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A preocupação com a saúde, bem-estar e longevidade já é uma realidade. Esse novo perfil de consumo está causando grande movimentação econômica, motivada pela população que escolhe uma alimentação mais saudável, e também influencia o segmento de alimentos para fins especiais. Segundo projeção da Euromonitor, o mercado de alimentos saudáveis - que contempla produtos livres de glúten ou lactose, com ingredientes não saudáveis reduzidos ou suprimidos, suplementos, orgânicos e com características saudáveis - deve ter movimentado pouco mais de R$ 60 bilhões em 2018.

Esses números são reflexo do comportamento brasileiro que vem mudando. Segundo dados do Ministério da Saúde (Vigitel, de 2017), após seguidos anos de crescimento, houve uma estagnação na prevalência da obesidade e excesso de peso nas capitais brasileiras e os consumidores passaram a demonstrar hábitos mais saudáveis. Apesar de mais da metade da população brasileira apresentar excesso de peso (54%), a prática de atividade física aumentou 24,1% (de 2009 a 2017), o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu 4,8% (de 2008 a 2017) e o de refrigerantes e bebidas açucaradas diminuiu 52,8% (de 2007 a 2017).

Alimentos funcionais

A preocupação com a qualidade de vida chegou à alimentação, isso influenciou diretamente o segmento de alimentos funcionais, que a cada dia ganham a preferência dos consumidores. Foi pensando nisso que o engenheiro de alimentos Alisson Sato decidiu, orientado pelo conteúdo da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Roadmap Agroalimentar 2015, arriscar em novos mercados com a sua marca: Qualinova.  Sato desenvolveu o colágeno líquido, bebida que atua na firmeza da pele e fortalecimento de cabelos e unhas.

"As pessoas estão tomando consciência de que não basta a gente ter uma vida corrida e qualquer alimentação. É preciso ter uma suplementação e não adianta tentar resolver os problemas com remédio somente. Alimentação para fins especiais é uma forma de prevenção e de consciência da nutrição e da saúde. Isso ajuda a dar qualidade de vida e longevidade", afirma Sato.

Hoje o colágeno líquido é o carro-chefe da empresa, que tem sede em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. "É um produto com valor agregado, uma solução que o consumidor percebe resultado e que apresenta inovação também na questão da distribuição. Por ser leve, permite fácil comercialização para qualquer lugar. Vendemos para o Brasil inteiro e estamos iniciando uma parceria com uma importadora do Paraguai", comenta o empresário. 

Outras iniciativas podem ser destacadas como o Programa Selo Alimentos do Paraná, que tem uma categoria de empresas de alimentos funcionais. Realizado pelo Sebrae/PR, em parceria com a Fecomércio PR, Fiep, Associação Paranaense de Supermercados (Apras) e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o Programa objetiva a melhoria de processos produtivos, aprimoramento da qualidade e boas práticas de gestão em empreendimentos de micro e pequeno porte do segmento de alimentos e bebidas, dentro do Modelo de Excelência da Gestão (MEG), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). Todo o processo tem como avaliador o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar)

Alimentos para fins especiais

Esse novo perfil de consumo tem trazido grande movimentação econômica, não somente pela população que escolhe uma alimentação mais saudável, mas também no segmento de alimentos para fins especiais pela população que necessita, por questões de saúde, de uma alimentação restrita em algum tipo de nutriente e também por aqueles que possuem intolerância ou doença relacionada a ingestão de algum componente/ingrediente do alimento, como: açúcar, glúten, lactose, albumina, ovos, leite, amendoim, crustáceos, etc.

Para Ana Claudia Cendofanti, presidente da Associação de Celíacos do Paraná (Acelpar), as principais causas do aumento da procura desses produtos foram: "O crescimento do número de diagnósticos de celíacos, das pessoas que possuem sensibilidade não celíaca ao glúten (SNCG), dermatite herpetiforme e alergia ao trigo. Além disso, muitas pessoas estão fazendo dieta com restrição ao glúten, pois se sentem melhores".  Dados da OMS indicam que 1% da população é celíaca e 8% possuem SNCG. Além disso em boa parte das famílias a presença dessas doenças em um familiar faz com que a família passe a não adquirir mais produtos com glúten para evitar a contaminação cruzada no ambiente familiar.

