clique para ampliarclique para ampliar (Foto: Adobe Stock)

O comportamento do consumidor mudou nos últimos anos. Consumir um produto sem ter sua propriedade é uma dessas novas características de comportamento que mais refletem o século 21. Atualmente tudo se compartilha: filmes, apartamentos de temporada, músicas e carros. Em tempos de Netflix, Airbnb, Spotify e Uber a novidade é o aluguel de roupas. O movimento cresce nos Estados Unidos e na Europa, e agora também no Brasil.

A ideia de lojas físicas ou startups que oferecem peças finas mediante um pagamento mensal nasceu em 2009, com a nova-iorquina Rent the Runway. Hoje, o serviço tem listado mais de 450 mil modelos que podem ser alugados por cerca de R$ 600, quatro itens por vez, sem tempo estabelecido de devolução. A empresa faz parte do seleto grupo dos unicórnios – termo utilizado para designar as startups que atingiram tal valor de mercado – e vale cerca de US$ 1 bilhão.

No Brasil, atualmente, existem pelo menos dez marcas em quatro capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre – com assinaturas que começam em R$ 50 mensais e chegam a R$ 550. A diferença varia de acordo com a quantidade de peças e o prazo para a devolução dos produtos. A escolha é feita on-line e, se quiser, o cliente pode pedir para os itens serem entregues em casa.

Com a assinatura mais básica é possível emprestar uma peça por vez e permanecer com ela por no máximo dez dias. Já nas versões mais caras, o consumidor tem direito a um número ilimitado de peças, mas só pode levar três itens de cada vez e tem o direito de guardá-los durante quatro semanas. Para a administradora de empresas Eduarda Ferraz, sócia da Clorent, uma das maiores do gênero em São Paulo, “as pessoas gostam porque é prático e econômico”.

Mas vale a pena para o consumidor final? Sim, especialmente para quem aprecia modelos da alta-costura. Por R$ 319, por exemplo, podem-se usar ao longo de um mês um vestido Valentino, um casaco Yves Saint Laurent, um macacão Rosa Chá, um blazer Iorane, uma calça Bobô e uma saia Gucci. Juntas, essas seis peças custariam cerca de R$ 14 ,7 mil. É possível também alugar apenas um item por vez. Mas, em geral, o aluguel unitário nessas empresas equivale em média a 15% do valor da roupa.

Dois dos grandes desafios do negócio são evitar a repetição dos modelos e executar a lavagem das roupas. A pioneira Rent the Runway mantém o próprio serviço de limpeza, com capacidade para lavar e secar 2 mil peças por hora. No Brasil, a lavanderia ainda é terceirizada.

“A moda compartilhada pegou porque tem um viés de sustentabilidade importantíssimo para a sociedade moderna — e os mais novos estão ligados no fim do desperdício”, diz a especialista em beleza e moda na Worth Global Style Network (WGSN), empresa de análise de tendências, Bruna Ortega.

Os homens que se interessarem pelo assunto, infelizmente, não poderão aderir ao serviço. Até o momento não existem empresas com ofertas ao público masculino — nem aqui nem nos Estados Unidos.

Com informações da revista Veja.

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