, Adidas, Nike e Marks & Spencer se reuniram
em um programa para zerar as emissões de resíduos químicos perigosos, o Zero Discharge of Hazardous Chemicals
(ZDHC). A organização, que existe desde 2011, foi oficializada em 2015, na Holanda, e atualizou sua política
de atuação, reunindo 19 marcas importantes do varejo. As ações, descritas num documento intitulado
2015 Joint Roadmap Update que traça objetivos de atuação até 2020, tem como foco liderar a indústria
em responsabilidade ambiental e estabelecer e implementar melhorias na cadeia de suprimentos por meio de insumos, processos
e controles da produção.
No Brasil, a única regulamentação dessa área voltada para têxteis
é o projeto de lei número 3.222, de 2012, que proíbe os fabricantes de produtos destinados ao público
infantil a usar a substância ftalato nos seus produtos, incluindo roupas. “Podemos dizer que é o primeiro
passo do Brasil frente a essas questões”, diz Regiana Gonçalves Lima, supervisora técnica de laboratório da
Escola Senai Francisco Matarazzo, de São Paulo, que vem acompanhando o tema.
No início de 2014, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção (Abit) e a ABNT criaram a Comissão de Estudos da ABNT/CB 17:100.05, da qual fazem parte
os sindicatos industriais de São Paulo e as indústrias têxteis e de confecção, a ABNT, a
Abit, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), universidades e laboratórios.
A comissão definiu inicialmente onze grupos de substâncias perigosas a serem estudadas, com foco nos processos
industriais de obtenção de fibras, fios ou tecidos, bem como nos de beneficiamentos têxteis. Destas, a
ABNT já publicou seis normas sobre métodos laboratoriais para a identificação de substâncias
em têxteis e confeccionados (formaldeído; ftalato; corantes azos e pentaclorofenóis; organos estanosos;
nonil e alquil fenóis). Outras três serão encaminhadas para consulta pública (metais pesados, fluorcarbonos
e corantes dispersos). Duas substâncias não serão estudadas pelo grupo neste momento (pesticidas
e polibromatos).