A Indústria 4.0 não tem apenas potencial para tornar a produção mais barata, sustentável e eficiente. Ela também deve fornecer melhores serviços e fazer com que o trabalho seja mais humano. Essa é a opinião de Daniel Buhr, professor na Universidade de Tubinga, na Alemanha, e chefe do Centro de Transferência Steinbeis para a Inovação Social e Tecnológica. Em entrevista à revista Indústria Brasileira, editada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), ele traz uma visão sobre os impactos da inovação no papel do trabalhador.
A Indústria 4.0 considera principalmente soluções tecnológicas, mas, de acordo com Buhr, são os seres humanos os protagonistas nos processos de inovação, atuando como co-criadores, produtores e usuários. "A chave é entender a Indústria 4.0 como a interação entre inovações técnicas e sociais. Tudo leva a uma questão muito filosófica: o que precisa ser feito para garantir que a inovação técnica também possa levar ao progresso social?", questiona.
O primeiro passo, segundo ele, são enormes investimentos que precisam ser feitos em infraestrutura e qualificação para se trabalhar num mundo digital. Algumas entidades, como o Senai-PR, oferecem cursos na área. É o caso do Curso Técnico em TECH IT, que capacita os participantes a desenvolver soluções tecnológicas, seguindo normas e padrão de qualidade, usabilidade, integridade e segurança da informação.
No futuro, todas as etapas da produção - as pessoas, as coisas, os processos, os serviços e os dados - estarão interligados em rede, e, no centro desse processo, estarão objetos inteligentes equipados com sensores, com QR Code e chips RFID (Identificação por Radiofrequência). Esse conjunto permite que as fábricas sejam inteligentes e que toda a cadeia esteja interligada, desde o desenvolvimento do produto até o atendimento ao cliente. "É assim que, no futuro, todas as informações relevantes estarão disponíveis tanto para seres humanos e máquinas como para clientes e parceiros de negócios. Então, os recursos serão usados com mais eficiência e as empresas produzirão melhor", avalia Buhr.
No Brasil, o professor acredita que a Indústria 4.0 vai impactar alguns trabalhos que exigem qualificação de nível médio. Por outro lado, funções abaixo ou superiores que são menos automatizáveis e profissões baseadas em experiência e interação ganhariam maior relevância. "É aqui que podemos esperar que surjam campos de trabalho completamente novos, como cientistas de dados, arquitetos de nuvem e analistas de segurança", explica.
Com informações da revista Indústria Brasileira e Senai-PR.