Acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), se se concretizar, movimentará o setor de móveis brasileiros, que prevê alta de 20% nas exportações anuais para o velho continente. Por outro lado, a alta competitividade dos players europeus também preocupa indústrias brasileiras.
Em entrevista ao Jornal Diário Comércio Indústria & Serviços (DCI) a presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, Maristela Longhi, afirmou que “atualmente, as exportações dessa categoria de produtos brasileiros para a Europa ocorrem sob uma taxa de 25%. Acreditamos que, após a aprovação das autoridades de ambos os blocos, o aumento de fato das vendas externas para a Europa ocorra em três anos”.
Em 2017, dos R$ 553 milhões de móveis exportados, cerca de 22% (o que corresponde a R$ 121 milhões) foram destinados à União Europeia. No ano passado, dos R$ 633 milhões exportados, cerca de R$ 126 milhões (pouco menos de 20%) foram encomendas europeias. “As categorias de móveis que apresentam maior demanda para esses países são linhas de mobiliário de madeira para cozinha, salas de jantar e também de estar. Existe a tendência para que a indústria brasileira comece a produzir produtos mais compatíveis com o mercado europeu, que geralmente tem itens mais ‘arrojados’”, comentou Maristela.
Para atender as necessidades do mercado europeu, ela ressalta que essas indústrias devem entrar em um processo de diversificação do portfólio, mostrando-se mais versátil. Na opinião de Maristela, o mercado brasileiro tem como vantagem mão de obra mais barata e matéria-prima abundante. “Para o atendimento do mercado europeu, no entanto, as indústrias também devem começar a utilizar outros tipos de material para o acabamento desses móveis”, complementou.
De olho no mercado europeu
A empresa Móveis 3 Irmãos S/A está de olho nas oportunidades que o acordo pode gerar. O diretor, Márcio Froehner, explica que as vendas para o velho continente devem aumentar até 30% anualmente após o início efetivo do acordo e que o percentual de participação europeia dentro das exportações do negócio deva evoluir também. “Nossas projeções são muito positivas em relação a essa nova aliança entre os blocos. No entanto, temos consciência da alta tecnologia empregada nos processos de produção dos móveis europeus e como isso passa a ser um diferencial competitivo deles”, argumentou o executivo ao DCI.
Para ele, a aposta do negócio para concorrer com os produtos europeus é justamente a vantagem de trabalhar com madeira maciça, a qual o período de colheita é duas vezes mais rápido do que a madeira europeia. “Nosso foco atualmente é entender a demanda do consumidor dessa região, uma vez que as questões culturais e de design dos móveis são importantes para entrar nesse mercado”, declarou ele.
O executivo acredita que esse período de adaptação do design deve ser um processo relativamente “rápido”, o qual deve abrir portas para explorar novos nichos de mercado no mundo. “Em 2018, nosso faturamento foi de US$ 31 milhões. Para este ano, temos a expectativa de atingir uma receita de US$ 37 milhões”, detalhou.
Outra empresa do setor que vê oportunidade com o acordo é a Kappesberg, que tem foco em produtos de mobiliários mais populares. “A eliminação dessa alíquota de exportação deve abrir uma nova oportunidade para nosso negócio. O processo de automação da fábrica permitirá a produção de produtos mais sofisticados para atender classes sociais mais altas na Europa”, comentou o CEO do negócio, Celso Theisen.
O executivo acredita que o custo de mão de obra do mercado chinês, por exemplo, não tem demonstrado mais ser tão vantajoso para os europeus e, consequentemente, o Mercosul tem a chance de conquistar parte dessa demanda. “Nossa perspectiva de faturamento para este ano gira em torno de R$ 520 milhões. Do total de produtos produzidos, entre 15% e 18% são exportados. No entanto, temos a ambição de ampliar a atuação no mercado externo e elevar essa fatia para 25% pelo menos”, afirmou. Theisen também ressaltou que a diversificação de portfólio deve ajudar o negócio a aumentar esse percentual.
Com informações do DCI.
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