A quantidade de empresas voltadas à produção de alimentos sem glúten, ainda é pequena, mas vem crescendo, nos últimos anos, tanto no Estado quanto no resto do País. Algumas grandes empresas passaram a oferecer produtos adaptados a estes consumidores. "Empresas como a Amafil, Vitao, Jasmine, passaram a produzir farinhas sem glúten, pães, biscoitos entre outros alimentos. Outro fator que fez com que a oferta de produtos especiais aumentasse no mercado foi o crescimento da oferta de produtos importados", comenta Ana Claudia.

Ana Claudia explica que a produção de alimentos sem glúten envolve, às vezes, mais matérias primas tais como: goma xantana, CMC e farinhas específicas, e isso acaba encarecendo a produção. "Há que se ter um cuidado especial com a contaminação cruzada por glúten e isso exige segurança da matéria-prima, não permitindo a compra de distribuidores que processam glúten em suas instalações. Alguns itens, como macarrão, a base de arroz, podem ser encontrados hoje por preço acessível", comenta.  Mesmo com mais oferta no mercado o valor do produto ainda é elevado.

Em 2016 foi criado, no Paraná, o selo "Sem Glúten", a ser conferido, em caráter voluntario,  a restaurantes, bares e similares que que forneçam refeições sem glúten em sua composição. A Vigilância Sanitária e a Acelpar elaboraram a regulamentação, deste selo porém desde 2017 aguarda a sanção do governador.

A Acelpar tem em sua equipe profissionais qualificados para auxiliar as empresas que tenham interesse em produzir alimentos aptos aos celíacos e pode ser contactada pelo e-mail acelpar@gmail.com.

O próximo passo, contido no Roadmap Agroalimentar 2031, é a evolução para uma certificação que possa ser conferida a produtores e fornecedores de ingredientes desses alimentos.

Indústrias prontas para a demanda

Desde o início do processo de articulação do Roadmap Agroalimentar 2015 (publicação do 1º Ciclo de Prospectiva Estratégica no Paraná) realizada e conduzida pelo Observatório em 2011, até então, percebeu-se um aumento significativo no número de novas empresas dedicadas à produção desses alimentos, na quantidade de novas linhas de produtos de marcas já estabelecidas, e, ainda, no número de pesquisas nas universidades, instituições e eventos relacionados à temática.

A equipe técnica do Observatório Sistema Fiep, destaca que o Grupo de Trabalho - Alimentos Funcionais e Para Fins Especiais realizou seis edições do Mini Fórum dedicado a esta temática em diferentes regiões do estado entre os anos de 2012 e 2016 e "através deles foi possível a criação de uma rede aberta de profissionais e instituições interessada no desenvolvimento de pesquisas e de novos negócios e adensamento de cadeias produtivas em alimentos funcionais e para fins especiais".

Estimular e diagnosticar desafios e oportunidades para as empresas que atendem a estas novas demandas faz parte das visões de futuro do nova Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Roadmap Agroalimentar 2031, estudo elaborado pelo Observatório Sistema Fiep com a participação de representantes de empresas, governo, meio acadêmico e terceiro setor.

O documento, publicado no fim de 2018, apresenta as visões de futuro, fatores críticos de sucesso, ações a curto, médio e longo prazos, bem como tendências e tecnologias-chave para o setor. "São muitos desafios, mas também muitas oportunidades que as indústrias do setor têm pela frente", comenta Ariane Hinça Schneider, coordenadora do Observatório Sistema Fiep.

Os desafios para concretização da visão de futuro "Referência no desenvolvimento de alimentos funcionais e de alimentos para fins especiais" estão descritos no conjunto de 85 ações a serem implementadas em curto, médio e longo prazos.

A reflexão coletiva sobre as barreiras culminou na identificação de quatro fatores críticos de sucesso para essa visão, sendo eles: Comunicação e Marketing; PD&I; Políticas Públicas e Recursos Humanos, o trabalho está fundamentado nas interdependências dos temas.Também podemos acrescentar a necessidade de avançar o alinhamento com as tendências e tecnologias-chave mapeadas para esta visão de futuro, como: Alimentação Personalizada; Biotecnologia; Embalagens Ativas e Inteligentes; Encapsulamento de Ativos; Novas Tecnologias de Envase; Novos Comportamentos de Consumo; Selos e Certificações; Tecnologias de Extração; Tecnologias de Rastreabilidade e Testes Rápidos de Alérgenos.

Para conferir o documento completo da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Agroalimentar 2031, acesse:  https://www.fiepr.org.br/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/observatorios/FreeComponent33632content381626.shtml

Com informações do Ministério da Saúde, Mintel e Observatório Sistema Fiep.

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