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O Brasil é uma das grandes potências agrícolas. E em um mundo com maior necessidade de produção de alimentos, é a eficiência amparada na ciência que permite produzir mais alimentos com menos água e sem a necessidade de desmatar.

O futuro do planeta depende da produção mais sustentável de alimento para uma população crescente. "O problema é que existe um limite. Não dá para usar toda a área disponível de terra. Vamos precisar aumentar em 60% a produção por unidade de área. É preciso preservar as florestas, não desmatar, para termos água e um planeta minimamente habitável", avalia Paulo Arruda, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Arruda ressalta que a eficiência na produção agrícola depende de dois vetores: manejo e genética. "Manejo envolve condições de solo, clima e como utilizar recursos para combater pragas. Já a genética, também por meio das pesquisas científicas, da genômica e do melhoramento genético desenvolve as variedades mais produtivas adaptadas às diferentes regiões e condições climáticas", explica.

Manejo integrado

Além da pesquisa genética, há também as técnicas de manejo integrado, que podem ser feitas a partir do uso de agrotóxicos e com outras técnicas, como o uso de feromônios (substâncias químicas para atrair pragas em lavouras), ou de insetos e microrganismos que atuam como inimigos naturais de uma determinada praga.

O professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq - USP), José Roberto Postali Parra, explica que o manejo integrado de pragas é um conjunto de medidas que, além de levar em conta os critérios econômicos, também considera questões ecológicas e sociais. "A medida que chama mais atenção são os produtos químicos, exatamente porque causam, se aplicados de forma indiscriminada, problemas como intoxicação para quem aplicou, resíduos nos alimentos, na água e no solo", analisou Parra.

Ele explica que o controle biológico de pragas visa a reduzir ou até eliminar ao agroquímicos, embora em alguns casos seja necessária a combinação de métodos, principalmente quando se trata de grandes extensões rurais, comuns na agricultura brasileira.

"Temos o problema de o Brasil ser um grande líder no uso de produtos químicos. Porém, o custo da síntese de uma molécula de um inseticida está na ordem US$ 350 milhões e é muito difícil fazer uma nova molécula atendendo às exigências da sociedade de que os alimentos não tenham resíduos de produtos químicos. Então, o controle biológico tem muita chance de entrar nesse cenário", disse Parra. "Muitas vezes o agricultor acha que o controle biológico não funciona, simplesmente por não conhecer ou estar muito habituado ao uso de químicos. Com o tempo vamos quebrando essa crença e mostrando bons resultados", conclui.

Mercado

Há ainda uma diferença enorme entre o investimento em químicos e biológicos. Parra mostrou em sua apresentação que, enquanto nos agroquímicos o investimento é de US$ 58,5 bilhões por ano, o de controle biológico fica em apenas US$ 3 bilhões.

"O Brasil é líder em agricultura tropical e tem tudo para ser também líder mundial em controle biológico. Temos liderança em pesquisa agropecuária desenvolvida nos últimos 40 anos. Porém, temos de pensar no grande desafio que é buscar fazer o controle biológico na região tropical", disse.

Com informações da Agência Fapesp.

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