Diversos estudos vêm sendo realizados com o objetivo de encontrar materiais sustentáveis que se apliquem na construção civil. Dentre os selecionados para avaliação está o bambu que, além de apresentar condições como baixo custo energético e geração de pouco resíduo em seu processamento, possui potencial de reduzir custos, oferece um nível de qualidade compatível ao das tecnologias convencionais e pode, inclusive, vir a colaborar na construção de habitações de interesse social.
Em todo o mundo existem pouco mais de 1.600 espécies e 120 gêneros descritos dessa gramínea que pertencente à subfamília Bambusoideae. Cerca de 250 espécies são nativas do Brasil, sendo a maioria nas regiões Sudeste e Norte, devido ao favorecimento do clima e áreas para o seu cultivo. Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), “uma das vantagens da plantação do bambu é o rápido crescimento dessa espécie e o fato de não haver necessidade de replantio. Se for feito o corte adequado, ele cresce novamente, convivendo com matas nativas e auxiliando na sua regeneração”.
Países como Colômbia, Peru, Equador, Indonésia e Índia utilizam mais o bambu em suas construções. Têm estruturas centenárias projetadas e executadas utilizando o bambu, que ainda são habitadas e não apresentam patologias estruturais consideráveis. O arquiteto colombiano Simón Vélez, por exemplo, criou na década de 1980 uma técnica de uso do bambu como elemento estrutural. Obras reconhecidas internacionalmente como o imponente pavilhão do Hotel do Frade, em Angra dos Reis (RJ), utilizam esta técnica.
Apesar de ser um material que possibilita o uso de diferentes formas e em conjunto com variados materiais – como concreto, tijolo, vidro, aço e biomateriais –, o bambu também apresenta limitações.
Aplicação, prós e contras
Em comparação aos outros materiais, o bambu é leve, apresentando ótima relação entre resistência e tração na direção de suas fibras. Sua massa específica, em comparação ao aço, por exemplo, possui resistência similar, mas sua densidade é 90% menor. Já em relação à resistência a compressão, apesar de ser menor, seu valor é satisfatório. O bambu é versátil e pode ser utilizado em várias formas na construção civil, destacando-se pela baixa energia consumida em sua produção, estabilidade, resistência e versatilidade.
O bambu tem inúmeras utilidades na construção civil. Pode ser utilizado em elementos estruturais como pilares e vigas, elementos de cobertura, fechamento de paredes e painéis de vedação, além de acabamentos de pisos, forros, portas e janelas. Quando combinado com o concreto, o material, em alguns casos, é considerado mais resistente que o próprio aço – devido à sua grande resistência à tração. O bambu, quando unido a outros materiais, consegue erguer de dois até sete pavimentos, proporcionando uma redução de custos de até 50% em obras estruturais.
Na arquitetura o bambu proporciona projetos arrojados merecendo a atenção da engenharia. Infelizmente, a falta de mão de obra qualificada, aqui no Brasil, ocasiona obras com um potencial de acabamento muito menor do que se poderia alcançar.
Por outro lado, os colmos de um mesmo feixe de bambu podem apresentar propriedades mecânicas diferentes, o que causa dificuldades no uso pela falta de padronização, assim como seu diâmetro e espessura. O teor de umidade e temperatura também podem causar mudanças em sua estrutura, como rachaduras que abrem espaço para o ataque de fungos. Por esse fato, faz-se necessário tratamentos preservativos para sua utilização.
Sua durabilidade está em torno de 15 anos dependendo do seu modo de armazenamento, espécie, plantio e condições climáticas. Porém, com devidos tratamentos, naturais ou químicos, sua durabilidade pode ser aumentada. O desconhecimento geral sobre o comportamento do bambu, faz com que o maior problema de sua utilização seja o preconceito associado as características de fraqueza e de baixo custo, fazendo com que ele seja muitas vezes escolhido apenas para construções de veraneio e detalhes arquitetônicos.
As espécies de bambus utilizados na construção civil devem alcançar uma altura de pelo menos 20 metros, mas somente algumas espécies apresentam características de resistência mecânica adequada para uso em estruturas. As espécies mais utilizadas para construção são: Dendrocalamus giganteus (bambu gigante), Dendrocalamus asper (bambu-dragão), Phyllostachys pubescens (bambu-mossô) e Guadua angustifolia (taquaruçu), que é a espécie mais empregada para estruturas devido à sua versatilidade, leveza, flexibilidade, resistência e fácil manuseio.
Com informações do site Dom Total.
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