A indústria da construção civil, com participação de 4,5% no PIB brasileiro em 2018 (IBGE), está se preparando para uma retomada econômica. A tecnologia é uma das apostas do setor. Com o uso de softwares e equipamentos de inteligência artificial, é possível desenhar novos caminhos para o mercado imobiliário. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção, os lançamentos de imóveis residenciais cresceram 4,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo trimestre de 2018. No mesmo período, as vendas aumentaram 9,7%.
A empresa de tecnologia AZUBA é uma das empresas que desenvolve estas soluções. Desde 2010, a empresa trabalha com realidade virtual e aumentada, simulando detalhes de uma construção a partir do projeto. “As aplicações vão desde verificações em tamanho real dos setores e detalhes dos projetos, até deixar uma reunião de medição de obra com o cliente mais interativa, clara e lúdica”, explica Joel Stival, fundador da AZUBA.
Os projetos desenvolvidos pela empresa ajudam o cliente enxergar aquilo que até então só era visível no papel. Agora basta ter um smartphone ou óculos de simulação e o cliente visualiza o imóvel decorado e até a vista que terá da janela, por exemplo. “A realidade virtual e a aumentada são as ferramentas mais modernas para eliminar ou reduzir dúvidas que só serão percebidas durante a fase de execução de um projeto”, comenta Stival.
BIM na pauta estratégica
O Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção, em tradução livre para o português) reúne os detalhes e as informações de um projeto, contemplando os aspectos hidráulicos, elétricos, civis e arquitetônicos, e cria um modelo 3D da obra, muito mais próximo do resultado do que os protótipos 2D.
A partir de 2021, será obrigatório o uso da tecnologia BIM nos setores de construção civil e infraestrutura. A expectativa é de que, com esta tecnologia, o setor reduza os custos em até 20% e aumente em 10% a produtividade, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). “O BIM permite testar as soluções de um empreendimento antes de sua produção e possibilita a colaboração, já que requer um ambiente em que as decisões são tomadas em conjunto”, explica Alexia Gassenferth Motter, sócia-fundadora da Campestrini, empresa de inovação para a construção civil.
Para Alexia a ausência de processos mais digitais e de softwares para gestão de dados ainda são gargalos para o setor. “Identificamos a falta de dados de produção, especialmente na fase de construção, como um entrave para o desenvolvimento da indústria. Enquanto a construção não se digitalizar para gerir os dados e entender suas deficiências, não há como implantar inovações mais avançadas”, conclui.
Startups da construção
O ecossistema de inovação é o berço das construtechs. São elas que devem trazer automação aos processos por meio de aplicativos e pelo uso de câmeras de celulares. Para o professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, Fabiano Rogerio Corrêa, estas startups proporcionam muitos benefícios para a indústria. “Com as construtechs, haverá aumento da produtividade e da qualidade, redução de custos e de prazos, além da possibilidade de oferecer produtos diferenciados. Antes disso, é necessário promover uma mudança considerável no produto, na organização e nos processos, para que essas tecnologias possam dar os frutos esperados”, analisa o professor.
O Instituto Senai de Tecnologia em Construção Civil, em Ponta Grossa, pode auxiliar empresas e profissionais da construção civil. O gerente da unidade, Robson Gravena, explica que a unidade atua “desde a fase de projeto, com consultorias para implantação do BIM - Building Information Model, suporte para a cadeia produtiva de insumos e produtos por meio de desenvolvimento, melhoramento e acompanhamento do desempenho dos itens fornecidos; na fase de execução de obra, com consultorias e ensaios em tecnologias construtivas; e na fase de uso, com elaboração de manuais e orientações aos usuários”.
Com informações do G1.
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